desenho a lápis de Geraldo Victorino de França Júnior |
Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins
Pássaros festivos voam e gorjeiam num vai e vem colorido em uma estratégica esquina próxima à minha casa. São dezenas, ou melhor, são centenas de pássaros bailarinos e cantantes, das mais variadas espécies e tamanhos que se cruzam, sem parar, em constante agitação a disputar o espaço paradisíaco, arquitetado graciosamente para o dia-a-dia da vida que lhes foi concedida.
Trata-se de um mirante circular, alicerçado em engenhoso e belo jardim, solidamente projetado entre vielas arborizadas, sempre floridas, que margeiam a elegante e convidativa residência da querida amiga. Em todas as direções há ângulos surpreendentes, arrematados com espécies comuns e raras de plantas e flores em proporções e cores das mais tocantes.
Aliás, tudo naquele recanto sutil e maravilhoso convida a momentos especiais, todas as criaturas que por ventura visitam o local: os pássaros livres em contagiante contentamento e nós, naturalmente a observá-los, usufruindo do mesmo espaço que enleva e acalma. Ali é possível se permanecer num encantamento inexplicável, com direito a um descanso total de alma, de espírito...
Farto banquete é oferecido três vezes ao dia, incluindo a hospedagem e banhos carinhosamente preparados. São alimentados, ali, bandos intermináveis de residentes fixos e aqueles que num voo acidental ou de passagem acabam por descobrir a hospedagem do amor. Sabiás atentos, bem-te-vis a cantar e bater asas em rítmo melodioso, quero-queros, periquitos, tuins, rolinhas, andorinhas, tais quais notas musicais a enfeitar a pauta do poste à frente, dourados canários a exibir a presente liberdade, e os pardais, barulhentos caipiras benvindos. Pintassilgos ligeiros, da mata, do campo ou do brejo? Não importa, quantos ou quais, todos em rítmo acelerado se misturam e se entendem. Uns cantam aqui, outros respondem ali; há os que se banham nas bacias dispostas na mureta circular, enquanto outros sedentos e apressadinhos disputam
com os lindíssimos beija-flores a água açucarada das flores dos bebedouros. Estes, pendurados estratégica e harmoniosamente entre arbustos floridos, gerâneos, samambaias lisas, crespas ou rendadas, trepadeiras no auge da floração.
São tantos os vasos que embalam as avezinhas; muitas copas jeitosas e macias as convidam à construção de ninhos para a formação da família e a segurança dos seus filhotes.
Toda essa história mais parece um sonho, uma invenção poética, talvez... Mas acreditem, é a mais pura verdade. Tenho visitado tal recanto ao qual denominei: Viveiro Divino!
Um comentário:
Lurdinha, você é um doce de pessoa!
Que graça quando você escreve:
- Mas acreditem, é a mais pura verdade.
E quem é que vai duvidar de você? Se precisar de uma testemunha estou aqui, pois o Viveiro Divino é do jeitinho que escreveu. Um abraço!
Ivana Altafin.
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