As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Tempos difíceis



Lídia Sendin

Já foi o tempo...

Que sulcava a terra,
O homem simples, com o seu suor.
Agora tudo está mais para guerra
E é difícil pensar no melhor.

Neste tempo...

Será que ainda existe
Um lugar pro canto
Neste mundo triste
Onde medra o pranto?

Não...já foi o tempo...


quinta-feira, 20 de maio de 2021

Quando chega a Primavera



Léa Paiva

 

Quando chega a primavera

Minha alma engrandece ao Senhor

Meus olhos contemplam a terra toda enfeitada de flor

Seja no campo ou na cidade

Seja onde for...

Existe uma diversidade de enorme formosura na divina feitura de nosso criador.

Passando debaixo do pé de ipê

Olhei para o alto, vi o céu todo florido

Olhei o chão, um tapete com as mesmas flores

Tive a sensação naquele momento que o mundo inteiro

Era um lindo canteiro.

Momentos mágicos que nos encantam

Momentos de primavera

Onde pensamos: quem dera

Que a vida fosse sempre assim,

Que os ventos soprassem só bonança,

Mas é preciso que tenham outras estações,

Para haver comparações

Tiramos novas lições

Não perdermos a esperança.

Tudo passa, vai e vem.

A vida é feita de quatro estações,

Digo com toda convicção

Se plantarmos a semente do amor no cotidiano,

No terreno das nossas ações,

Teremos o ano inteiro

Eterna primavera em nossos corações.

A FONTE



Elda Nympha Cobra Silveira

Não sabia que iria nascer e irromper pela fissura da terra na montanha. A mãe Terra se abriu e devagarzinho, como se fosse despejar um dejeto de suas entranhas lentamente, aos poucos, mais forte, mais forte, foi surgindo como uma nascente.
Deslizando e dando os primeiros passos, foi se espalhando meio titubeante, até com o tempo tornar-se um regato. Transpôs vales e matas verdes e sombreadas onde somente havia paz e sossego. O corpo líquido era fresquinho e transparente. Aos poucos peixinhos nadavam acompanhando a massa de água nessa viagem prazerosa, margeando vales, prados e matas, quando saciava a sede dos animais que vinham à sua procura e ganhavam seu retrato ao se debruçarem nas suas margens, através do reflexo de suas cabeças e corpos. Depois de saciados, se afastavam pisando firme empolgados com suas belas imagens refletidas naquele cristalino espelho.
Outros ribeirões se juntaram e engrossaram o regato, que passou assim à categoria de rio. Por causa de seu caudal transportava barcos de passeio e de pesca e todos  amavam, aquela bonita corrente de água, que era muito útil para o transporte de víveres. Os barcos e iates grã-finos desciam e subiam aquelas águas e iam ouvindo durante à viagem todo gênero de conversa, desde os causos do pescador, do trabalhador rural, do fazendeiro ou do turista, cada um dentro do seu tipo de assunto e vocabulário.
Com tanta experiência de vida, aquela massa de água começou a sonhar com o seu destino e descobriu que um dia encontraria o mar, onde haveria outros tipos de peixes, de pessoas, transatlânticos de luxo e as margens seriam de outros países que nunca havia visto.
Ansiando por esse destino começou a correr cada vez mais, e mais, deslizando, formando cascatas, como se empurrasse um tobogã, naquelas alturas vertiginosas. Ufa! Enfim, o rio e o mar se tornaram um só e eles conheceram juntos centenas de seres marinhos e as conchas recheadas de perolas. Então, misturado com as águas marinhas, descansou nas areias amarelinhas, e cheias de crianças e jovens lindas, que tomavam sol e acariciavam as ondas que quebravam nas praias de muitos países.
Em alguns momentos aquela corrente de água doce, além de se sentir muito maior, tinha momentos de mau-humor, por causa da lua, que lá no céu, bem longe,  insistia em brigar com ele. O caudaloso rio transformado em mar convivia também com as estrelas que não eram do céu, mas do mar. Pensava que naquelas lonjuras, tudo era muito diferente do tempo em que ele tinha margens, onde os pássaros eram outros muito diferentes das aves marinhas que voavam acima daquele rio que agora era parte do mar... Mas ninguém deixa de pensar no passado e sentir saudades do tempo em que ele era apenas um regato inocente, a procura de novas experiências.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

