Cassio Camilo Almeida de Negri
A noite de quinta feira passada, fria e chuvosa, parecia uma típica noite londrina.
Querendo aproveitar a oportunidade para usar um sobretudo alemão, que raríssimas vezes saiu do guarda roupa aqui no Brasil, convido minha esposa a dar um passeio no Shopping Center.
Olhamos algumas lojas e ao passarmos pela livraria, o cheiro aconchegante de café misturado com odor de livros novos nos convidou a entrarmos.
Tomamos um café com sabor de canela e no corredor de saída, dois olhos duros e penetrantes me fuzilaram, chamando minha atenção.
Era um pequeno livro da editora Martim Claret, intitulado “Hitler,por ele mesmo”.
Ao folheá-lo, deparo-me com uma frase do autor que despertou minha curiosidade:
-“Acredito que estou agindo de acordo com o Criador Todo Poderoso”.
Compro o impresso e chegando em casa passo a ler, querendo com isso fazer o meu próprio julgamento histórico, já que a maioria dos livros sobre esse personagem foram escritos pelos vencedores da guerra.
Até agora, acho que os leitores e ouvintes deste texto estão pensando:
- “O que Hitler tem a ver com o dia dos namorados?” É que um trecho logo no início do livro diz que o exterminador de judeus na juventude se apaixonara pela bela Stephanie, mas jamais conseguira trocar com ela uma só palavra. Na época, o Fuhrer passava os dias lendo, as noites no teatro da ópera, exaltando-se com as musicas de Wagner e em tardes de espera para obter um olhar de Stephanie.
Imagino então se a flecha do Amor tivesse atingido os dois.
Nas frias noites de Viena, de mãos dadas, trocando juras de amor, ao som das valsas vienenses, teriam se preocupado com o que um ia dar ao outro no dia dos namorados.Talvez Hitler tivesse trocado o ódio pelo amor.
Mais de cinquenta milhões de pessoas não teriam morrido e outros tantos milhões não teriam sofrido durante a segunda guerra mundial.
Penso então que o namoro e o amor podem mudar o mundo e mesmo uma noite fria torna-se quente, quando se está enamorado.
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