As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

ABANDONO


Plinio Montagner

A vida, após a perda de uma pessoa querida, fica insuportável. O céu, a terra, o mar, nossa casa, o quarto, a mesa do café da manhã, a sala de visitas... tudo se transforma num deserto.
Aprendemos, mas esquecemos, que quando tudo vai bem não percebemos nem valorizamos esse tesouro.
Nossos pais, nossos filhos, nossa saúde perfeita, nossa casa, tudo que é maravilhoso muitas vezes ignoramos, e tendemos evidenciar o supérfluo, o banal, ou o deslize de um amigo.
 Percebendo ou não, não há lenitivo que acalme a dor de quem fica da ausência de quem foi embora.
Os que ficam, ficam à procura às cegas, no vazio, do nada, e nada tem sentido. A lembrança cruel não dá trégua.
Amigos ajudam, e muito, por isso buscamos neles um tipo de salvação. Mas, por que deixá-los tristes também; eles têm suas vidas e seus problemas.
A presença dos familiares às vezes faz piorar a melancolia; frases relembram fatos e imagens de momentos maravilhosos, e, nos espaços embaçados vislumbramos semblantes disformes de quem amamos.
Merecemos, talvez, essa provação, esse castigo, é o que parece.
Mas quem foi, e não se sabe para onde, que culpa teve para ser sacado da vida, ser punido, enquanto bandidos ficam zombando dos bons e dos inocentes?
Se Deus existe, acho que Ele não é justo.
E agora? Com quem vamos comentar o filme, o que aconteceu durante o dia, revelar a beleza de um lugar, contar o capítulo da novela e a última fofoca?
Sair sem destino é uma alternativa, mas qualquer caminho não leva a lugar algum.
Abrir gavetas e rever anéis e colares; guarda-roupas para lembrar os bailes; as fotos nos álbuns... é bom, mas é triste - abre feridas.
Casamento é uma prisão consentida, mas de que vale a liberdade sem o a presença do amor?



terça-feira, 22 de dezembro de 2020

NATAL NA ALMOFADINHA

 





                                                                                           Madalena Tricânico

 

                           Viajar e observar os costumes de cada lugar é um mundo encantador. Quem já descobriu procura distribuir com entusiasmo.

                        Foi o que aconteceu quando nossa protagonista viajou para a Europa. Percebeu em vários lugares a imagem do Menino Jesus acomodado artisticamente em uma almofadinha. Acostumada a ver a imagem sempre em uma manjedoura, procurou saber o motivo de tão drástica mudança.

                        - A história nos assegura que o Menino Jesus nasceu em uma manjedoura e não em uma almofadinha de veludo!

                        - A senhora tem toda razão Ele nasceu mesmo em uma manjedoura, mas agora Ele é o Aniversariante e bem acomodado nesta almofadinha poderá participar da Festa do Natal no  aconchego da família.

                        - Que interessante... geralmente ele fica debaixo da àrvore ou lá no presépio...por favor me conta como é na sua família?

                        - Nas nossas famílias Ele vem para a mesa da Ceia do Natal! Depois que todos tomam seus lugares uma das criança entra com o Menino Jesus e todos cantam a canção Noite Feliz, só a primeira estrofe, e na hora da sobremesa o parabéns a Você Jesus. Se a família não tem criança a pessoa mais idosa ou os anfitriões…

                        - Ah! Tem mais...se a ceia não for de lugares sentados, Ele é colocado em destaque na mesa dos pratos salgados ou  de sobremesa,  o ritual é o mesmo.

                        Muito emocionada a viajante agradeceu e saiu pensando que não poderia  deixar passar esta oportunidade de agradecer tão maravilhosa viagem.

                        O tempo passa e ela continua colocando o Menino Jesus em almofadinhas artisticamente decoradas, como o Aniversariante merece, para todas as pessoas que entenderam o significado do Natal.

                        - Como nossa protagonista, Ele já viajou por quase todo o Brasil e alguns voltaram para a Itália nas malas de brasileiros macarrones!!!  

