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quinta-feira, 16 de junho de 2011
FÉ
Adenize Maria Costa
Se tem uma graça que peço diariamente a Deus é o dom da fé.
Não dá pra saber se minha fé é grande, pequena, se tenho muita ou pouca... Interessante é que Deus se utiliza das outras pessoas para que eu aprenda a respeito desse dom e o queira cada vez mais.
Essa história de Dona Nazaré é igual a outras tantas e me ensinou muito a respeito da Fé:
Dona Nazaré tinha três filhos. O mais velho e a filha já são casados têm filhos e levam a vida, como todos nós, com muito trabalho, algumas dificuldades, mas com esperança de dias melhores... O filho caçula, infelizmente, perdeu a esperança na vida. Ninguém, e nem mesmo Dona Nazaré sabia por que.
Dona Nazaré, muito religiosa, uma pessoa muito boa e caridosa, criou os filhos com o mesmo amor. Mas o filho caçula se perdeu no mundo das drogas.
Penso que nenhuma mãe merece essa desgraça... Nenhuma mãe merece ver o filho nessa situação, a margem da vida, a margem da sociedade...
Dona Nazaré sofria, mas nunca desistiu desse filho, mesmo sabendo que a batalha era difícil... Ainda assim não deixou de sorrir e nem ficava chorando pelos cantos a sua dor. Rezava o rosário diariamente, em horários fracionados: às seis da manhã, ao meio-dia e às seis horas da tarde. Não perdia uma missa na comunidade.
Quando um dos filhos mais velhos reclamava do irmão, ela retrucava com autoridade:
”Não fale assim! É seu irmão e eu já entreguei ele à Deus e à Nossa Senhora e que seja feita a vontade de Deus”.
Nessa fé e nessa esperança passaram os meses e passaram-se os anos... Uma noite o pior aconteceu... O filho mais novo de Dona Nazaré fora assassinato por causa de uma divida. Os dois filhos mais velhos receberam a notícia quase que ao mesmo tempo, ficaram apavorados, mas resolveram não contar imediatamente para a mãe. Optaram por deixar pra dar a notícia assim que o dia clareasse, dessa forma seria poupada do cansaço, porque certamente passaria a noite toda no velório, sentada, chorando a morte do filho.
E assim foi feito. Quando, na manhã seguinte o filho mais velho foi falar com Dona Nazaré, já a encontrou em pé porque estava se preparando para rezar o terço das seis horas. Quando viu o filho chegando, Dona Nazaré sentiu como um arrepio o percorrer-lhe todo o corpo. Abriu a porta, olhou nos olhos do filho e sabia que havia muita dor ali, o abraçou e choraram juntos por uns dez minutos. Logo em seguida pediu ao filho que esperasse mais um pouco que iria se aprontar e que agora de nada adiantaria ter pressa.
A essa altura o telefone da casa começou a tocar, quase que sem parar, eram os familiares querendo saber como Dona Nazaré estava e ela mesma atendia aos telefonemas e consolava as pessoas.
Perto das nove horas, Dona Nazaré chegou ao velório de seu filho. Aproximou-se do caixão, fez um carinho no rosto do filho morto e chorou silenciosamente. Todos os que lá estavam, ficaram preocupados em Dona Nazaré sentir-se mal, desmaiar, ou gritar a plenos pulmões por causa da dor que sofria naquela hora.
Para a surpresa de muitos e espanto de outros, assim que conseguiu conter as lágrimas, Dona Nazaré olhou ao redor e disse, com serenidade: “Hoje sinto um vazio aqui” colocando a mão no ventre. E levando a mão na altura do coração disse: ” E aqui parece que me foi arrancado. Agradeço a cada um de vocês que estão aqui para dividir comigo um pouco dessa dor”.
Todos choravam em silêncio. Dona Nazaré levou a mão no bolso de sua blusinha de lã, pegou o terço e começou: “ Eu creio em Deus, Pai, Todo Poderoso. Criador do céu e da terra...”
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Um comentário:
Linda essa crônica, emocionante! Destaco uma frase:
“Interessante é que Deus se utiliza das outras pessoas para que eu aprenda a respeito desse dom e o queira cada vez mais”. Verdade absoluta, um abraço. Ivana.
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