ANEL





Maria Madalena Tricanico de Carvalho

A música era animada e muito antiga. Todos cantavam ou tentavam cantar acompanhando os músicos ou a capela mesmo.
Sentei ao seu lado e ela me olhou sorrindo. Eu também sorri. Ela olhava para mim e para o anel fantasia, mas nada discreto, em seu dedo como se quisesse que eu notasse logo, imediatamente,
- Que  anel charmoso! Bonito né!
- Ganhei do meu namorado! Quer conhecer ele? É aquele ali!
Olho para o rapaz que ela  me mostra e vejo que é um dos cuidadores ainda bem jovem em relação a divina plateia  de idosos.
- Sabe, quando eu era moça gostava muito de namorar. Namorava moço bonito e bem  apanhado!
Apanhado!  Que eu saiba não tem arvore de namorado para que se possa apanhá-los!
- Não boba! Apanhado é bem apessoado!
- Ótimo! Entendi, agora é mauricinho!  Então você era chegada num namoro quente, cheio de abraços e beijos.
- Não! Vou explicar  como era o namoro no meu tempo de moça: íamos no jardim do centro e os homens davam a volta pelo lado de fora e nos mulheres pelo lado de dentro e trocávamos olhares. Quase sempre eram assim. Teve colegas minhas, que namoravam rapazes e as vezes eles nem sabiam.
Ah! Entendi quando ela me mostrou seu namorado que tinha lhe dado o anel. Isto era mesmo “em algum lugar do  passado”.
-Quando você permitia que o rapaz se aproximasse  para conversar o namoro ficava sério e era para casar, por isso tenha que pensar bem para não ficar falada.
- Então você teve vários namorados de olho no olho e nada mais? E sobre casamento? Com quem você casou?
- Não quero falar sobre isso. Meu namorado é ciumento.
A música alegre envolvia todo o salão e os cuidadores iam preparando os idosos para voltarem para seus aposentos e depois iriam almoçar.
-Está bem! Não vamos falar do passado. Você gosta de morar aqui no Lar junto com os idosos?
-Gosto! Gosto muito! É muito alegre e divertido! Posso rezar, se eu quiser, cantar,  passear só um pouco com ajuda do meu namorado....
Enquanto eu prestava atenção nesta velhinha simpática e de bem com  vida ia observando os acolhidos saindo do salão de acordo com suas possibilidades: com suas próprias  pernas, apoiados  por cuidadoras,  em cadeiras de rodas...Minha amiga ficava ali  tranquila sentada em sua cadeira e para surpresa minha o cuidador, seu namorado, chegou e com todo o respeito perguntou:
- Quer ir agora? Ajudou-a a se levantar, deu o braço e ela com dificuldade foi andando amparada pelo braço forte e jovem do seu namorado secreto  e me olhando  atrevidamente “vou com meu namorado e você?”,  como se eu fosse uma de suas companheiras da comunidade.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Rosa é rosa... Mãe é mãe...



Lídia Sendin

Mesmo rosas, que são muitas,
Em forma, perfume e cor,
Sendo várias, não são múltiplas,
No sofrer por seu amor.

Rosas não vivem em escombros,
Nem escondem sua beleza,
Mães vivem cheias de assombros,
Entre ânsias e incertezas.

Flores nunca se desdobram
Para um seu botão voar,
Pelos filhos as mães choram
Sonhando em vê-los voltar.

Num coração sem tamanho,
Que pra abrigar se distende,
Pra mãe não há filho estranho,
É cria, é luz simplesmente.

Rosas se prendem com laços,
Mas murcham ao sol nascer,
As mães envolvem em abraços
Que não se pode esquecer.