Toalha de Natal

 


Leia Paiva

A toalha de linho bordada à mão,

Mão que há muito já se desfez debaixo da terra,

Mas deixou um legado tão rico e delicado quantos os ramos

Esmeradamente bordados.

Olhando a toalha de linho, viajo no tempo e imagino

Quantas mesas ela já cobriu?

E ainda faz lembrar, com amor e gratidão, quem já partiu.

É herança à primogênita da família,

Quantas noites festivas, em vigília, esta toalha assistiu?

Hoje ela está em minha mesa,

Com certeza, futuramente, na mesa de minha filha.

É Natal! Bendiga esta toalha branca,

Símbolo de paz, união, continuação.

Bendigo a mais um natal que ela está conosco.

A mesa farta, a antiga fruteira de prata com amêndoas, nozes, bolas coloridas

Enfeitando a mesa e a vida,

É Natal! Aniversario daquele

Que nos dá vida

E vida em abundância!

Enche-nos de esperanças, de luz, nosso Amado Jesus!

Estou feliz, há um doce perfume no ar,

Perfume de frutas, cheiro de Panetone,

Cheiro de abraços, de encontros, comidas gostosas,

Mensagens pelo telefone

Há um eco de risadas, de felicidade!

Que esta toalha possa dar muitas alegrias e inspirações

A muitas outras gerações.

Que Jesus derrame sobre nós a santa unção,

Que a paz, a união, o amor, sobrepuje, hoje e sempre

Em nossos corações!

Feliz Natal


sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

NATAL DA MINHA INFÂNCIA

 



Elda Nympha Cobra Silveira

 

Lembro-me de uma sala improvisada dividida por um biombo, onde estava montado um pequeno presépio feito com toda singeleza pela minha irmã mais velha, mas que para mim e minhas amigas era uma beleza! Patinhos nadando num pedaço de espelho rodeado de areia e serragem colorida de verde, para parecer grama, naturalmente. Uma manjedoura com Jesus Menino, ao lado seus pais, José e Maria, os animais da estrebaria e uma estrela de papel brilhante pendurada por uma linha de carretel usada para fazer pipas, encimada na frente da gruta.

Jesus pareceu-me tão sozinho, mesmo com seus pais ao lado, tão pequeno e disseram para mim que Ele veio para salvar o mundo. Mas como poderia ser, se ele era tão pequenino? Então pensei:

-- Se Ele pode, talvez eu e todos os outros pudessem também! Mas como? Disseram-me que Ele morreu por nós ! Ah! Eu não teria essa coragem não! Mas não haveria outra maneira de agradá-Lo? Perguntei a minha mãe.

 Ela disse-me que quando eu fosse fazer o catecismo iria aprender.

-- Mas diga-me  agora mamãe, não quero esperar tanto assim!

-- Está bem! Siga os dez mandamentos que você vai aprender com a catequista, mas por enquanto lembre-se deste: “Amar aos outros como a ti mesmo!”

Naquele momento compreendi o que Jesus Menino queria de mim! Ganhara vários brinquedos e um deles com certeza não iria me fazer falta e que alegria teria ao dá-lo para uma amiguinha que não iria receber nada naquele Natal! Esse foi o Natal mais perfeito e construtivo da minha vida e até achei que o Menino Jesus sorriu para mim... Ele não estava mais sozinho naquela pobre manjedoura, eu estava com Ele!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Guiandas ou bolachas

 

                                                                                                  (imagem do Google)


Madalena Tricanico

 

Deixe o espirito do Natal

Envolver todo o ambiente...

Deixe voltar aquela criança

Escondida, mas latente...

Não importa se nos reunimos para

Fazer guandas  de tradição dos italianos

Ou  bolachas de gengibre motivados

Por tantos  filmes americanos.

