APRENDIZADO
Maria Cecília Graner Fessel
O menino enfiou na boca uma última jabuticaba e saboreou seu caldo doce quando ela se arrebentou num “ploc”. Seu pai plantara aquela fruteira no dia de seu nascimento. Ele tinha crescido escalando seus galhos, cada ano subindo mais alto.
“-Obrigado, Árvore”, disse ele, enquanto descia correndo ao encontro dos moleques que o chamavam.
Ao redor da mesa da oficina abandonada todos sentiam a excitação do fruto proibido: lá estavam as pilhas de folhas coloridas. A cola. O arame. O querosene. A mecha de estopa. A tesoura.
Trabalharam seriamente. Um media e dobrava o papel. O mais experiente escolhia as cores que combinavam e colava tudo com cuidado. Quando pronto, ele ficou lindo: bem grande, leve, parecia querer escapar-lhes e alcançar a liberdade do céu azul. Mas não era hora ainda.
Voltaram à noite. Numa algazarra feliz eles soltaram o Balão e viram-no subir, subir, até se confundir com as estrelas, balançando seu brilho amarelo na noite ventosa. Gritaram sua vitória. Acompanharam-no até que as colinas o encobriram. Então, rindo e se vangloriando, foram dormir cansados.
Ele acordou com os gritos do pai. Levantou correndo, descalço, acompanhando o movimento da família. Na porta que dava para o quintal, seus olhos se arregalaram: os restos coloridos do Balão queimavam juntos com os galhos da Jabuticabeira, unindo num abraço fatal os dois amores de sua infância!
Maria Cecília Graner Fessel
O menino enfiou na boca uma última jabuticaba e saboreou seu caldo doce quando ela se arrebentou num “ploc”. Seu pai plantara aquela fruteira no dia de seu nascimento. Ele tinha crescido escalando seus galhos, cada ano subindo mais alto.
“-Obrigado, Árvore”, disse ele, enquanto descia correndo ao encontro dos moleques que o chamavam.
Ao redor da mesa da oficina abandonada todos sentiam a excitação do fruto proibido: lá estavam as pilhas de folhas coloridas. A cola. O arame. O querosene. A mecha de estopa. A tesoura.
Trabalharam seriamente. Um media e dobrava o papel. O mais experiente escolhia as cores que combinavam e colava tudo com cuidado. Quando pronto, ele ficou lindo: bem grande, leve, parecia querer escapar-lhes e alcançar a liberdade do céu azul. Mas não era hora ainda.
Voltaram à noite. Numa algazarra feliz eles soltaram o Balão e viram-no subir, subir, até se confundir com as estrelas, balançando seu brilho amarelo na noite ventosa. Gritaram sua vitória. Acompanharam-no até que as colinas o encobriram. Então, rindo e se vangloriando, foram dormir cansados.
Ele acordou com os gritos do pai. Levantou correndo, descalço, acompanhando o movimento da família. Na porta que dava para o quintal, seus olhos se arregalaram: os restos coloridos do Balão queimavam juntos com os galhos da Jabuticabeira, unindo num abraço fatal os dois amores de sua infância!
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