As reuniões do Grupo Oficina Literária de Piracicaba são realizadas sempre na primeira quarta-feira do mês, na Biblioteca Municipal das 19h30 às 21h30

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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Oficina da escritora Carmen Pilotto nesta quarta-feira

Nesta quarta-feira, às 19h30, tem oficina literária do Golp na Biblioteca Municipal a cargo da escritora Carmen Pilotto


Evento gratuito aberto a quem gosta de escrever

sábado, 3 de novembro de 2012

O que você está lendo?



Irene Scudeller da Silva é admiradora da
obra literária de Lygia Fagundes Telles


Lygia Fagundes Telles é uma das mais admiradas escritoras brasileiras. Muito cedo demonstrou interesse em guardar pequenas histórias que lhe eram contadas, para transformá-las em obras na adolescência e no futuro brilhante que a esperava. A vocação para a literatura recebeu valioso incentivo de nomes consagrados dos meios literários, incluindo entre eles Carlos Drumond de Andrade e Érico Veríssimo, que reconheceram seu talento na arte de escrever. É autora de romances, contos e crônicas, tendo sido merecedora de importantes prêmios pelo conjunto de sua obra, entre os quais o Prêmio Camões de língua portuguesa.
            Guardo comigo vários de seus livros, entre os quais o que estou lendo no momento, recentemente lançado. Trata-se de “O Segredo e outras histórias de descoberta”, uma coletânea de cinco belíssimos contos, com textos revelados sob a ótica da juventude. São histórias que relatam sentimentos de jovens adolescentes na descoberta dos mistérios da vida e dos caminhos da poesia.
            Os textos de Lygia Fagundes Telles se desenvolvem dentro de características bem peculiares de seu modo de narrar, viajando por entrelinhas, sem perder de vista o foco do tema proposto aos personagens da história.
            “O Segredo e outras histórias de descoberta” é um livro agradável de ler e remete o leitor a um tempo em que os adolescentes  passam por uma nova etapa na vida, que lhes provoca dúvidas e instabilidade emocional.  

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

DIGO ADEUS AOS MEUS MORTOS


Alfredo Cyrino


Hoje, me despeço das lembranças metálicas,
pungentes, meticulosamente gravadas,
dos rancores, tristezas, ressentimentos.

Deixo no passado, abandonados,  
os cuidados, as atenções e os bens que não tive,
as crenças absolutas e os grandes embates inúteis,
as lutas vencidas e perdidas, por nada,
os perdões negados, as culpas e os culpados,
os sonhos e planos inconclusos
que cansei de perseguir.

Deixo ao destino as mensagens
feitas de mãos, coração e alma,
lançadas ao mar do tempo
que há milênios me traz o açoite das ondas
vazias de respostas, já desnecessárias.

Digo adeus aos meus mortos,
a todos os que dentro de mim aprisionei.

Dos seus corações retiro as adagas
das dores secretas, somente minhas.

Do meu feroz pensamento os liberto
para a paz que lhes tomei.

E retomo a caminhada,
com o peito vazio,
pleno de perdas e saudades.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

SUPERAÇÃO



Luzia Stocco

Por muitos me apaixonei
A alguns amei
Por poucos esperei
Com dezenas sonhei
Caminhei com os heróis
Compartilhei lençóis
Afugentei temporais
Não troquei anéis
Emoções neguei
Nos impulsos, magoei
Sem perder-me, desencontrei
Alguns, a mim se entregaram,
Desesperaram
Estanquei-me
E das cinzas, renasci
Pois não me subestimei!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Seminário sobre Africanidades



Curso de Letras e Centro de Documentação e Cultura Negra realizam seminário sobre africanidades


O curso de Letras-Português da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) e o Centro de Documentação e Cultura Negra realizam na próxima quarta-feira, dia 31, às 19h30, no Auditório Verde da Universidade, o I Seminário sobre Africanidades do Curso de Letras. O evento é aberto a todos os interessados e a entrada é franca.
  

