As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sábado, 23 de maio de 2020

Desafio literário com o tema : Bueiro


Durante uma caminhada, deparei-me com um bueiro coberto de verde!
Fotografei e trouxe para os escritores e poetas para que cada um escrevesse sobre o tema em verso ou em prosa.
E brotaram estas maravilhas!



Versos para um bueiro verde

João Baptista de Souza negreiros Athayde

Contraponto sutil invade a alma
Na cisma dolorosa de um dilema:
Como podem os liquens e miasmas
emergirem do lodo – quais fantasmas
E tecerem de verde um poema?


O BERÇO

Andre Bueno Oliveira

Pouco importa ao bebezinho,
Se o seu bercinho é faceiro...
A Flora escolheu seu ninho,
 Num desprezível bueiro.


Apenas bueiro
Ésio Antonio Pezzato

Bueiro, apenas bueiro
Mas transformou-se em canteiro,
Logo ao raiar da manhã.
Nele nasceram o poejo,
O perfume sertanejo
E a essência da hortelã.

A paisagem colorida
Trouxe a essência da vida
Ao transeunte passageiro,
Que em seu passo rotineiro
Viu a paisagem florida
Que transformou o bueiro
No mais sublime canteiro
Na paisagem colorida...

...saiu assim o poema do bueiro


Bueiro verde
Ivana Maria França de Negri

Um insignificante bueiro, entre milhares de outros, acostumado a receber esgoto, enxurradas, águas pluviais e de lençóis subterrâneos, humildemente se submete aos propósitos aos quais foi criado.
Também conhecido como boca-de-lobo, sumidouro ou vala, seria apenas mais um anônimo entre milhares, se não fossem as sementes de alguma plantinha se aninharem em seu interior.
Alheio aos transeuntes, à quarentena, à pandemia, às tempestades ou ao sol causticante, seu sedimento terroso permitiu a germinação.
Mesmo no lodo ou na aridez, a vida sempre dá um jeito de acontecer...
E ele se cobriu de verde!

Vida florescendo
Cassio Camilo Almeida de Negri

Tal qual a estrela de Davi em seu triângulo com o ápice para baixo, servia como esgoto com a sujeira a descer. Agora, como o triângulo de ápice para cima, a vida floresce em direção ao céu.
Esse bueiro é como nós, nossa polaridade pode ser a de um bueiro ou de um canteiro, temos ambos, mas qual irá predominar?

TROVA
Leda Coletti

Nesse tempo turbulento
Ver um bueiro verdinho
Traz a nós doce acalento
Esperança, só carinho.

BUEIRO DENGOSO
Elda Nympha Cobra Silveira

Estou   sozinho...
Bem pertinho da calçada.
Crianças passam correndo,
Outras bem devagarinho.

 Elas ficam pertinho de mim,
Com os pezinhos na enxurrada
Ai! Como sinto alegria
Poderia ser sempre assim!

O sol quer brincar também
Mas  enxuga todas as águas,
Mas fez brotar no meu gradil
Relvas e florezinhas mil!
E...ouço  ao passarem:
Que bueiro gracioso!


É TERRA
Carmelina Toledo Piza

Quando falamos de criação
Vamos para um território desconhecido.
O território da alma que
Leva-nos ao encandecido.

Quando olhamos para o chão
Vemos marcas do tempo em cicatrizes.
A dor de um passado distante
Coberto de vernizes,

Mas a criação de um verde solitário
Em grades verticais,
De um bueiro em uma rua qualquer
Verdadeiramente é o belo dos víveres originais.

Estamos no território que almejamos
A TERRA, com as nossas certezas.
Onde floresce a mata verde
Abençoada por suas belezas.

O bueiro
Elisabete Bortolin

Chegou Janeiro, a cerveja rolou bueiro adentro matando pessoas.
Chegou Fevereiro, veio o Carnaval e as tempestades, inundando casas e avenidas, entupindo os bueiros.
Chegou Marco e Abril, a Covid-19 começou a invadir o Brasil, levando muita gente e dando trabalho aos coveiros.
Chegou Maio, o Moro foi demissionado abrindo sua Boca de Lobo contra o presidente.
Estou entendendo e resumindo que a palavra do momento é Bueiro.
Tudo passa assim como nossa tristeza e isolamento, pois o Bueiro vai florescer, FÉ.

O bueiro
Leia Paiva

Em forma de retângulo
Grades negras, com ferro retorcidos
Guardam o vácuo, um buraco negro e sujo.
Aguas barrentas de enxurradas
Vão adentrando no dito cujo.
Terras acumuladas nas beiradas,
Em todos os ângulos, folhas secas
Estercam o barro intruso.
Nasce, então, uma planta encantada
Enche de verde a entrada,
Tornando, assim, um quadro
Antes antiestético, feioso
Em um quadro poético, harmonioso.
Nas nossas introspecções
Encontramos buracos, sombras, porões.
Nas fendas das horas perdidas,
Oportunidades não aproveitadas,
Nas horas distraídas, desperdiçadas
Em inutilidades, fúteis,
Perdemos preciosidades.
Porém, nunca perdemos as ramagens
Das verdes férvidas esperanças
Aprendidas com as experiências vividas,
Que brotam nas bordas dos bueiros
De nossas vidas. 

"O Verde Brilha" no bueiro
Lourdinha P. Sodero Martins

Quem diria ? Que em bueiro solitário nasceriam "acalantos" em forma de verdes ramagens? Pois ali, naquela grade, mal tratada, com ferrugem germinaram ervas férteis mais parecendo miragem! Esverdeou-se o bueiro, majestoso se tornou! Quem por ele agora passa o aprecia e constata ... "Verde vida" o transformou!

Tapeçaria
Lídia Sendin

Melhor que tapete persa
Colocado em belo chão,
A imagem nos desperta
Serena admiração.