Montar a árvore no primeiro domingo

Do Advento e batizá-la com um lindo

Presépio de muitas peças coloridas,

Faltando só o Jesus Menino que

Chegará na abençoada Noite Feliz,

Mas vive todos os dias nos nossos

Corações...então é Natal!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Projeto: Mensagens Natalinas

 



                                                                       Leda Coletti

 

            As entidades literárias piracicabanas ( Clip e Golp)  comemorariam o décimo projeto de mensagens natalinas literárias presenciais, nesse 2020, se  não tivesse ocorrido a pandemia.

            Para nós, escritores e amigos, tais confraternizações anuais com moradores de instituições locais, são sempre preparadas com muito carinho. Começamos este projeto no Terminal Central de Integração do município, ofertando aos usuários, cartões confeccionados pelos participantes e voluntários  dos referidos grupos literários. Muitas  das pessoas presenteadas optaram em completar pessoalmente as mensagens; já outras aceitaram nossos préstimos para sermos intermediários na escrita, (inclusive  cartas),principalmente os que tinham parentes distantes e não tinham facilidade para escrever.

            A partir de 2014  tornamos nosso projeto itinerante, passando a enfatizar as obras assistenciais. Passamos então a contar histórias natalinas, cantar, além de distribuir os cartões e pequenas lembranças.

            Tivemos oportunidade de festejar com diferentes faixas etárias, desde as crianças, adultos e idosos. Foram momentos prazerosos, para eles, mas sobretudo para nós, partilhados com muita ternura, fraternidade e sentido natalino.

            Ficamos tristes por não podermos nesse final de ano realizar presencialmente esta confraternização, pois infelizmente a pandemia que havia retrocedido, retornou com muita intensidade, impossibilitando tais encontros. Embora, não estando juntos fisicamente, estamos em sintonia positiva, pois para nós, Natal é “ Renascer a cada dia com muito amor e paz no coração”. Este Renovar é o que mais almejamos a todos os seres humanos, com esperança em dias melhores, para nossas famílias, amigos brasileiros e para os habitantes do mundo inteiro.

 

História de uma noite de Natal

 



Leda Coletti

 

Na noite quente, aquela cidadezinha do interior paulista, está quase na sua totalidade acordada. As casas com as janelas abertas, iluminadas. Ë quase meia-noite. Um burburinho gostoso deixa escapar o som das músicas natalinas. O dia de Natal está prestes a raiar.

Os adultos, jovens e crianças da família Ducchi capricham nas vestimentas, calçados e cabelos, resultando visuais de lindos rostos e olhares cintilantes.

Ao chegarem à velha casa, agora só ocupada por avô Chico e avó Marieta, procuram esconder os embrulhos dos presentes, colocando-os rápido ao pé do imponente pinheiro que tremula com pequenas lâmpadas fluorescentes, dando vida às bolas coloridas, mensagens, penduradas nos seus verdes galhos.

            Uma grande mesa coberta por toalha de renda imaculadamente branca, está repleta de quitutes saborosos: panetones, bolo de nozes, tortas de frutas, salgadinhos, patês, bombons, queijos. Isso sem contar o que virá após os cumprimentos, quando ribombarem as doze badaladas do antigo relógio da casa: o peru, pernil, arroz com farofa, frango assado, maionese, diferentes tipos de massas etc. Para a maioria gulosa e disposta a esquecer possíveis regimes de emagrecimento, a festa estará completa.

Nem é preciso anunciar que a meia-noite chegou, pois as sirenes das fábricas tocam, os sinos da matriz batem festivos, rojões explodem, carros passam buzinando. Todos se abraçam. A cada estouro de champanhes abertas, se cumprimentam: -“Feliz Natal !” Logo em seguida se dirigem à mesa para a tradicional ceia. Esta transcorreu num ambiente de harmonia familiar.

Ao término da mesma, foi anunciada a revelação dos amigos secretos. Pela tradição, quem a inicia é o avô Chico, anfitrião dos filhos, genros, noras, netos, sobrinhos e agora do  primeiro bisneto.

