Ludovico da Silva
Não são poucos os casais que guardam nos tempos de convívio objetos recebidos como lembranças de seu matrimônio. Trata-se de uma data que fica marcada pelos restos dos anos, aqueles que têm a felicidade de uma convivência sadia, de compreensão mútua, superando os percalços naturais de uma vida em comum que pode superar décadas.
Que casal não tem um álbum de fotografias que registra aqueles momentos de rara emoção! Sobretudo a noiva, sempre a mais bonita de todas, nos passos lentos, distribuindo sorrisos para os olhares que se multiplicam tantos são os convidados à sua espera, enquanto o noivo nas escadarias do altar transpira um sentimento de felicidade. Que noiva esquece os sons da marcha nupcial que soa suave pelos quatro cantos da igreja e fogem pelas brechas das portas e janelas e se perdem nos ares levada pelos ventos de bons augúrios? É bem verdade que as fotos, sempre bem guardadas, acabam por provocar uma saudade que não evita algumas lágrimas escorregarem silenciosas pelo rosto, às vezes, coroado pelos efeitos dos tempos. São registros saudosos, freqüentemente lembrados na presença dos filhos que completam a felicidade dos pais ao longo dos anos.
As fotos do casamento marcam um momento muito particular que também fica perpetuado na memória do casal. Mas há outros motivos e fatos para serem relembrados num tempo futuro.
No retorno às atividades normais, o casal tem que dar um jeito nos presentes recebidos por ocasião das bodas. É preciso colocar tudo em ordem. Cada um no seu lugar, separando os chamados “trens” de cozinha que serão usados diariamente. Pratos, panelas, jogos de xícaras, talheres e outros. Naturalmente, somados aos recebidos pela noiva no chá de cozinha, como guardanapos, toalhas, materiais e objetos de limpeza. São os chamados materiais de consumo, pois o estoque terá que ser reposto na medida das necessidades.
Por outro lado, há que se dar um tratamento especial aos presentes duráveis. Jogos de cristal, chá e café que se destacam com fios de ouro em suas bordas terão um lugar em móvel apropriado. Objetos de arte, como quadros e pratos pintados com toda delicadeza por um parente próximo, terão uma atenção particular e, em razão do seu valor sentimental, colocados em local bem seguro.
É uma pena, mas, embora todo o cuidado seja dado a esses objetos, é bem provável que durante a limpeza, necessária de tempo em tempo, alguns deles sofram uma queda e se despedacem no chão, principalmente com maridos descuidados, que normalmente dão uma mãozinha à consorte nessas oportunidades. Mesmo com compreensão mútua do casal, é um momento de tristeza.
Mas o tempo passa tão depressa e quando o casal se assusta já comemorou bodas de prata, de ouro e até diamante. A família, grande ou pequena, está criada. Cada filho tomou rumo na vida e daí não resta mais nada ao velho casal, senão passar um filme de todo esse tempo decorrido. Aí é que vêm as lembranças de casamento. Fotos e presentes trazem recordações que nunca se esquecem. O casal troca olhares e sempre algumas lágrimas quentes teimam em escorrer pelo rosto. Nessa hora, só mesmo um abraço bem apertado que a emoção provoca por uma vida de convivência feliz.
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