As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sábado, 18 de setembro de 2010

Época de Ilusões

Passeata de Calouros da Esalq em 1942 - Rua Governador
http://gazetadepiracicaba.cosmo.com.br/conteudo/mostra_noticia.asp?noticia=1706754&area=26010&authent=343361516243370176120535767272

Época de ilusões
Elda Nympha Cobra Silveira

Na época de formatura dos alunos de faculdade vem à minha mente casos passados de boca em boca sobre as moças de anos atrás, aparentemente mais indefesas e mais ingênuas e românticas, (comportamento provavelmente advindo dos filmes musicais americanos), principalmente as que viviam nas cidades de interior, com poucas opções de divertimento, que proporcionassem contato com os rapazes. Muitas estudavam em colégios católicos, onde as classes não eram mistas, os lugares de esporte também não e até na igreja havia separação entre homens e mulheres.
No interior não era comum as mulheres cursarem a faculdade, o mais comum era cursarem o magistério. Houve um tempo, por exemplo, que em Piracicaba só existia uma faculdade: a "Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", a querida "Escola Agrícola", onde os homens eram maioria. Assim os "agricolões" eram muito valorizados pelas moças casadoiras da época. Anos mais tarde vieram outras faculdades e essa mentalidade se dissipou.
Os calouros começavam a chamar a atenção das garotas já no "desfile dos bichos" cuja tônica era a irreverência, a descontração e a comicidade, pois não passava de uma arruaça feita pelos calouros bêbados, pintados, com as cabeças raspadas e fantasiados de gregos, Nero, Sansão e outros personagens de filmes americanos, ou travestidos de mulher, com roupas da mãe ou da irmã. Depois desse desfile seria o baile onde eram apresentados para a sociedade local
O trote aplicado nos calouros chegava muitas vezes à barbárie, pois muitas vezes, eles eram submetidos a coisas que poderiam comprometer sua saúde. Alguns veteranos exageravam nas brincadeiras de mau gosto. Muitos ganhavam apelidos a partir desse começo de vida universitária e praticamente seus verdadeiros nomes não eram usados até o final do curso. Moravam em republicas como até hoje fazem, mas eram verdadeiros inferninhos.
O bonde que fazia a linha da Escola Agrícola vinha lotado e tinha tantos pingentes, que precisava um bonde reserva para poder dar conta da moçada. Nenhuma moça podia usar esse bonde nesse horário, porque era bastante importunada pelos galãs de plantão.
O baile de formatura era o momento para muitos namoros que tinham se iniciado durante as aulas se consolidassem, porque após quatro anos de convivência com a namorada e com a sociedade local os jovens já estavam adaptados ao modo piracicabano de viver e não eram mais vistos como forasteiros. Muitos rapazes encontraram aqui suas futuras esposas, no entanto, algumas namoradas não tiveram a mesma sorte: viveram a expectativa de conhecer a família do namorado para concretizar o namoro e dançar com ele a valsa de formatura, mas desencantadas, restaram plantadas na sala, já vestidas e maquiladas, esperando...esperando...esperando...
Podemos imaginar como ficou essa moça que viveu de ilusões, criando castelos, pensando que ele era seu príncipe encantado, fazendo projetos para o futuro com ele a seu lado A família torcia por esse casamento por ser muito bom para sua filha, o rapaz freqüentava a casa deles e era considerado como um futuro genro.
No dia seguinte, triste e desapontada, ela ficou sabendo, que a família do namorado trouxe a noiva para dançar a valsa de formatura com ele... Então, ele nem precisava explicar mais nada. Foi melhor que ele se revelasse antes que mais tarde.
Ela sabia que fora melhor assim, Deus iria lhe dar uma outra oportunidade...

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