PIRACICABA, 29 de outubro de 2012 – A complexidade da História da África e a beleza de sua cultura são referências fundamentais para aqueles que querem conhecer mais a fundo a origem e a formação do povo brasileiro. Tema transversal obrigatório no currículo escolar do ensino fundamental ao superior, a cultura africana vem também conquistando cada vez mais espaço no cenário universitário, entre estudantes de graduação dos mais diversos cursos e pesquisadores pertencentes a diferentes programas de pós-graduação de universidades públicas e privadas. Atentos a esse movimento, o Curso de Letras-português da Unimep e o Centro de Documentação e Cultura Negra de Piracicaba promovem na próxima quarta-feira, 31, o I Seminário sobre Africanidades do Curso de Letras. O Evento acontece no Auditório Verde da Unimep, a partir das 19h30, com entrada franca.

Pensado a fim de proporcionar uma maior reflexão sobre a importância da tradição histórica e cultural africanas, o seminário contará com a participação dos professores Antônio Filogênio Júnior (da Faculdade Claretianas de Rio Claro) e Josiane Maria de Souza (Unimep). Antônio Filogênio Júnior é filósofo, teólogo, especialista em Filosofia e em Ensino da Filosofia. A professora Josiane Maria de Souza é doutora em Teoria e História Literária e coordena o curso de Letras-português da Universidade Metodista de Piracicaba. Na pauta programada para esse seminário estão questões referentes à História oral da África, à literatura africana contemporânea de países lusófonos e a aspectos gerais da cultura e da religiosidade africanas. Os professores lerão também trechos de livros selecionados por eles especialmente para a ocasião.

A literatura africana lusófona, como a angolana e a moçambicana, há tempo tem o seu lugar garantido entre os leitores portugueses, mas no Brasil esses autores começaram a conquistar maior espaço há pouco tempo – comenta a professora Josiane Maria de Souza. “A presença de autores como o angolano José Eduardo Agualusa e do moçambicano Mia Couto no cenário brasileiro favoreceu o contato do leitor brasileiro com a literatura pós-colonial africana,” destaca a professora. E a força dessa temática parece ser tanta que o curso de Letras-português da Unimep introduziu, já para 2013, a disciplina de Literatura Africana no programa de disciplinas do curso. “É importante que o professor de língua portuguesa conheça essa literatura a fim de que possa introduzir o tema em sala de aula, orientando a leitura de seus alunos,” afirma Josiane.       
  
O Seminário é aberto a todos os interessados e espera receber, em especial, professores de literatura, história e filosofia. Além disso, os organizadores contam ainda com a presença de alunos do ensino médio das escolas da cidade – uma vez que o tema diz respeito também a um conteúdo que pode ser cobrado em alguns dos principais vestibulares do país.


Serviço

I Seminário sobre Africanidades do Curso de Letras-português da Universidade
Metodista de Piracicaba.

Local: Auditório Verde da Unimep
Data e horário: quarta-feira, 31, às 19h30
Entrada franca

Contatos: Josiane Maria de Souza. 3124-1687
               Alexandre Bragion: 9733-4933 /33742077  

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

É BOM MUDAR O RUMO DAS COISAS?



