As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

ASAS


Olivaldo Júnior

        Trabalho numa escola pública municipal, na secretaria. Hoje saí do trabalho um pouco mais cedo e fui ao centro da cidade, para, depois, ainda voltar à Escola e, de lá, partir para casa com a cesta básica do mês.
        No caminho de volta para lá, um passarinho me chamou a atenção e, por uns momentos, parei e, de olho nele, que andava de um lado para o outro no chão, como se quisesse voar e não pudesse, pensei: Será que esse pobre passarinho sabe que é um pássaro e que tem o espaço todo a seus pés, digo, suas asas? Não sei, nunca parei muito para pensar nisso, nem sei se já chegaram a estudar o mundo das aves tão a fundo, ao ponto de descobrirem como realmente funciona sua consciência de si. Será que eles sabem que são pássaros? Eu, por exemplo, na fila dos que vêm à luz, lá no Céu, devo ter bobeado, me distraído com algum anjo serelepe e, por engano, tomado a fila dos homens, quando queria mesmo era ter pegado a de um sabiá cantor, de uma andorinha livre, de um bem-te-vi que fica o tempo todo no passado, dizendo que me viu. Logo eu, o sem-asas!
        Nunca voei de avião e tenho medo de altura, vertigem que me dá subir numa escada! Mas queria ter asas, singrar os azuis dos olhos da Terra e pousar no fio quase nulo de uma existência que só faz ver o mundo cá de baixo lá de cima dos montes. Talvez, assim, tivesse um monte de histórias, um mundo de estrelas, um lote de amigos. Será?
        As crianças da escola em que trabalho, quando em vias de entrar em sala, pouco antes de bater ou o sinal de entrada, ou o de saída, com suas vozes misturadas, camufladas, encobertando-se umas às outras, parecem um ruidoso bando de passarinhos que, coitado, também mal sabe que tem/temos asas!... De papel, de algodão, de isopor, duas asas nuas.
        Tomando um "coffe", pensando em nada, em quase nada, recolho as asas da ação, e o pensamento voa. Nas asas da xícara, um biscoito se quebra. As asas são fortes, mas também se quebram. Sem elas, voamos baixo, ficamos térreos, caímos logo, pesados, de chumbo. Cantando, cantando mais, sinto que as tenho, que tenho asas!... E voo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Quando tudo isso passar...



Ivana Maria França de Negri

Quero estar bem juntinho das pessoas que amo
Beijar, abraçar, contar e ouvir histórias
E fazer todos os doces que minhas netas adoram!

Quando tudo isso passar...

Quero estar mais perto da mãe Natureza
Sentir o ar puro e andar descalça na terra
Sentir o perfume das flores
E pular as ondas na praia

Quando tudo isso passar...

Quero de novo viajar
Conhecer  povos, culturas, museus
De avião, de trem ou em alto mar

Quando tudo isso passar...

Algumas coisas não quero de volta, não!
Correrias para lugar nenhum
Coisas que me tirem o sono e a minha paz

Quando tudo isso passar...