Lidia Sendin
O senhor de terno escuro, parado em frente à Igreja, colocou nervosamente a mão no bolso, tirou o lenço dobrado e passou pela testa, segurou com força a mão da elegante senhora ao seu lado e suspirou.
Dos olhos dela uma lágrima teimosa foi retirada disfarçadamente.
Levantaram as mãos ao mesmo tempo, como se tivessem combinado o adeus derradeiro, procurando nos olhos do outro algum conforto.
Vagarosamente desceram as escadas e entraram no carro. Ficaram ali parados, procurando o que dizer, perturbados com o próprio silêncio.
O que se pode dizer quando uma filha parte? Que um pedaço de nós foi arrancado, ficando um buraco cheio de saudade, rodeado de uma absurda carência de sua presença.
O sisudo senhor passou a mão com carinho nos cabelos da mulher: - é apenas uma viagem, ela voltará em breve, disse como consolo.
Mas no coração dela a saudade já era imensa, Uma saudade que não era de agora, uma saudade de um bebê para amamentar, de uma menina para fazer tranças, de uma adolescente graciosa e rebelde, mas tão encantadora, que jamais deveria ter ser substituída pela jovem senhora que partia agora para viagem de Lua de Mel.
Um comentário:
Que lindo, Lídia!
Ainda bem que a vida dá de presente os netos para repetir tudo de novo!
abraço
Ivana
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