Plínio Montagner

Ninguém discorda de que os pais têm a obrigação de educar os filhos a fim de que consigam escolher por si os melhores caminhos. Mas esse empenho da família parece que nunca termina. É! Não termina mesmo.
Famílias unidas são como touceiras de bambus, cujas raízes e caules entrelaçados, se vergam quando açoitados pelo vento, mas suportam as mais fortes tempestades.
Filhos fora de casa, mesmo por pouco tempo, deixam os pais aflitos. Talvez por isso estejam permanecendo mais tempo na casa dos pais.
Os filhos anseiam sua independência, viver a própria vida. Mas sem dinheiro, sem emprego, sem segurança, como deixar o aconchego confiável dos pais, por mais modesto que seja?
Nessa relação de dependência econômica familiar as ingerências dos pais acontecem. Afinal são eles que provêm a família.
O que mais preocupa são as cobranças, embora necessárias, praticadas de forma invasivas, ou inadequadas, a ponto de humilhar o outro.
Em verdade, quem não aceita conselhos e críticas deveria viver sozinho; mas, se ficar junto à família, tem a obrigação de seguir as regrinhas básicas do convívio familiar.
Mudar a personalidade dos outros é algo inimaginável, pessoas são iguais à natureza.
Fazendo uma comparação com uma árvore que nasce torta - o que seria melhor - deixá-la do jeito que está ou tentar endireitá-la?
Filosofando um pouco, meu amigo Otto deu a resposta: a forma correta da árvore é a que está. Ela nasceu para ser torta.
Dizem os especialistas que o certo e o errado dependem da adaptação de nossa visão à realidade e aos costumes. É preciso entender que ninguém muda; fingem que mudam por precaução.
E mais, pessoa perfeita não existe, seja pai, mãe, padre, empregado, filho, filha, nora, genro, marido, mulher...
Meu pai resolvia situações conflitantes assim: cada um é como Deus fez.
Querer endireitar a forma de uma árvore a fim de deixá-la igual ou parecida às outras de sua espécie, vai acontecer que ela vai rachar, tombar e morrer.
Com amigos é igualzinho. Amizades ficam debilitadas por uma simples demonstração de sinceridade. É a hora em que a mentira é necessária.
Pessoas não são como casas, que podem ser reformadas.
Quem critica o outro a vida inteira, e vê que o outro não muda, por que não percebe que está fazendo a mesma coisa que o outro?
Até os 4 ou 5 anos de idade as crianças aceitam tudo o que ouvem, obedecem e aprendem. São como barro mole. Depois, não adianta mais insistir, o barro endureceu, a personalidade se formou, e vão fazer as coisas do seu jeito.
 Não é de pequenino que se torce o pepino?
 Muitos sofrimentos seriam evitados se o homem enxergasse as coisas do jeito que elas são, e não como gostaria que fossem.
Por isso é bobagem colocar nossas expectativas na vida dos outros, pois o “torto” pode ser a melhor forma de uma pessoa ou de uma árvore se desenvolver e viver.
O torto pode ser o mais bonito, mais disciplinado, mais perfumado, mais frutífero e mais querido do que os “perfeitos”.


sábado, 27 de outubro de 2012

O que você está lendo?


Escritor Camilo Irineu Quartarollo


ORDEM EM BABEL

Estou lendo o livro de Eloah Margoni, Babel.  Interessei-me notadamente pelo seu protagonista. A figura emblemática de Lucas, um médico de saúde da família. Lucas aparece narrando em primeira pessoa por mãos de Eloah. É homem, mulher, uma personagem híbrida ou o quê? Não, o sexo do protagonista é definido, terminantemente homem. Todavia Eloah trabalha uma personagem, não um estereótipo como se fazem nas propagandas, usando algo batido da cabeça do povão.
A questão de que se a personagem fosse mulher os leitores em geral iam vê-la como uma figura de mãe, pela força do arquétipo, e que culturalmente é cuida mesmo. Perder-se-ia o potencial que um homem pode desenvolver, a mulher talvez passasse despercebida na comunidade.
Por outro lado, observo que este rapaz não é um homem estereotipado, grosseiro, que vive de se prevalecer ou da autoafirmação masculina sobre as mulheres, mas de uma pessoa engajada. Um homem sensível, intuitivo, perceptivo, com qualidades femininas e de maternidade, mas não efeminado. Em conversa pelo Facebook a autora confessa que foi difícil decidir pelo sexo do protagonista, mas se o fez foi por um motivo próprio. Assim nasceu Lucas de Eloah, um homem diferente, os leitores verão.
Um ser humano como qualquer um, que gosta de vasos, flores, e pode incorrer em erros e contradições como encontrar larvas do aedes aegypit em sua própria casa. Contudo, quem o conhece, como nós leitores, saberemos que salvou muitos que vivem em extrema contradição e miséria extrema, triste e por vezes hilária, como é a vida.
Então, este Lucas não é um bentinho, diria, mas uma capitu, com todas as nuances que Eloah lhe deu.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A professora Marly e... Ana Bolena



