O VÍCIO
Elda Nympha Cobra Silveira
Percebi um vulto esquadrinhado no meio da rua coberta pelo molhado da chuva fina, que naquela noite parecia penetrar até nos ossos. Mas aquele moço, alheio até das intempéries, curtido de bebida, olhava algum lugar distante, com os olhos embaçados, como a garrafa de vodka, esquecida na mão direita. Que triste cena! Moço bonito, tão jovem e já dominado pela bebida, a vagar com passos trôpegos, sem se dar conta da vida negativa em que se encontrava, nem que era uma negação de si próprio, como se estivesse sendo atormentado por algum fantasma, que o possuía para tirar proveito e usufruir desse vício.
Mas para minha tristeza, fui reconhecendo o rosto que se escondia por debaixo daquela barba, parecendo estar estranhamente emoldurado pelos cabelos em desalinho. Como se olhasse uma imagem em negativo, a luz esvaída dos postes, fez que se revelasse diante dos meus olhos o filho de uma pessoa conhecida. Emocionada, levei as mãos ao rosto, fazendo um esforço para conter as lágrimas. No meu espanto emudecido passava um turbilhão de imagens fugidias dentro de mim. E meus lábios, escolhendo alguma palavra compreensível, balbuciaram aquele nome, que ecoou, quase como um gemido difícil de escapar: “Renatinho! O que aconteceu com você, menino?Por que está bebendo desse jeito? E os seus pais? Sabem disso? Meu Deus! Olhe como você está...”
Sem perceber o meu desespero, ele passou por mim, andando de forma brusca e com gestos estudados. Eu ainda limpava as lágrimas do rosto, quando ele virou a esquina e desapareceu como se fosse uma sombra.
Dei partida no carro e no retorno para minha casa fui enumerando vários motivos para que aquele rapaz tão alegre e tão meigo, de repente se transformasse num verdadeiro farrapo humano, alguma razão que pudesse ter motivado aquele mergulho na decadência e na miséria moral mais absoluta.
A razão parecia clara: ele não suportava enfrentar a realidade e por isso usava qualquer subterfúgio para fugir . Seria por comparação o leão do mágico de Oz.
Todos temos força suficiente para seguir um novo rumo na vida. Basta amar a nós mesmos! Toda pessoa tem a responsabilidade de cultivar suas qualidades. Elas são como flores. É só ir regando que elas florescem.
Elda Nympha Cobra Silveira
Percebi um vulto esquadrinhado no meio da rua coberta pelo molhado da chuva fina, que naquela noite parecia penetrar até nos ossos. Mas aquele moço, alheio até das intempéries, curtido de bebida, olhava algum lugar distante, com os olhos embaçados, como a garrafa de vodka, esquecida na mão direita. Que triste cena! Moço bonito, tão jovem e já dominado pela bebida, a vagar com passos trôpegos, sem se dar conta da vida negativa em que se encontrava, nem que era uma negação de si próprio, como se estivesse sendo atormentado por algum fantasma, que o possuía para tirar proveito e usufruir desse vício.
Mas para minha tristeza, fui reconhecendo o rosto que se escondia por debaixo daquela barba, parecendo estar estranhamente emoldurado pelos cabelos em desalinho. Como se olhasse uma imagem em negativo, a luz esvaída dos postes, fez que se revelasse diante dos meus olhos o filho de uma pessoa conhecida. Emocionada, levei as mãos ao rosto, fazendo um esforço para conter as lágrimas. No meu espanto emudecido passava um turbilhão de imagens fugidias dentro de mim. E meus lábios, escolhendo alguma palavra compreensível, balbuciaram aquele nome, que ecoou, quase como um gemido difícil de escapar: “Renatinho! O que aconteceu com você, menino?Por que está bebendo desse jeito? E os seus pais? Sabem disso? Meu Deus! Olhe como você está...”
Sem perceber o meu desespero, ele passou por mim, andando de forma brusca e com gestos estudados. Eu ainda limpava as lágrimas do rosto, quando ele virou a esquina e desapareceu como se fosse uma sombra.
Dei partida no carro e no retorno para minha casa fui enumerando vários motivos para que aquele rapaz tão alegre e tão meigo, de repente se transformasse num verdadeiro farrapo humano, alguma razão que pudesse ter motivado aquele mergulho na decadência e na miséria moral mais absoluta.
A razão parecia clara: ele não suportava enfrentar a realidade e por isso usava qualquer subterfúgio para fugir . Seria por comparação o leão do mágico de Oz.
Todos temos força suficiente para seguir um novo rumo na vida. Basta amar a nós mesmos! Toda pessoa tem a responsabilidade de cultivar suas qualidades. Elas são como flores. É só ir regando que elas florescem.
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