As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sábado, 25 de junho de 2011

Espaço Poesia - SILÊNCIOS

SILÊNCIO
Newman Ribeiro Simões


Silêncio
é a metáfora escondida
no verso.


MIGUEL ANGELO


na Pietà
o silêncio
do mármore
comunica
a dor


HAICAI
Francismar Prestes Leal


Breve silêncio...
O telefone toca,
Ansiedade volta.


SILÊNCIOS QUE CURAM
Carmen Maria da S.F Pilotto


Noite límpida
de lua esplendorosa
acalenta minha mente
sedenta de contemplações


Lá fora, o ruído contemporâneo
ensurdece o homem urbano
que negou a sua própria alma
a possibilidade de sonhar...


OUVIR SILÊNCIOS
Ivana Maria França de Negri


A polifonia flui
em todas as coisas
desde o raiar dos tempos


Águas rasgam-se nos vãos das rochas
e discursam caladas


O vento sussurra
na mansidão das campinas
e eleva-se pelas colinas


Florestas rogam por socorro
sob o jugo do machado
e da serra inclemente


Bocas amordaçadas,
gargantas cortadas,
anseiam pelo grito de liberdade
que jamais ecoará


Enquanto olhos esbugalhados
desprovidos de palavras
fazem sermão eloquente


Silêncios voláteis
falam sob as tumbas
ressoam pelos umbrais
e nas torres das catedrais


Nas masmorras,
nos porões,
vozes emudecidas
imploram por suas vidas


Tudo fala
tudo berra
tudo grita
Mas só uns poucos eleitos
têm ouvidos de ouvir silêncios...


SILÊNCIO
Patrícia Neme


No canto do silêncio há dores tantas,
gemidos, desespero, desamor...
E o pranto, que vagueia nas gargantas
dos que, sequer de um pão, sentem sabor.


De quem não conheceu mãos meigas, santas,
no gestual que à alma traz calor;
e deu-se às vãs mentiras... Muitas... Quantas...
Que mostram ser loucura amar o amor.


No canto do silêncio... Quem o escuta?
Quem ouve o sussurrar da humana luta?
Quem ouve o genocídio, o medo, a guerra?


Quem ouve a sombra triste que há no rio
e escuta os animais, com fome e frio?
Canta o silêncio... E implora: paz na terra!


BRUMAS DO SILÊNCIO
Gisele F. da Silva


Nas brumas do silêncio, vi o rosto teu.
Bem definido em seus traços sutis e, ao mesmo tempo fortes.
Carregavas consigo, a bonança no olhar e um sorriso pacífico.
Devaneios e delírios de uma tarde sem sentido, e num ambiente de intensa luminosidade, um relicário diamante dependurava-se em um dos supercílios.
Naquele horizonte um sopro de intenso gozo, vertiginou os pensamentos angustiantes para bem longe, distante de casa.
E, feito bruma, tua imagem se apagou como o passar do tempo, restando apenas o silêncio, de um belo sonho que findou.


SILÊNCIO
Dirce Ramos de Lima


Teus lábios nunca disseram
Palavras de amor...
Tens em todos os gestos
Um melancólico silêncio
Que também às vezes me entristece
Quando sorris.
É teu sorriso
A única resposta para meus anseios


És todo feito de silêncio
Porém
É ao teu lado que vibro e canto,
Como se todo o teu ser
Emanasse luz de vida,
Luz de amor,
Luz de paixão!


Não falas!
Sozinha imagino
Todas as palavras que quero ouvir,
E se, carinhosamente,
Meu rosto junto ao teu peito escondo
Ouço um coração que ruidosamente bate,
E, ouvindo-o, suponho
Que adivinhando meus mudos desejos
Num mútuo silêncio
Teu coração ao meu
Palavras de amor vem repetir
E então
Ouço tudo o que quisera ouvir...


SINOS SILENTES
Lino Vitti


Sinos madrugadores, onde estais?
Que é feito dos badalos cristalinos,
mandando para além sublimes hinos,
convites religiosos ou sociais?


O silêncio baniu-vos, já não mais
vos ouço badalar brados divinos.
Morrestes como todos os destinos,
é por isso que, agora, vos calais?


Ao vir do sol, ao despedir do ocaso,
tanger das torres era encanto até
(nessas saudades a minha alma abraso).


Os sinos estão mudos mas por que é?
Estão mortos os sinos por acaso,
ou estaria morta a nossa Fé?


SILÊNCIO
Jaime Leitão


Preciso de um grito
para reforçar o silêncio.
Para revitalizá-lo.


SILÊNCIO
Maria Cecília Machado Bonachella


Tédio antecipado
vazio enorme.
O Silêncio dorme
dentro e fora
do ser.


Sobre todas as cousas,
naturezas vivas,
mortas e semi-mortas,
o Silêncio dorme.
E o Silêncio tem sentido, conforme
a posição da cousa
na qual ele dorme.


Dentro de um grão pequenino
o Silêncio é um menino
que dorme tranqüilo
sonhando um destino.


Dentro de um mar enorme
ele dorme
embalado pelo
marulhar uniforme
de uma orquestra
bem regida.


Dentro do peito incansável
do poeta
que interpreta
com grande virtude
- a quietude –
ele deveria dormir
toda a vida...



Um comentário:

Anônimo disse...

È assim mesmo, muitas vezes o silêncio é mais comovente do que as palavras.
E, cada qual , guarda em seu coração seu silencio preferido...



Dirc e Ramos de Lima