Maria de Fátima Rodrigues

Tive ótimos professores, tanto no primário como ginásio e colegial que fizeram a diferença em minha vida, e gostaria de escrever sobre todos eles, mas decidi começar  por uma professora que admirava muito, onde estudei no Instituto Estadual de Educação Sud Mennucci, em Piracicaba-SP, durante sete anos, ginásio e colegial. Minha admiração por ela era por vários motivos: seu modo peculiar de lecionar e pela sua, digamos, “exuberante” personalidade e inteligência... minha professora de História Geral, Marly T. Germano Perecin! Hoje é historiadora proeminente nessa cidade, e com vários livros publicados.
... “Primeiro dia de aula de História Geral, da quarta séria ginasial: entrou na sala uma senhora elegante, de cabelos negros, pele alva e com uma bolsa lindíssima. O detalhe de um lenço de seda delicadamente nela enlaçado, era fantástico. Usava um batom vermelho, e o que mais me chamou a atenção foi seu anel no dedo, que era um relógio.
Imaginem um anel relógio? Alunos costumam prestar atenção na maneira de vestir de seus professores! É claro, que há diferença entre as observações das meninas e dos meninos! rs.
Apresentou-se, fez a chamada e disse à classe:
- “Não adotarei nenhum livro em especial, pois vocês é que o escreverão, porque prefiro consultar vários autores. Não quero que decorem a história, mas tenham o prazer de ouvi-la, tenham a curiosidade de saber como e por que os protagonistas tomaram essa ou aquela atitude. Tenham vontade de saber seus costumes, e anotem o que acharem interessante, os nomes, as datas, não só porque lhes será perguntado nas provas, mas para se situarem na época. E, ao ouvirem o nome deles, saibam em que eles contribuíram para a história da humanidade, mesmo que tenham realizado obras boas ou más, certo? Espero conseguir esse intento.”
E assim foi. Eu gostava de suas aulas, mas houve uma que nunca esqueci, pela maneira ousada com que relatou a história, e não “perdoou” nada sobre o rei, o bispo, a rainha, ninguém mesmo! Naquele dia ela estava inspirada:
- “ Hoje vamos falar sobre o rei Henrique VIII da Inglaterra, de sua corte, suas 300 esposas e mais 200 amantes! (nós sabíamos que era só “força de expressão”, é claro), e seu injusto e corrupto reinado e sua amante, que depois se tornou sua esposa, a qual, acredito eu, a que mais amou: ANA BOLENA.
 Ah! Quando ele se apaixonou por ela, coitada de Catarina, sua atual esposa, que morreu não se sabe como, nem de que... Bom, o bispo deveria saber, mas deixa prá lá!
Como definirei Ana Bolena: ela era solteira, mas não fanática ” (achei aquela definição, a maneira mais sutil e criativa de falar sobre uma mulher, para aquela época, muito independente. Nós rimos muito, com certeza!).
E continuou contanto a história, não só de sua trajetória como esposa de Henrique VIII, mas também das injustiças da administração do rei, descrevendo como viviam os pobres ingleses, do poder que a Igreja Católica tinha sobre a corte, etc... mas ele se decepcionou com Ana porque ela não conseguia ter um filho homem, é, acho que foi isso. Então, infelizmente alguém, se encarregou de arranjar um adultério para que o rei “não a perdoasse” e fosse condenada a morte. Acho que foi mais ou menos assim!
Sim, professora Marly, a senhora conseguiu seu intento: inspirou-nos a querer saber e compreender a História, e mais ainda, nos ensinou como contar uma história, pois se não fosse isto, eu não teria conseguido contar em apenas uma hora e meia para uma colega de classe, a Ivete, um livro de 600 páginas: “Quo Vadis?”,  de um escritor judeu, de um nome tão complicado que nem sei escrever direito, o qual nos foi solicitado ler para uma prova oral, para a nota mensal, e justamente para a matéria História Geral.
 Ela fazia parte de meu grupo, que eram cinco alunas, e contou-me que não tinha lido o livro, nem uma linha sequer, nem sabia do que se tratava a história, e teríamos uma prova oral de História Geral na última aula sobre do dito cujo. O que fizemos? “Matamos” duas aulas anteriores e eu tentei contar-lhe “meio estilo professora Marly”, e não é que deu certo?
Bom, chegou à última aula e a professora Marly “sorteou” os nomes,  para apenas um representar, portanto responsável pela nota do “grupo todo”. Adivinhem quem foi “sorteada”? Ela mesma, a IVETE!
Ela quase teve “um treco”, mas eu disse: vai lá e responda só o que tiver certeza, não “chute”! Pois ela conseguiu responder 60% das perguntas e sua, ou melhor, nossa nota foi 6,5 e a professora Marly, ao final, perguntou:
“- Ivete, só por curiosidade, por que você ficou olhando o tempo todo para a Maria de Fátima, quando respondia as perguntas?”
Ela deu um sorriso sem graça, e respondeu: -“Sei lá, acho que foi nervosismo, então olhei só para uma pessoa e me concentrar, só isso.”
Pois bem, professora Marly Therezinha Germano Perecin, depois de 34 anos a senhora ficou sabendo a verdade! rs.
E a Ivete teve que saber quem foi Nero, porque disseram que ele colocou fogo em Roma, quem foi Ligia, Marcus Vinicius, Caio Graco e Brutus. O que era um gladiador, qual o símbolo ou a “senha” dos cristãos (um peixe), e quando e onde Jesus disse:
 - “Quo Vadis Pedro?”
Tenho certeza de que esse foi o livro que a Ivete nunca leu... rs, e o qual jamais esqueceu, e nem eu!
Professora Marly, obrigada pelas suas prazerosas e “peculiares” aulas e exemplo de criatividade, como grande educadora que foi, e hoje historiadora que é.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Pé torcido



