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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Minimalismo

Ivana Maria França de Negri 

Termo em voga atualmente, vejo muita gente se autointitulando minimalista, no sentido de viver com pouca coisa, não guardar nada, consumir o necessário e ter uma casa “clean”, livre de adereços, enfeites, quadros, porta-retratos etc.

Fico com um pé atrás quando tocam nesse assunto.

Considero-me uma pessoa amiga do planeta, ecológica, vegetariana, evito sacolas plásticas, reciclo tudo o que posso, compro o necessário, separo o lixo, não uso couro, peles, nada de origem animal. Mas minha casa é cheia de “coisinhas” como costumam dizer.

Adoro vasinhos de flores, porta-retratos com fotos da família, filhos, netas, animais de estimação, gosto de encher as paredes de quadros, e não ligo para seguir normas de decoração como ditam os arquitetos e decoradores.

Minha casa é a minha cara. Tem uma profusão de cores. Não gosto de nada cinzento. Tudo tem que ser colorido.

Tenho uma cristaleira com muitas de lembranças de viagens. Cada peça conta uma história, e, tocando nelas, recordo as emoções vividas.

Tenho a árvore dos sonhos, onde penduro chaveiros, e pecinhas pequenas adquiridas nas muitas viagens que já fiz.

Coleciono aventais, presépios, abridores de garrafas, esculturas de gatos, e minha geladeira está lotada de ímãs do mundo todo!

Tenho gavetas cheias de pedacinhos de saudade...Desenhos que meus filhos fizeram quando crianças, seus primeiros cadernos escolares, lembrancinhas de batizado, primeira comunhão, de quinze anos, de casamento. E gora se acumulam desenhos, cadernos e tudo o mais das netinhas, e dezenas de álbuns de fotografias!

Não consigo ficar com fotos apenas no celular, na tal “nuvem”, gosto de vê-las impressas em papel e cada viagem que fazemos, eu escolho as melhores fotos e faço um álbum bem bonito, decorado e com legendas.

Fora as fotos de família que acabaram ficando comigo, de avós, pais, primos, tios e até bisavós. São a história viva que tenho guardada.

Por isso não sou e nem quero ser minimalista. Um dia, quando eu me for, podem jogar fora, mas enquanto estou aqui, são importantes para mim.

Meu marido até comentou: se todos fossem minimalistas, não haveria História, nem antiquários, nem museus, pois o que conta a história são peças, fotos, textos, livros que alguém guardou e preservou.

A Internet é algo recente na história da humanidade. Uma pane mundial, uma tempestade solar, um apagão gigante, e perde-se tudo o que está acumulado na tal nuvem, causando grandes impactos em bancos digitais (some o dinheiro de todo mundo!), empresas aéreas, hospitais, seria o caos, uma reação em cascata de sistemas de “nuvem”.

Estamos cada vez mais dependentes de computadores e chega nova escravidão, a qual iremos nos curvar, a Inteligência Artificial.

Concordo que devemos nos desapegar de coisas inúteis, que não trazem memórias e só ocupam espaço e poeira. E doar roupas, sapatos, louças, tudo o que não usamos mais e pode servir para alguém. Mas nos desfazermos de coisas que nos fazem bem, jamais!

E também, destralhar é um ato que não deve ser feito só com objetos e sim com pessoas e pensamentos que não nos fazem bem...

Que me desculpem os defensores do minimalismo, mas essa é a minha opinião.

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