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Com o escritor Ignacio Loyola Brandão

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Reunião na Biblioteca

sábado, 7 de setembro de 2013

ESTILINGUE E COMPUTADOR


Plinio Montagner

Onde se vive melhor, no campo ou na cidade? Casa ou apartamento? Casa com ou sem quintal? Apartamento com ou sem sacada? Prédio com ou sem quadras esportivas?
Essas perguntas não levam a nada. Cada caso é um caso, depende do morador, da fase da vida, da cidade, do país etc.
Aprendemos uma coisa: na vida tudo tem um preço, e que não há derrota ou desgraça que não traga algo bom também, não importa o tempo que leva.
Voltando ao estilingue e ao computador.
O computador é uma escola universal; ensina, diverte, promove relações sociais, alivia tristezas e outras mil coisas; basta-lhe uma mesa, uma cadeira e uma fonte. E o estilingue precisa de liberdade, ar livre, espaço e alvos; é uma invenção sem a menor importância, mas proporciona emoções verdadeiras, e ao vivo,
O computador, ninguém vive sem ele. É igual ao celular. Quem não tem os dois está nu. Mas a turma do estilingue toma sol, caminha, respira ar puro, come goiaba no pé, sobe em mangueiras, pula valetas, rola na grama, na areia, no chão vermelho, brinca na enxurrada nos dias de chuva, caça passarinhos, roda pião, empina pipa; tudo de graça, e não engorda.
E as crianças do computador? Ficam estáticas e arcadas diante da telinha, sem piscar, durante horas, e comendo porcarias. Nunca viram de perto uma vaca ou um bode. Ver bicho na tela não é a mesma coisa.
Com certeza muita gente repetiria a infância, sairia dos centros urbanos e voltaria aos lugares de sua infância, como cantou em versos o célebre Casimiro de Abreu - Meus Oito Anos: “Oh que saudades eu tenho da aurora de minha vida, de minha infância querida que os anos não trazem mais...”
As crianças dos sítios e fazendas eram mais felizes, muito felizes. Tinham liberdade, havia espaços e segurança. Na cidade é perigoso andar a pé e também de carro, e por isso os pais levam filhos à escola, mesmo seja a dois quarteirões.
Medo é bom e ruim, pode prejudicar o desenvolvimento. Crianças que crescem nas cidades são meio enjoadas, medrosas, não comem isso e aquilo, ficam limpando cebolinhas, salsinhas do prato, enquanto as da roça comem bigato de árvore, goiaba bichada, fritam rolinhas, bebe água da torneira.
Leite? No sítio o leite tem de ser gordo, com nata boiando no caldeirão, e os amiguinhos protegidos da cidade tomam leite zero, aguado.
Fomos felizes sem computador. É verdade. Andávamos a pé e de bicicleta sem marcha.
Agora é muito nhenhenhém! Tênis de marca, roupa para judô, uniformes de times de futebol, chuteiras coloridas, piscina de água morna, touca e óculos de natação, os brinquedos vêm prontos ou são de montar, cheios de luzinhas, controle remoto. Os carrinhos correndo e as crianças sentadas.
Têm graça sim, os brinquedos modernos, são bonitos, coloridos. Mas vêm prontos. Hoje as crianças não sabem inventar brinquedo e jogam bola dentro do apartamento.  Antes, brinquedo era coisa rara, bola era laranja, chinelos eram limites do gol, ramos de mandioca eram revólveres, e jogo de botões era com tampinhas de garrafas.
Saudades do tempo em que as crianças na rua puxavam feixes de cana da carroceria dos caminhões; - até as meninas participavam da farra.
Casa ou apartamento? Mil vezes casa, com jabuticabeiras, mangueiras, bananeiras, pessegueiros, ipês...

É, mas os vizinhos vão reclamar das folhas, dos galhos... 

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