O PROFESSOR
Cassio Camilo Almeida de Negri
Às seis horas da manhã, o velho professor levantava, comia o pão com manteiga e café com leite, tomava seu banho com sabonete Phebo, fazia a barba com o aparelho Gilette, com aquelas lâminas que cortavam dos dois lados, vestia o terno surrado e ia à pé em direção a escola.
Em seu rastro deixava um cheiro antigo de água velva.
Sentava só, na sala dos professores, a mente mergulhada no passado, e assim ficava, pensando em tempos antigos .
Quantos garotos passaram por suas mãos, hoje cidadãos formados, médicos, advogados, prefeitos e até deputados, que ajudara a formar na escola pública.
Agora, ali, sentado só pensava nos atuais garotos, futuros cidadãos.
Seus olhos marejaram quando lembrou que dali a alguns segundos, teria que trespassar o portal da classe e enfrentar aquela turba semi ensandecida.
Lembrou-se do soco no rosto que recebera de um aluno, e apesar de irem à delegacia de policia, este dissera ter sido sem querer e nem sequer pagou os óculos que ficaram moídos.
Pior era ter que enfrentar o seu olhar nos corredores, apesar de terem colocado o adolescente em outra classe.
Sentia-se um derrotado, pois nunca mais, há muitos anos, conseguira ter um atual aluno seu em faculdade ou profissão de renome.
Percebia suas sementes semeadas nas pedras.
Mas, sua aposentadoria estava próxima, iria enfim, livrar-se de tudo isso.
A saudade apertava mais o coração, quando recordava tempos em que lia nos jornais os resultados dos vestibulares exibindo nomes de vários seus ex-alunos. Hoje, não vê nas listas nenhum nome de seus alunos.
Seu coração foi sendo apertado, apertado, até que o enfarte aliviou-lhe tal desgosto.
Quando abriu os olhos, estes se encheram de lágrimas, ao deparar com a face sorridente do famoso cirurgião que o havia operado, exclamando:
-Meu professor está de volta!
Era o mesmo semblante do menino de treze anos, que um dia fora engraxate na praça da matriz, e seu antigo aluno.
Sorriu feliz. A vida valera a pena.
Cassio Camilo Almeida de Negri
Às seis horas da manhã, o velho professor levantava, comia o pão com manteiga e café com leite, tomava seu banho com sabonete Phebo, fazia a barba com o aparelho Gilette, com aquelas lâminas que cortavam dos dois lados, vestia o terno surrado e ia à pé em direção a escola.
Em seu rastro deixava um cheiro antigo de água velva.
Sentava só, na sala dos professores, a mente mergulhada no passado, e assim ficava, pensando em tempos antigos .
Quantos garotos passaram por suas mãos, hoje cidadãos formados, médicos, advogados, prefeitos e até deputados, que ajudara a formar na escola pública.
Agora, ali, sentado só pensava nos atuais garotos, futuros cidadãos.
Seus olhos marejaram quando lembrou que dali a alguns segundos, teria que trespassar o portal da classe e enfrentar aquela turba semi ensandecida.
Lembrou-se do soco no rosto que recebera de um aluno, e apesar de irem à delegacia de policia, este dissera ter sido sem querer e nem sequer pagou os óculos que ficaram moídos.
Pior era ter que enfrentar o seu olhar nos corredores, apesar de terem colocado o adolescente em outra classe.
Sentia-se um derrotado, pois nunca mais, há muitos anos, conseguira ter um atual aluno seu em faculdade ou profissão de renome.
Percebia suas sementes semeadas nas pedras.
Mas, sua aposentadoria estava próxima, iria enfim, livrar-se de tudo isso.
A saudade apertava mais o coração, quando recordava tempos em que lia nos jornais os resultados dos vestibulares exibindo nomes de vários seus ex-alunos. Hoje, não vê nas listas nenhum nome de seus alunos.
Seu coração foi sendo apertado, apertado, até que o enfarte aliviou-lhe tal desgosto.
Quando abriu os olhos, estes se encheram de lágrimas, ao deparar com a face sorridente do famoso cirurgião que o havia operado, exclamando:
-Meu professor está de volta!
Era o mesmo semblante do menino de treze anos, que um dia fora engraxate na praça da matriz, e seu antigo aluno.
Sorriu feliz. A vida valera a pena.
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