A Natureza trabalha
Fiando a tapeçaria
E se ninguém atrapalha
Nasce arte em poucos dias.

Quem passa vê essa obra
De um poeta tapeceiro,
E com espanto comprova
Que ali já foi um bueiro.

Quarentena  -  Será que vai deixar saudades?
            Madalena Tricânico

             Estava ela desenvolvendo seu trabalho de varrição das ruas quando ouviu uma lamuria, uma lamentação...
            - Eu não queria estar aqui no meio fio da calçada eu queria estar lá perto do muro onde estão aquelas flores coloridas.
            -Ahnnn...!Quem está falando? Não vejo ninguém. A rua está completamente deserta.
            - Você só olha para cima! Olhe para baixo!
            - Não é possível! Este silencio do isolamento de alguns e a preocupação de  outros que precisam trabalhar faz, as vezes, ouvirmos vozes, mas agora estou conversando com um bueiro?
            - Sim sou eu,  e não me chame de bueiro!
            - Ah não! Vou te chamar do quê? De vaso?
            -Tá bom...vaso. Ora, não existe gente de todo tipo? Vaso também pode existir ou “ser”. Eu sou um vaso! Pronto falei!
            - Combinado. Vou varrer só os lixos e a terrinha vou deixando. Elas sempre trazem semente que os passarinhos espalham e se você tiver sorte e elas germinarem...
            Era outono, o tempo passa rápido. O combinado foi mantido e quando chegou a primavera o desejo foi realizado.
            - Nossa que lindo aqui na esquina da minha casa. Parece uma jardineira, um vaso! Quem será que colocou as sementes em um BUEIRO!

terça-feira, 19 de maio de 2020

Vestido de Festa



Maria Madalena Tricanico de Carvalho


Tinha vagas lembranças do seu tempo  de jovem quando queria vestidos novos,  feitos  sob medidas,  pela  vizinha  da casa da esquerda,  excelente modista.   Tinha roupas bonitas, mas todas já usadas presente  de uma prima  mais abastada.
Queria um  vestido  de seu gosto. Ir à loja e escolher a fazenda da moda, os aviamentos  e os  acessórios. Vestidos de missa,  de festas,  para quadrar o jardim em frente da Catedral de Santo Antônio, para flertar com os rapazes e quem sabe arrumar um namorado, noivo e um  bom casamento.
Como era bom vestir uma roupa nova, olhar no espelho e se ver feliz   para admiração das  colegas.  
- Outro vestido novo?
- Que nada, bem! Reforma! Lembra aquela saia rodada que eu ganhei da minha prima e que me deixava gorda?  Desmanchei e fiz este tubinho tão na moda!
Com certeza viveu esta época como  todas  as mocinhas que queriam arrumar um bom casamento,  portanto se esmeravam na aparência e hoje vivem  no Lar com todas as necessidades básicas supridas  e várias deficiências físicas, saúde delicada  e cheia de lembranças.
Não  sei se houve casamento, filhos, família, parentes...
Tentei. Fiz perguntas  para ver se ela queria conversar, contar alguma coisa sobre seu passado, presente  ou preocupação pelo futuro. O  que sei é que vestidos e roupas bonitas não sai de sua memória.
- Você tem um vestido novo para mim?
- Como você se chama? Alguém pergunta.
- Eu quero roupas para me trocar! Meu armário está vazio! Responde ela rapidamente.
Sentada em sua cadeira de rodas,  com seu vestido de seda estampado de flores miúdas  e de fundo rosa clarinho, bem penteada,  olhar inquieto mas, a  voz calma não demonstrando nenhuma perturbação física.
-Vestido bonito e  de seda! Você só tem este?
- Não!  Lógico que não tenho só este vestido de seda! Tenho bastante roupa “lá nas minhas coisas”! Tem dia que são minhas e tem dias que eu acho que é  de alguém que esqueceu  lá e vai voltar para buscar, então não mexo em nada.
Quando crianças vivemos a fase de capitação e oblação. Captamos a posse dos nossos brinquedo, os beijos e carinhos recebidos e só depois dos três anos, mais ou menos, passamos a distribuir beijos, carinhos, brinquedos e guloseimas.  Na maturidade teremos os dois sentimentos alternados e sem uma definição clara?


sexta-feira, 15 de maio de 2020

ALELUIA



Elda Nympha Cobra Silveira

Depois de tanta paixão
por nós... Oh!  Jesus,
sei que ninguém terá
por mim tanto amor!

A minha procura não
encontra guarida
ninguém... sei que ninguém...
tem esse amor!

Disposto a tudo,
percebeu que o mundo
virou moribundo e
deserto de amor.

Também sei que eu
não sei amar alguém
nem como a mim mesma,
porque se me amasse
como o Senhor me ama
estaria Contigo na cruz!.


quarta-feira, 6 de maio de 2020

AMOR SEM TALVEZ


Lídia Sendin
Neste colo que abriga,
Que hospeda tanta vida,
Um amor mais que abrangente
É completo sem medida.
Como pode em sã consciência
Um amor sem um talvez,
Ser maior que o amor da gente,
Ter tamanha solidez?
Não existe um mecanismo para sua medição,
Do regaço que o comporta
Não se mede a proporção.
Quantos filhos? Não importa
Há lugar no coração.
Mesmo que cause estranheza
Quando do primeiro olhar
Tem a força e a leveza
Que supera e que encobre
O seu modo solitário de entender e de amar.
Esse filho que carrega
Torna seu viver mais nobre
Para onde quer que vá.
No caminho ela não nega,
Mesmo tendo prejuízo,
Que este amor sempre terá.
Como pode em seu juízo
Ter consciência e lucidez
Este amor sem um talvez?