Ivana Maria França de Negri

Certos acontecimentos chegam em nossas vidas como maravilhosas lições de aprendizado. Na hora em que acontecem, podem parecer terríveis castigos, mas depois de um tempo, vemos que precisávamos mesmo passar por aquele capítulo na escola da vida.
Há algumas semanas, andando apressada na praça, de saltos altos, pisei em falso num desnível do chão. O salto virou e o pé foi junto... Em poucos segundos, ruíram meus planos de ir ao banco e em algumas lojas.
Uma dor inenarrável no tornozelo e eu caída no chão, sem conseguir me levantar. Vergonha e dor juntos. Mas um bom samaritano ajudou-me a levantar e não sei como, com a ajuda dos anjos e santos, consegui chegar em casa.
Por uma semana só consegui andar me apoiando em móveis ou com a ajuda de um cabo de guarda-chuva ou vassoura.
Na segunda semana, já conseguia me locomover, mas mancando bastante.
O mais complicado era contar dezenas de vezes o ocorrido para todos que perguntavam: “o que aconteceu?” Pensei até em escrever num papel e imprimir várias cópias para distribuir, mas achei que não seria uma boa ideia. Tive mesmo que recontar a mesma história para cada um que perguntasse sobre meu pé roxo e inchado.
Descobri que de médico e curandeiro todo mundo tem um pouco. Recebi dezenas de conselhos os mais diversos: “coloque o pé na água morna, coloque o pé na água fria, coloque o pé na água quente, coloque o pé na salmoura para desinchar, coloque uma bolsa de gelo sobre o local, passe arnica, coloque uma tala, passe gelol, vá benzer”, e outras receitas infalíveis segundo quem as dava.
Agradeço a boa vontade de todos em ajudar e confesso que segui algumas sugestões, e por fim, atendi ao apelo do meu filho (mais que um apelo, foi uma ordem!) e fui fazer ressonância.
Sou daquelas pessoas que não gosta de tomar remédios e vai ao médico só em último caso, apesar de ser esposa de médico, e ter filho, genro, nora, irmão, cunhado e sobrinhos médicos. Creio que puxei minha mãe, uma italiana teimosa.
Consegui, nestas semanas de repouso forçado, um feito inédito: desacelerar. Deixei de fazer coisas que não fizeram falta alguma. Como anuncia uma propaganda de banco, tem horas que a vida pede uma pausa.
Senti na carne a dor dos atletas, que ao superarem limites, vivem se contundindo e os técnicos e treinadores exigem deles recuperação em tempo recorde. Impossível uma recuperação relâmpago, pois não dá para consertar ossos e tendões com super bonder.
Aprendi muita coisa, inclusive, exercitei bastante a virtude da paciência.
Ainda não posso fazer as caminhadas matinais que tanto gosto e nem ir à  academia fazer ginástica. Mas melhoro a cada dia.
Prometi a mim mesma nunca mais rir das videocassetadas. Não me parece correto rir da desgraça alheia, Imagino a dor que eles sentem depois daqueles tombos e acidentes e o longo período de recuperação que se segue às quedas.
Não desejo esse tipo de coisa a ninguém. Mas, se por acaso tiverem que enfrentar algo parecido, só dou um conselho: aproveitem a experiência como uma lição, ao invés de maldizê-la, e tirem o melhor proveito possível, nem que seja usufruir de pequenas  férias forçadas.