Dizendo da satisfação de mais uma vez se congraçarem, insinua uma surpresa e sem se fazer esperado, mostra uma caixa forrada de papel vermelho lustroso amarrada com fita dourada. Pede para o filho mais velho abri-la. Suspense entre os presentes! Imaginam ser um par de calçados ou uma bolsa de couro. No entanto, o que surgiu foi outra caixa de tamanho médio, cheia de papéis picados. A curiosidade foi aumentando, ainda mais que do seu interior, o filho do meio retirou uma minúscula bandeja inoxidável. A expectativa chegou ao auge, quando a filha caçula encontrou uma terceira caixinha, muito bem enfeitada como as demais. Os homens vislumbram nela polpudos cheques dobrados; as mulheres, um deslumbrante colar ou pulseira; as crianças, brinquedos eletrônicos em miniaturas. Um Oh! misto surpresa-decepção se seguiu à exposição do conteúdo da caixa. Tratava-se simplesmente de duas nozes: uma inteira e outra partida ao meio.

Antes que alguém deixasse passar o incidente como mera “quebra-gelo” à  brincadeira do amigo secreto, o avô de bigode e cabelos grisalhos, falou :

-Meus queridos, quis usar esse estratagema, para cada um de nós refletir alguns minutos sobre o significado dessa maravilhosa noite de Natal !

Pegando a fruta nas mãos continuou:

-A noz inteira, representa a nossa vida- o que somos e  o que possuímos desde o nascimento até à idade adulta, através de bens herdados e adquiridos pelo nosso esforço e trabalhos pessoais. Já esses dois pedaços, ( apontava para as nozes partidas ), continuam parcelas importantes de nossa pessoa, mas não são únicas: doamos parte de nós próprios e nos tornamos co-participantes. Essa doação envolve pequenos serviços, renúncias materiais e imateriais, que espontaneamente oferecemos aos membros da família, bem como aos demais irmãos próximos ou distantes, independentes do sangue, raça, credo, posição social. Há uma partilha recíproca, porque na medida que damos algo, recebemos muito em troca, em bençãos e  alegrias. Isso nos aproxima do DEUS MENINO que hoje homenageamos. Seu ato de amor se despojando e solidarizando-se a nós, culminou na sua morte num madeiro em forma de cruz.

Com um gesto carinhoso abraçou ternamente  vó Marieta e ambos de mãos dadas, foram beijar a imagem do Menino Jesus no presépio, próximo ao pinheiro.

Nesse instante, como para dar culminância e assentimento às palavras do vô Chico, uma das bolas maiores que ornamentavam a árvore caiu, dividindo-se em duas sobre o tapete.

Um dos netos menores observando tal cena, irrompeu o silêncio que se seguiu e falou com espontaneidade infantil:

- Vejam a bola estava muito só. Quis doar-se e partilhar conosco sua alegria nessa Noite de Natal !  

sábado, 5 de dezembro de 2020

SANTA BÊNÇÃO


Ana Marly de Oliveira Jacobino

A vida corre lá pelas bandas
das ruas tranquilas do interior,
rifando prendas na igreja velha...
Bingo pra arrecadar fundos e,
ajudar na reforma do altar-mor.
A casa da benzedeira, sorria
impregnada pelas suas orações.
Joana não acredita no Deus,
pedinte do Padre João! Comerciante?!
Bingo aos sábados! Jogo! Vícios...
Este mesmo Deus falou pro Moisés,
Lembre do dia do sábado, para o santificar.
Joana não acredita neste Deus!
As suas bênçãos e orações, Deus
não cobra nada. Ela também, não!
Benze com cinzas do fogão a lenha,
íngua inflamada, corta a cinza com faca afiada,
pra ela deixar o corpo do doente, são.
Joana costura os males, agulha, pano, linha.
Bucho virado, dor de cabeça, espinhela caída,
mal jeito, mal olhado, nervo torto,
nó nas tripas, osso trincado, quebrantos...
E, Deus vai segurando a sua mão,
enquanto, ela faz a oração.

Neste Deus da Joana, eu acredito!