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terça-feira, 22 de maio de 2012

Não me tire o que você não me pode dar...



Lìdia Sendin

Conta-se que na Grécia antiga um pensador chamado *Diógenes (400 a.C), cansado da ignorância e falsidade dos homens e já desiludido com eles, resolveu morar num barril para chamar a atenção para o estilo de vida bastante impróprio e artificial dos homens gregos. Sua história mais conhecida é a de uma suposta visita de Alexandre, o Grande, famoso conquistador, que querendo saber o que poderia fazer por ele, postou-se em frente do barril que lhe servia de casa, ao que o sábio respondeu: “Pode sair da minha frente e parar de obstruir o sol, não me tire o que você não pode me dar”.

Alexandre apresentou-se tentando demagogicamente oferecer alguma vantagem, mas só conseguiu tirar a única coisa que Diógenes tinha no momento, a luz do sol.

Há, pois, que ter muito cuidado quando se tiram esperanças, ilusões ou fé já consolidada de corações ansiosos, sem ter nada pra colocar no lugar. Tiramos a imaginação, as brincadeiras da vida das crianças, tiramos a fé das almas e damos a dureza do mercantilismo, trocando carinho por brinquedos e vendendo ao fiel sua salvação, numa volta anacrônica às indulgências do passado.

Na natureza, o homem sabe bem destruir, mas não é capaz de colocar nada semelhante no lugar, obstruindo, tal qual Alexandre, o sol com poluição desmedida.

Está muito difícil encontrarmos entre os homens de hoje alguém que revoltado com a ignorância, a falsidade e a corrupção, descubra uma forma irreverente de mostrar seu desagrado.

Também é atribuída a esse mesmo Diógenes a procura pelo verdadeiro homem, para isso ele andava pelas ruas com uma lamparina acesa, para espanto de todos, em pleno dia. Pelo que se sabe ele nunca o encontrou... e a humanidade continua procurando... Haja lamparina!

*Diógenes de Sínope (400 a.C a 324 a.C) escola filosófica do cinismo, ou “Kynikos”, como um cão, segundo Stephen Law em Filosofia, pg 250.

Um comentário:

  1. Maria de Fátima Rodrigues23 de maio de 2012 às 09:54

    Parabéns LIDIA... um texto relevante. É verdade, nem mesmo os irreverentes estão encontrando uma forma de demonstrarem seu desagrado!

    beijos

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