sábado, 20 de outubro de 2012

O que você está lendo?




Maria Helena Aguiar Corazza, escritora e presidente da Academia Piracicabana de Letras


"MARIA DA GLÓRIA A PRINCESA BRASILEIRA QUE SE TORNOU RAINHA DE PORTUGAL". Autora Isabel Stilwell (consagrada em livros históricos em Portugal)

Com apenas sete anos, Maria da Glória torna-se rainha de Portugal. Sua infância foi vivida no Brasil segura pelo amor de sua mãe Leopoldina da Áustria. A ofuscar esta felicidade, apenas Domitília, a amante do imperador do Brasil e seu pai, D. Pedro I.
Após a morte da mãe em 1828 parte para Viena para ser educada na corte dos avós.
Prometida em casamento para seu tio Miguel (irmão de seu pai, o imperador), e traída por ele, que se declara rei de Portugal vai para Londres onde fica amiga de Vitória, a herdeira da coroa da Inglaterra tornando-se grandes amigas.
Aos catorze anos Maria da Glória pisa pela primeira vez o solo de Portugal. Teimosa e determinada após várias situações, inclusive de outro casamento, casa-se com D.Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, pai de seus onze filhos e assim, a "saga" continua, num livro ( que é muito lindo...), de quase setecentas páginas...".

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A CRIANÇA E A FLOR




Helena Curiacos Nallin

Dos encantos desta vida
Sem a nenhum desmerecer
Das belezas por Deus criadas
Sem as outras esquecer
A bela flor perfumada
E a criança ao nascer
São bênçãos nunca igualadas
Em nada que estamos a ver.

A flor é incomparável
A qualquer outra beleza
Que nos concede a natureza
A criança é como o perfume da flor
Trazendo-nos alegria e amor
Pois é pura como a açucena
E do criador ela acena
A grandiosidade que não podemos ver.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

AMARGA INVERSÃO



Carmen M.S.F. Pilotto


Sou pequenina da perninha grossa, vestidinho curto papai não gosta”
Cancioneiro Popular – folclore brasileiro


Na ordem não natural dos fatos
O pai contempla a filha
E se recorda do aconchego ao colo
em cirandas entoadas
àquela boneca embalada
 numa cálida tarde de maio

Se Deus foi generoso em sua longevidade
Por quê entregou-lhe um fardo
De velar sua própria cria
No outono de sua vida?

