Maria MadalenaTricânico de C. Silveira
Dona Bárbara era uma senhora idosa, que morava sozinha em sua residência, desde sempre.
Tivera muitos filhos e filhas, agora todos casados e morando em suas próprias casas e cuidando de seus filhos.
Como isso acontecia no início do século passado, os filhos fizeram uma escala: cada dia uma filha ou uma nora ia visitá-la e verificava se tudo estava em ordem. Faziam as compras, supriam a geladeira, cuidavam da limpeza da casa e das roupas.
Dona Bárbara era uma senhora muito exigente e era muito difícil uma serviçal contentá-la com os serviços domésticos. Enfermeira ou acompanhante? Nem pensar. Ela bradava aos quatros ventos que não precisava.
As filhas e as noras revezavam e se esmeravam cada vez mais na limpeza e ordem de tudo, porque dona Bárbara, muito querida, recebia muitas visitas, principalmente para pedir-lhe conselhos e orientações sobre convivência familiar.
Estava aproximando o seu aniversário e toda a família queria comemorar os noventa anos com uma festa para ficar na história, mas o destino interrompeu os preparativos.
Dona Bárbara estava cochilando em sua cadeira preferida, quando a filha foi chamá-la para vir à mesa tomar o lanche da tarde. Ela, no entanto, já estava com os anjos no céu; foi uma passagem abençoada.
Surpresa geral aconteceu quando começaram a arrumar a casa depois do velório, pois teriam de desmontá-la. Lembranças e emoções tomavam conta do ambiente. Todos procuravam alguma coisa, mas o que procuravam não estava mais entre os pertences.
Irene, a filha mais velha, sai do quarto da falecida com um caderno nas mãos e vai em direção das outras mulheres da família, que estavam na sala de jantar pensando e conversando sobre quem estaria agora, na linha de frente, isto é, quem lhe tomaria o lugar.
– Vocês não vão acreditar, mamãe deixou tudo escrito aqui! Ouçam só as determinações:
– Para Irene e Mila deixo a minha cozinha, pois elas sabem muito bem cozinhar. Aprenderam comigo!
– Para Dora e Vera, deixo minhas máquinas de costura, elas sabem o porquê. Para Ângela e a Maria deixo todas as roupas da casa, elas também sabem o motivo.
– Vamos logo. O que tem mais ainda.
– Para a Inês, minha nora, deixo todas as minhas jóias... as do cofre e até as que eu estava usando.
– ????????? Continue.
– Ela vinha me visitar e ficávamos conversando, escutava minhas histórias, tinha paciência comigo. Enquanto eu falava do passado ela limpava minhas correntes, pulseiras, anéis e até os brincos da minha orelha . Quando ia embora, me sentia uma princesa! Não! Uma rainha.
– Tem mais, os móveis, façam o que quiserem. Amo muito vocês, amo todos igualmente.
Tivera muitos filhos e filhas, agora todos casados e morando em suas próprias casas e cuidando de seus filhos.
Como isso acontecia no início do século passado, os filhos fizeram uma escala: cada dia uma filha ou uma nora ia visitá-la e verificava se tudo estava em ordem. Faziam as compras, supriam a geladeira, cuidavam da limpeza da casa e das roupas.
Dona Bárbara era uma senhora muito exigente e era muito difícil uma serviçal contentá-la com os serviços domésticos. Enfermeira ou acompanhante? Nem pensar. Ela bradava aos quatros ventos que não precisava.
As filhas e as noras revezavam e se esmeravam cada vez mais na limpeza e ordem de tudo, porque dona Bárbara, muito querida, recebia muitas visitas, principalmente para pedir-lhe conselhos e orientações sobre convivência familiar.
Estava aproximando o seu aniversário e toda a família queria comemorar os noventa anos com uma festa para ficar na história, mas o destino interrompeu os preparativos.
Dona Bárbara estava cochilando em sua cadeira preferida, quando a filha foi chamá-la para vir à mesa tomar o lanche da tarde. Ela, no entanto, já estava com os anjos no céu; foi uma passagem abençoada.
Surpresa geral aconteceu quando começaram a arrumar a casa depois do velório, pois teriam de desmontá-la. Lembranças e emoções tomavam conta do ambiente. Todos procuravam alguma coisa, mas o que procuravam não estava mais entre os pertences.
Irene, a filha mais velha, sai do quarto da falecida com um caderno nas mãos e vai em direção das outras mulheres da família, que estavam na sala de jantar pensando e conversando sobre quem estaria agora, na linha de frente, isto é, quem lhe tomaria o lugar.
– Vocês não vão acreditar, mamãe deixou tudo escrito aqui! Ouçam só as determinações:
– Para Irene e Mila deixo a minha cozinha, pois elas sabem muito bem cozinhar. Aprenderam comigo!
– Para Dora e Vera, deixo minhas máquinas de costura, elas sabem o porquê. Para Ângela e a Maria deixo todas as roupas da casa, elas também sabem o motivo.
– Vamos logo. O que tem mais ainda.
– Para a Inês, minha nora, deixo todas as minhas jóias... as do cofre e até as que eu estava usando.
– ????????? Continue.
– Ela vinha me visitar e ficávamos conversando, escutava minhas histórias, tinha paciência comigo. Enquanto eu falava do passado ela limpava minhas correntes, pulseiras, anéis e até os brincos da minha orelha . Quando ia embora, me sentia uma princesa! Não! Uma rainha.
– Tem mais, os móveis, façam o que quiserem. Amo muito vocês, amo todos igualmente.
Um comentário:
Lendo, lembro-me de uma amiga escritora falecida, um dia antes, levantou-se proclamou todos os seus desejos, até de quem ia maquiá-la, a roupa que seria enterrada e assim foi. Despediu-se da vida e morreu como quis, ao que parece; mais ainda recordo-me dela alegre, a Águeda Pereira Lopes, que escreveu o livro Tudo de Mim, em que contava de sua vida. Viveu, leu muito, me chamava de menino inteligente (eu era menino ainda) e me vendeu o seu livro.
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