A CASA ONDE NASCI
Esther Vacchi Passos
Foi naquela casa estilo antigo e simples, mas confortável, que nasci e vivi até me casar.
Fogão de lenha, comida gostosa e bem quentinha, no café da manhã manteiga com bengala ou pão avião fresquinho que o padeiro trazia de madrugada na carroça, e deixava na cesta no portão. Tinha polenta tostada na chapa, bolacha de nata, crustoles, café e leite à vontade no caldeirão.
Em frente à casa, um jardim com flores que atraía borboletas coloridas, quintal grande onde eu brincava com meus irmãos e o cachorro Juli que sempre acompanhava as brincadeiras. Na mangueira, um balanço feito de pneu e corda. A jabuticabeira carregada onde subíamos no galho mais alto para saborear os frutos negros e doces.
Nos fundos da casa, um grande rancho onde guardávamos o carrinho com frutas, o paiol com milho, moenda de cana, ferramentas e outros pertences. O poço com água fresquinha e adocicada ao lado o tanque onde mamãe lavava roupas com sabão em pedra feito no tacho, estendendo-as em seguida ao sol para deixá-las branquinhas.
No galinheiro, muitas galinhas e ovos caipiras à vontade, o galo sempre presente com seu canto vibrante.
No pasto o burro e a mula sempre dispostos a trabalhar no arado e no carrinho para levar as frutas no mercado municipal, sempre fresquinhas e saborosas, colhidas no dia.
À noite reunidos, papai contava histórias engraçadas e riamos muito, e depois da oração costumeira, pedíamos a bênção aos pais para dormir.
Foi uma infância saudável, simples, mas feliz com a família. O tempo passou e mudei de lugar. Hoje tenho a minha família que construí com muito amor.
Só que aquele recanto onde nasci, cresci e vivi com meus pais e irmãos, hoje está apenas na minha recordação, com saudades!
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