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Reunião na Biblioteca

sábado, 11 de julho de 2020

Alice no país dos pesadelos



Ivana Maria França de Negri

            Aninhada na rede, Alice balançava... Seus pensamentos iam e vinham no ritmo do balanço.
            O sol, cansado de iluminar o dia, se escondia no horizonte, tingindo-o de tons alaranjados e vermelhos.
            Alice, num morno torpor, não conseguia manter os olhos abertos. As pálpebras pesavam. O gatinho no seu colo, há muito já se entregara aos braços de Morfeu.
            Foi quando um som esquisito a acordou. Um exército de pequenos seres estranhos a cercaram e o seu gato. O animal deu um salto, como só os gatos sabem dar e se posicionou alerta, de orelhas em pé.
            Sua dona, ainda sonolenta, perguntou: “quem são vocês e o que fazem aqui?”
            “Levante-se Alice”, disse o que parecia ser o chefe deles. “Não temos muito tempo, o planeta precisa ser salvo”.
            A menina pensou ainda estar sonhando, mas viu que estava no pior dos pesadelos...Desviou-se de uma nuvem voraz de gafanhotos famintos que devoravam toda área verde ao seu redor. Viu também milhares de pessoas sucumbindo a uma peste invisível sem que nenhum governante pudesse fazer algo para salvá-los.           Até os mais importantes mandatários mostravam-se impotentes.
            Erguia-se à sua frente uma nova Torre de Babel, construída por destros e canhotos que não se entendiam. Gritavam impropérios uns aos outros, cada qual dono da sua verdade. Estava um caos, a turba selvagem alimentada por um único sentimento: o ódio.
            Alice se perguntava naquele momento como poderia ajudar aquelas criaturas que seguiam primitivos instintos. Elas estavam cegas, viam tudo através das lentes deformadas de sua consciência reduzida. Espíritos bestializados, pensou ela.
            E para piorar o cenário apocalíptico daquele melodrama planetário, aconteciam simultaneamente  enchentes, secas, terremotos, furacões, maremotos, vulcões dormentes acordavam e expeliam suas lavas incandescentes. Sons estranhos vinham dos céus. O que mais faltava?
            Foi quando viu uma gigantesca bola de fogo se aproximando acelerada, tendo em seu trajeto o planeta Terra. Com a força que aumentava, iria atingi-lo em cheio, e o impacto não deixaria sobrar pedra sobre pedra E ela lembrou que era exatamente isso que diziam as sagradas escrituras.
            Alice fechou os olhos. Não queria testemunhar esse desastre, a destruição de um planeta tão lindo, a natureza maravilhosa, rios e mares de tons azuis turquesa e verdes esmeralda, animais de tantas formas e tamanhos. Como mudar esse destino?
            Nesse momento crucial, os serzinhos voltam com um bebê envolto em panos. “Ele é a salvação!” disseram. “Vai crescer e sua palavra mágica vai magnetizar multidões, enternecer corações, os povos vão se unir. E a paz reinará.”
            E foi o que aconteceu. A aura do planeta doente foi sarando, as intempéries se aquietando, a natureza se acalmando, o vírus fez as malas e foi embora, e até o meteoro gigante resolveu desviar sua rota. O bebê era tão frágil, mas ao mesmo tempo, muito poderoso! E eles contaram a ela o nome desse poder: AMOR!
            Alice acordou muito feliz! E dentro dela, uma força poderosa nascia também.      Ela acariciou o gatinho, que devolveu o carinho com um sonoro rom rom.
            E nada mais seria como antes...O planeta estava salvo!

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