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Reunião na Biblioteca

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Milagrar de flores


Crônica da segunda-feira
Olivaldo Júnior

Prefiro as máquinas que servem para não funcionar:
quando cheias de areia de formiga e musgo – elas
podem um dia milagrar de flores.
Manoel de Barros, poeta brasileiro

E não realizou muitos milagres ali, por causa da incredulidade deles. Mateus 13:58

            Hoje, de manhã, no meu caminho habitual, na rua que ladeia a escola em que trabalho, vi uma porção de minúsculas flores se mexendo em fila indiana, como se fosse por mágica, ou, melhor ainda, por milagre. Eram florezinhas amarelas, bem miúdas, se movendo, tênues.
            Eu, quando vi aquelas florezinhas “caminhando”, sabia que, por trás daquela aparente mágica, ou radiante milagre, havia uma formiga, e mais uma, e mais outra, como se desfilassem pela calçada, tão esburacada quanto nosso ânimo em crer nos pequenos milagres.
            Particularmente, acho tudo um milagre. Não que não me revolte com muitas coisas que têm acontecido no mundo, mas aquele “milagrar de flores” que as formigas dessa segunda-feira me proporcionaram rendeu-me pelo menos uma crônica e o instante ao vê-las.
            Segunda-feira, aliás, tem tudo a ver com formiga. Ativas por natureza, vão e vêm o dia inteiro, como se a razão da vida delas fosse o trabalho. Workaholics, ou seja, viciadas em trabalho, lidam com as coisas como se a vida precisasse ser (re)construída a cada momento.
            Milagrar. Esse verbo, presente num poema de Manoel de Barros, poeta brasileiro, é um verbo bonito. Crer nos milagres também é milagrar um pouco. Eu já milagrei bem mais do que tenho milagrado hoje. Talvez, por isso mesmo, eu tenha visto de manhã o meu “milagre”.

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