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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Lançamento de livro - ANDROIDE de Camilo Irineu Quartarollo

o autor do livro "ANDRÓIDE" Camilo Irineu Quartarollo
O androide é uma criação da tecnologia humana, o ser humano e o mundo é criação Divina e da Consciência. No meu livro Ciladas do eu trabalho isso em formato de conto, com humor, mostro as discrepâncias da tecnologia, da máquina, androide - robô com feições humanas - e a divergências de seu companheiro caipira, Silas, que tem de contar com a sorte, porque não tem dinheiro nem acesso ao mundo virtual. O enredo passa-se em Piracicaba, parte no Bairro Fria e parte em Minas Gerais, Itamonte.
No Japão já se divulga a existência de robôs domésticos e muito do que pode servir à lei do minimo esforço humano, mas para ser gente é preciso trabalhar muito, sofrer e aprender a arte de ser feliz. Cuidarmos do mundo, sermos pessoas e não individuos, Ser mais que ter, criar além das ideias e com as circunstancias existentes, mesmo que adversas. Meu livro foge ao futurismo dos filmes, mas usa termos e linguagens para entender a máquina e mostrar o ser humano que também tem suas (S)iladas, seu Silas.
O T1, primeiro robô da série T, foi destruído por falta de socialização e por se achar o máximo, já T10, socializou bem, mas acessou a Teoria do medalhão de Machado de Assis como vivência social e outras ciladas do mundo virtual e dos vícios humanos, e no terceiro momento do livro e cabal prevalece a descontinuidade, da criatividade, a expressão humana que um androide, robô, ou computador não pode acessar.

 Aos interessados pelo exemplar da obra, meu e-mail é quartarollo.camilo@gmail.com e o terá autografado e cuidem-se com as ciladas do androide.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Espaço Poesia - HAICAI




no Jardim da Luz

entre as grades enferrujadas

sonhos da crisálida...



Clarice Villac

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Nas Nuvens



Leda Coletti

Você já se sentiu, ou esteve no meio das nuvens? Eu já.
Naquele vôo, demorei a me descontrair e, depois de algum tempo consegui. Senti-me mais à vontade, mesmo voando sobre elas. Só em alguns momentos, vislumbrava nesgas douradas do rei sol, que tentava penetrar na paisagem.
Minha companheira sentada próxima à janela, comparou-as a flocos de neve.Enxergava em cada bloco delas, figuras de duendes, príncipes, rainhas. Da minha parte via apenas bichos alvos: ursos, lebres, passarinhos. Imaginava-me numa floresta, onde os animais conviviam harmoniosamente. Vi cachorro correndo atrás de um lépido gato. Logo pensei: devem ser como o cachorro lá do nosso sitio, o Neguinho que brinca de pega-pega com a esperta gata Naná.
De repente, um balanço rápido no avião. Ouvimos em seguida uma voz forte ao microfone:
- Srs. passageiros, por favor coloquem os cintos de segurança. Não se assustem. Essa turbulência que está ocorrendo foi provocada por estarmos atravessando uma área de fortes ventos.
Olhei com medo para o lado de fora. Não acreditei com o que me deparei: as nuvens estavam cinzentas escuras e muito agitadas. Os bichinhos haviam desaparecido. Onde se esconderam? Devem ter um esconderijo para se protegerem nesses momentos nebulosos. E o sol, o protetor das nuvens molecas? Parece também ter sumido. Deve ter brigado com os ventos uivantes, os quais fazem as nuvens correrem apressadas, atropelando umas às outras.
Apesar de gostar de voar na imensidão, é muito bom pisar em terra firme. Foi um alívio ouvir de novo a voz da aeromoça, anunciando a aterrissagem no aeroporto de Cumbica.
O corre-corre para pegar bagagens, enfrentar alfândega, dar um giro no free-shopping para consumir os últimos euros, fez-nos esquecer a travessura das nuvens arteiras. Preparamo-nos para travessuras mais perigosas, como as dos congestionamentos da Marginal e mais quase duas centenas de quilômetros, até chegarmos ao nosso destino, a já saudosa cidade tão amada: Piracicaba .Mas valeu, e, acredito, logo estaremos sonhando em fazer nova viagem, tendo como companheiras as travessas nuvens.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

5º Concurso de Trovas - PROJETO TROVAS PARA UMA VIDA MELHOR


5º Concurso de trova tema: JUSTIÇA da... 3ª ETAPA DO PROJETO DE TROVAS PARA UMA VIDA

MELHOR - de 01/01 a 28/02/2012– resultado: 20/03/2012

Apenas uma trova inédita por trovador(a), via Internet

O tema deverá constar da trova: 4 versos setessílabos, rimando o 1º com o 3º e o 2º verso com o 4º, tendo sentido completo.

ATENÇÃO - Grupo Internacional
Trovas em língua portuguesa - Enviar para: mifori14@yahoo.com.br
Trovas em Língua espanhola - enviar para Cristina - colibriRoseBeLLe@aol.com;

Grupos: 1 Nacional - trovador que tem trovas classificadas sem ser Menção Honrosa e/ou menção Especial.
Grupo 2 - Nacional - trovadores ainda não premiados e/ou iniciantes.
Grupo 3 Alunos - estudantes do 1 e 2 graus ou ed. básica e Ensino colegial(ens. médio)

trova
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Autor:
Cidade - Estado - Brasil
e-mail:
Grupo:
Complemento de endereço:



3ª ETAPA – 4º CONCURSO – TEMA: PRUDENCIA

PROJETO DE TROVAS PARA UMA VIDA MELHOR

RESULTADO DAS AVALIAÇÕES DAS TROVAS INSCRITAS DENTRO DO PRAZO DETERMINADO.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Boa literatura em blogs e e sites... Por que não?


