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Reunião na Biblioteca

domingo, 6 de junho de 2010

Reféns do Medo

REFÉNS DOS TEMPOS MODERNOS
Adenize Costa

Não é exagero dizer que a modernidade nos transformou em reféns do medo. Basta olhar para as casas com seus muros e portões cada vez mais altos , algumas com os mais sofisticados circuitos de “segurança”. Os carros independente de marca, ano ou valor todos com seus sistemas de alarmes ... O mundo moderno nos oferece conforto , possibilita , cada vez mais, acesso às tecnologias avançadas e ao mesmo tempo nos deixa vulneráveis, inseguros e prisioneiros.
Apesar de todo o arsenal de segurança oferecido no mercado nos acorrentamos em nossas casas e muitas vezes acorrentamos também nossos afetos. Perdemos a capacidade de olhar para as pessoas como iguais, como o nosso semelhante . Sim as vezes nos esquecemos que o nosso vizinho, o entregador, o trabalhador que passa na nossa rua recolhendo o lixo que produzimos é nosso semelhante e, por vezes, em nome do medo, os tratamos com indiferença.
A velocidade de comunicação, de informação nos dias atuais é algo fantástico. Mas é fruto da pressa, da urgência do mundo moderno. E sem dúvida gera isolamento... Nos comunicamos com velocidade mas perdemos a capacidade de olhar nos olhos.
É muito comum nos dias de hoje nos depararmos com pessoas que tem muitos amigos virtuais mas não tem um único amigo real, próximo com quem possa dividir , ao vivo e em cores, as alegrias e tristezas , as vitórias e as derrotas. Mesmo porque,.geralmente, desconfiamos de todas as pessoas que se aproximam de nós.
Fui criada em colônia onde os quintais não possuíam cercas, conhecíamos todos os vizinhos pelo nome e sobrenome.
Nunca soube na minha infância de qualquer pessoa que sofria de depressão, solidão, estresse... Todos eram imunes à essas doenças porque usavam os antídotos contra todos esses males diariamente; o trabalho duro da roça não impedia que, ao anoitecer, todos saíssem na frente de suas casas para boa prosa, de vez em quando uma roda de viola ,de cururu ...
Mas tudo isso ficou pra trás... Vivemos num outro tempo...
Vivemos num tempo moderno pontuado por grandes descobertas, conquistas, invenções e avanços tecnológicos. Mas pensando bem, deixando o saudosismo de lado, ganhamos velocidade e conforto mas perdemos qualidade de vida, perdemos, em parte, a capacidade se ser humano.
A rapidez do mundo moderno pode superar as distancias mas nada supera o olhar, o diálogo, o abraço.

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