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Reunião na Biblioteca

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Decrescência


DECRESCÊNCIA
Carlos Moraes Junior

Se Cristo voltasse seria nerd ou racker? Com a estrutura deificada de sua personalidade, seria tudo isso e ainda teria a solução para os mistérios da matrix e não para os problemas do mundo, com certeza. Como os homens são imperfeitos, animalizados e irracionais, têm problemas insolúveis, que nem uma divindade seria capaz de resolver!
E o ser humano tem a pretensão de ser a imagem e semelhança de Deus. Pobre coitado! Deus não polui, não mata por dinheiro nem em nome de si mesmo. Deus não destrói, não escraviza populações inteiras por causa do lucro. Deus não é egocêntrico e tem sabedoria infinita. E onde está a sabedoria humana, que alicerça a ilusória civilização? Ter sabedoria e contribuir para que milhões morram de fome, subnutridos, é pagar para que milhões sejam dilacerados em guerras inúteis, que apenas satisfazem à testosterona da macheza e da bestialidade. Não tem qualquer animal mais sabedoria que o ser humano, quando mata somente para se alimentar e demonstra sua pacificidade e sua benevolência para os membros da própria espécie?
Se Cristo voltasse seria humano ou uma gaivota, talvez um cavalo-marinho, quiçá um peixe colorido, ou mesmo uma borboleta? Inconformado com tanto genocídio, muitos em nome da fé, inconformado com a destruição do Planeta, antes da extinção da vida, talvez tramasse a continuidade dela impregnando de energia um simples micróbio, ou um esporo marinho. Para que o deserto e a desolação fossem novamente contaminados pelo milagre do ressurgimento.
Não seria tão humano a ponto de tropeçar na mesma pedra duas vezes! Desta vez corrigiria alguns erros e concluiria que o ser humano não precisa de um Mestre, por não lhe ser dado ter o arbítrio, porque o ser humano jamais estará preparado para escolher caminhos que levem à paz, ao amor e à felicidade. Um vândalo, um predador, uma verdadeira praga egoísta e megalômana, ao invés disso, deve ter um Pai severo, que lhe imponha um código rígido de regras e serem seguidas, pois não merece a liberdade, mas sim as rédeas e o cabresto da autoridade, para que, pelo menos, diminua o negror que traz dentro de si.
Quanto tempo ainda temos de vida civilizada, antes que alguma catástrofe nos leve de volta às cavernas? Não temos certeza, mas temos medo. Medo de perder os privilégios que nos levaram às estrelas, ao espaço, ao infinito microscópico, às profundezas do mar. Temor de perder, num décimo de segundo, milênios de caminhada, todo um genoma que nos fez nascer com o occiptal, um ossículo tão sem importância, numa posição privilegiada, o que foi fundamental para as nossas feições humanas. O medo de perder milênios de tecnologia avançada por causa do descrédito e da ignorância.
Porém, se num dado momento a humanidade, por uma lástima ou algum meandro engendrado pelo destino, tiver que habitar em cavernas, e num verdadeiro retrocesso, for obrigada a começar do zero, pelo menos, terá uma segunda chance, outra oportunidade para rever tudo o que a fez chegar à decrescência. O homem terá uma outra oportunidade para conquistar o livre arbítrio, e quem sabe consiga usá-lo com alguma utilidade e sabedoria, se buscar Cristo, não na ganância monetária, nos templos ricamente ostentados, nas verdades absolutas que levam à falácia, ao fanatismo e ao orgulho portentoso, que traz sempre a intolerância e o conflito, mas sim, onde ele verdadeiramente deve estar: embaixo de uma pedra, sob a leveza de uma folha seca ou no estalido de um graveto ressequido!

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