O  terceiro mistério repassado
Na desgastada conta do terço
tenta a busca da serenidade
dos inexplicáveis desígnios divinos...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Premiação Escriba de Poesias 2012


Acontece neste sábado, 20 de outubro, às 20h, na Biblioteca Municipal, a premiação do 12º Escriba de Poesias 2012.   O primeiro colocado deste ano foi João Candido dos Santos Rodrigues, com “Lavando o pão de cada dia”. Em segundo lugar ficou Luiz Kifier com a poesia “Cecogramas” e em terceiro lugar a poesia “Diário de um jardim de papel”  de Jacqueline Lopes Salgado Soares.  
Também foram premiados Esio Antonio Pezzato pela poesia “Silêncio” na categoria Melhor de Piracicaba e Levi Mota Muniz por “Ser e não ser” na categoria Melhor de 15 a 17 anos. 
Marisa Bueloni foi selecionada para a antologia. Haverá apresentação musical de Marcelo Vidal e grupo. Evento aberto ao público.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Nos tempos de criança



Ludovico da Silva


Quem não traz consigo lembranças agradáveis dos tempos de criança! As meninas com as brincadeiras de roda, bonecas, amarelinha, passa anel, peteca, pata-choca, pula corda, bom barqueiro e os meninos com os jogos de bolinha gude, pião, carrinho de rolimã, rolar dentro de pneus, empinar pipa e outros entretenimentos para passar o tempo. Brincadeiras inocentes até entre meninas e meninos. Brinquedos feitos pelos próprios meninos. Que tempos saudosos que a memória nunca apaga! Talvez seja até por isso que pais e avós gostam de viver os tempos de criança, carregando os filhos de cavalinho nas costas e imitando corcovos, bem como brincando dentro de casa de esconde-esconde pega-pega, “tanda”, forca e tanto quanto mais que dão uma canseira danada. E as crianças riem dos esforços e pedem mais.
Hoje as brincadeiras são outras. As crianças preferem desenhos animados exibidos pela televisão ou passar o tempo com vídeo game e jogos de computadores. São épocas diferentes.
Não adianta fazer comparações. Os tempos são outros. Antigamente, as crianças não tinham as facilidades encontradas hoje, com tudo colocado à sua disposição, mas havia outras opções para se divertir.
Pode ser saudosismo, mas gosto de voltar um pouco no tempo. Eu fabricava caminhõezinhos, pregando uma lata vazia de marmelada Colombo em tábua de caixa de sabão de vinte e sete pedaços. As rodas eram de latas de graxa de sapato e os eixos de galhos de árvores bem roliços. A cabine do motorista era obra criativa de pedaços de madeira. Com isso, eu ficava horas me divertindo no quintal de minha casa, carregando materiais dos mais diversos tipos.
E como conversar ao telefone? Fácil. Um pedaço bem comprido de barbante ligado nas extremidades por duas latas pequenas de extrato de tomate Elefante. Nem sempre era audível, mas eu falava mais alto e o amigo respondia do outro lado e se ouvia tudo muito bem, não fosse pelas linhas telefônicas improvisadas pelo próprio som que o vento trazia. E a gente se divertia matando o tempo com conversa fiada ou combinando traquinagens inocentes, como nadar no rio por perto ou apanhar frutas nos pomares vizinhos.
Para os jogos de futebol, praticado nos campos reservados a pastagens de animais, quando não em terrenos irregulares, de terra batida, as bolas eram feitas de meias em desuso, esburacadas nos dedos e calcanhares, de tamanho dessas usadas em tênis pelos profissionais da atualidade. Os gols eram demarcados com tijolos ou mesmo bonés e roupas dos atletas envolvidos nos jogos. Não havia necessidade da área do pênalti e nem impedimentos eram considerados. O que valia mesmo eram os gols marcados e a consagração dos artilheiros, nos abraços e incentivo das torcidas.
A pipa ou papagaio não era do tipo que hoje tem os mais diferentes tamanhos e desenhos. No meu tempo era feita de papel de seda, colorido, colado com grude de água e trigo em armação de vareta de bambu e a cauda com o mesmo material, mas em elos de diversos tamanhos. Nas linhas eram colocadas mensagens que se perdiam nos ares. O empinar das pipas fustigava acirrada luta entre os concorrentes, por que algumas não subiam e davam as chamadas cabeçadas e caíam no chão.
Bem, se os tempos são outros não há como mudar, tampouco como fugir. As brincadeiras das crianças têm sua época. É a vida que passa e as recordações se transformam em saudade, que a memória registra para sempre.