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Reunião na Biblioteca

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

ANIVERSÁRIO DAS CIDADES



                                                                       Pedro Israel Novaes de Almeida        
                      
              As cidades, assim como as pessoas, também aniversariam.
            As comemorações deveriam servir para cultuar a história, lembrando os bons feitos dos que ali habitaram e as brilhantes carreiras dos que ali nasceram.  Os malfeitos e fracassos dos conterrâneos não precisam constar das festividades, mas fatalmente são revividos e comentados em esquinas e praças.
            Todas as cidades possuem hinos, não raro pouco modestos, como se todo município brasileiro fosse composto por um povo heroico, hospitaleiro e trabalhador. Qualquer letra que dissesse o contrário não chegaria a hino.
            Na verdade, salvo raríssimas exceções, a história das cidades é produto das famílias que habitaram sua história. Famílias, não raro poderosas, com cargo político ou potencial econômico permeiam as anotações históricas.
            Cidadãos anônimos, que também construíram as cidades, acabam lembrados, vez ou outra, como verdadeiros fenômenos ou mera curiosidade. Existe o popular bêbado da praça, o atleta vencedor, o pensador empobrecido, aquele que ganhou na loteria, o que matou a sogra, o que compunha e cantava maravilhosamente, e o vereador eterno, sempre campeão de aplausos e repulsas.
            Por entre os relatos fidedignos dos historiadores, surgem sempre  as suspeitas histórias contemporâneas, em que o prefeito de plantão assume o papel de herói, que pagou as dívidas dos antecessores e ainda conseguiu muitas obras e serviços.
            As comemorações dos aniversários das cidades brasileiras possuem um ingrediente comum: o palanque de autoridades, onde a disputa pela primeira fila é aguerrida, e perante o qual as fanfarras capricham no ritmo e as balizas demonstram suas melhores dotes. Em alguns municípios, o povo que fica no palanque é mais numeroso que o outro, espalhado pelas imediações.
            Os palanques fazem parte de uma realidade secular, ainda não decadente, em que o mais importante não é a data histórica e sim as pessoas que insistem em demonstrar poderio, social ou político. Dentre tantas categorias profissionais do funcionalismo público, só os professores são forçados ao comparecimento às comemorações, com assinatura de ponto e consideração como dia letivo.  Discriminação das piores !
            Poucos municípios mantém a tradição, das melhores, de manter uma banda municipal, que segue o ano inteiro alegrando ambientes e marca presença nas comemorações.
            Apesar dos ridículos e personalismos dos palanques, e das explícitas demonstrações de vassalagem de parte da população, os aniversários podem e devem ser comemorados, constituindo ocasiões em que a cidade pode conhecer entidades e feitos que, no dia-a-dia, desconhece. Um pouco de patriotismo, ainda que municipal, é sempre benéfico.

            As cidades, todas, merecem nossos parabéns, algumas por haverem resistidos aos históricos ciclos políticos, outras por abrigarem uma população que segue sobrevivendo e acreditando.

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