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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O canto do galo


Ouvindo a leitura do texto “O galo”, de Rubem Alves, evoquei passagens de minha infância e de outras pessoas, que também conviveram em ambiente campesino.
Era uma festa ficar, à tardinha, vendo a volta dos colonos, após mais um dia de trabalho, com as carroças cheias de capim verde ou ponta de cana para os animais; outros, com enxadas e facões, vestidos com trajes de tecido grosso, grandes chapéus de palha, luvas nas mãos, na época do corte da cana.
Prolongava o meu passeio, para ver e ouvir o cacarejar das galinhas, na hora de se acomodarem nos galinheiros e nos poleiros, por elas improvisados nos galhos das árvores. Nos meus cinco anos, não entendia como conseguiam dormir tão desajeitadamente. Imaginava que o galo de penas de um marrom avermelhado, sempre cantando e fazendo a corte para um grande número de galinhas, durante o dia, as velaria no sono noturno, tal como o rei bondoso de uma história que me contaram. Este sim velava pelos seus súditos.Quantas vezes corri em companhia de minha mãe, para acudir as galinhas caipiras (de um vermelho bronzeado), as suas “queridas popocas”, com as quais ela conversava! Elas, e também o galo, quando assustados emitiam o que chamávamos de canto de guerra. Foi num desses alvoroços que meu pai foi verificar o que havia de estranho, e a cobra jararacuçu o picou.
Mas, esquecendo esse lado do galo, de líder mandão, tenho saudade do seu canto, muitas vezes até estridente, que me acordava e avisava que a aurora chegara. Os tempos são outros e não ouço mais seu canto, principalmente na paisagem urbana. Chego a desejar, ser de novo despertada por ele. Dá até para repetir aquele jargão popular: “A gente era feliz e não sabia.”
Ao escrever sobre esses galináceos, que tanto marcaram minha infância e juventude, lembrei-me da querida amiga escritora, Virgínia Prata Gregolim, que também teve grande parte de sua vida em ambiente rural, e descreveu-o poeticamente, em seu livro “O canto do galo preto”. Ele foi o símbolo dos dias áureos de sua trajetória nesse Planeta-Terra.
Quanta lembrança boa o canto do galo nos traz!
P.S. Coincidentemente, escrevi esse texto próximo da data de natalício de Virgínia: dia 20 de setembro. Cara amiga, na paz divina, receba o carinho de todos os amigos escritores.

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