Ivana Maria França de Negri
Termo em voga
atualmente, vejo muita gente se autointitulando minimalista, no sentido de
viver com pouca coisa, não guardar nada, consumir o necessário e ter uma casa
“clean”, livre de adereços, enfeites, quadros, porta-retratos etc.
Fico com um pé
atrás quando tocam nesse assunto.
Considero-me uma
pessoa amiga do planeta, ecológica, vegetariana, evito sacolas plásticas,
reciclo tudo o que posso, compro o necessário, separo o lixo, não uso couro,
peles, nada de origem animal. Mas minha casa é cheia de “coisinhas” como
costumam dizer.
Adoro vasinhos de
flores, porta-retratos com fotos da família, filhos, netas, animais de
estimação, gosto de encher as paredes de quadros, e não ligo para seguir normas
de decoração como ditam os arquitetos e decoradores.
Minha casa é a
minha cara. Tem uma profusão de cores. Não gosto de nada cinzento. Tudo tem que
ser colorido.
Tenho uma
cristaleira com muitas de lembranças de viagens. Cada peça conta uma história, e,
tocando nelas, recordo as emoções vividas.
Tenho a árvore dos
sonhos, onde penduro chaveiros, e pecinhas pequenas adquiridas nas muitas
viagens que já fiz.
Coleciono
aventais, presépios, abridores de garrafas, esculturas de gatos, e minha
geladeira está lotada de ímãs do mundo todo!
Tenho gavetas
cheias de pedacinhos de saudade...Desenhos que meus filhos fizeram quando crianças,
seus primeiros cadernos escolares, lembrancinhas de batizado, primeira
comunhão, de quinze anos, de casamento. E gora se acumulam desenhos, cadernos e
tudo o mais das netinhas, e dezenas de álbuns de fotografias!
Não consigo ficar
com fotos apenas no celular, na tal “nuvem”, gosto de vê-las impressas em papel
e cada viagem que fazemos, eu escolho as melhores fotos e faço um álbum bem
bonito, decorado e com legendas.
Fora as fotos de
família que acabaram ficando comigo, de avós, pais, primos, tios e até bisavós.
São a história viva que tenho guardada.
Por isso não sou e
nem quero ser minimalista. Um dia, quando eu me for, podem jogar fora, mas
enquanto estou aqui, são importantes para mim.
Meu marido até comentou:
se todos fossem minimalistas, não haveria História, nem antiquários, nem
museus, pois o que conta a história são peças, fotos, textos, livros que alguém
guardou e preservou.
A Internet é algo
recente na história da humanidade. Uma pane mundial, uma tempestade solar, um
apagão gigante, e perde-se tudo o que está acumulado na tal nuvem, causando
grandes impactos em bancos digitais (some o dinheiro de todo mundo!), empresas
aéreas, hospitais, seria o caos, uma reação em cascata de sistemas de “nuvem”.
Estamos cada vez
mais dependentes de computadores e chega nova escravidão, a qual iremos nos
curvar, a Inteligência Artificial.
Concordo que
devemos nos desapegar de coisas inúteis, que não trazem memórias e só ocupam
espaço e poeira. E doar roupas, sapatos, louças, tudo o que não usamos mais e
pode servir para alguém. Mas nos desfazermos de coisas que nos fazem bem,
jamais!
E também,
destralhar é um ato que não deve ser feito só com objetos e sim com pessoas e
pensamentos que não nos fazem bem...
Que me desculpem
os defensores do minimalismo, mas essa é a minha opinião.
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