Armando Alexandre dos Santos

Tenho em mãos, e estou saboreando aos poucos, gota a gota, um precioso livro que me foi mandado pelo mestre e amigo Renato Alessandro dos Santos, coordenador do curso de Letras do Centro Universitário Claretiano, de Batatais. Intitula-se “Mercado de Pulgas: uma tertúlia na Internet” (Editora Multifoco, Rio de Janeiro, 2011, 270 pgs.). Nele, encontra-se reunida uma seleção de postagens que efetuou em seu site www.tertuliaonline.com.br, nos últimos anos.
Durante muito tempo, desde meados do século XIX até certa altura do século XX, debateu-se muito se Literatura era algo possível de existir na velocidade – que àquele tempo parecia já vertiginosa – da produção de textos jornalísticos. A pressa com que se devia, a cada 24 horas, fechar a edição de um jornal, seria consentânea com os nobres vagares da elaboração literária, que durante milênios se firmara como assente? A produção quase em série de textos, numa velocidade que fazia lembrar a famosa linha-de-montagem fordiana, permitiria um burilamento e um controle de qualidade sobre o que se escrevia e rapidamente se imprimia?
Por outro lado, a rapidez extrema com que, no jornalismo impresso, as novas notícias envelheciam e se desatualizavam, fazia com que também dificilmente um texto pudesse ser apreciado, reapreciado, saboreado aos sorvos (mais ou mesmo como estou fazendo com o livro do Renato) e, assim, adquirissem certo caráter de permanência e atemporalidade, indispensável para que pudesse ser, em algum tempo, mimoseado com o prestigioso e ambicionado epíteto de “clássico”. As produções escritas tornavam-se, por força das circunstâncias, efêmeras, quase descartáveis, e isso parecia não combinar, de modo algum, com o que sempre se entendera por literatura.
No entanto, nas entranhas mesmo desse impiedoso processo produtivo tão compressor e massificador, curiosamente estava sendo gestado um gênero literário novo, típico da época e que hoje já se encontra inteiramente assimilado e reconhecido nos moldes da literatura. Refiro-me à crônica, gênero de texto rápido, diário, ambíguo e polivalente, que diz tudo e nada diz, que, quando bem feito, atrai e convida à reflexão e à crítica, e que tem, ademais, o condão de quase viciar um leitor. Quem conseguia, nos velhos tempos, abrir o Estadão sem procurar logo as deliciosas crônicas diárias de L. M. (Luís Martins), sucessor de outro brilhante cronista que, no passado, marcara época e deixara saudades, V. Cy (Vivaldo Coaracy)? E quem, ainda hoje, em Rio Claro ou Piracicaba, deixa de ler diariamente as crônicas sempre vivas e sugestivas do meu amigo Jaime Leitão?
Hoje, a crônica constitui um gênero literário inteiramente aceito. Neste ano, já o Prêmio Escriba, da Prefeitura Municipal de Piracicaba, contemplou essa categoria literária, que será alternada com as de Poesia e Contos. Foi uma sugestão minha essa inovação, e com alegria e surpresa foi aceita sem resistências... Imaginei que houvesse reações, mas não houve. Os estudos preliminares foram feitos, uma lei municipal chancelou a ideia e agora o Prêmio Escriba de Crônicas é uma realidade. A poetisa e escritora Ivana Maria França de Negri foi a piracicabana mais bem colocada na primeira edição do concurso. Ainda neste mês deve receber seu merecido prêmio.
Quando começaram a se generalizar os blogs, também não faltaram pessimistas que viram, na novidade, o toque de finados para a Literatura... A velocidade vertiginosa dessas publicações on-line lhes parecia, realmente, de todo em todo incompatível com a serenidade que habitualmente se espera de um sisudo e bem comportado profissional das Letras...
Pois agora o meu amigo Renato, profissional das Letras, literato e mestre de Literatura, não sisudo, mas brincalhão e bem-humorado, vem demonstrar que, nas velocidades espantosas do teclado e da cibernética também é possível escrever com talento, com bom gosto, com profundidade de pensamento e de análise.
Seu livro é manifestação evidente disso. Nele lemos contos, crônicas, textos poéticos, entrevistas, análises futebolísticas (esqueci de dizer que o Santos Futebol Clube é, quase, a religião do Renato...), comentários cinematográficos (outra grande paixão do autor), considerações sobre Gastronomia e Culinária, sobre Música, sobre Literatura (que afinal de contas é a especialidade do autor). E, dando um charme especial ao conjunto, alguns textos tocantes sobre seu filho Théo e sobre a grande mulher e mãe exemplar que é sua esposa Sílvia Renata.
Detenho-me por aqui, convidando o leitor a procurar na Internet o próprio site do Renato, ou a encomendar, à editora Multifoco (Av. Mem de Sá, 126, CEP 20230-152, Rio de Janeiro-SR), um exemplar do livro.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DISTÂNCIA


Cassio Aguiar

A última vez a vi no prédio, de longe. Nem sei mesmo se era você.
Antes disso foi na escola. Eu tinha dezessete bobos anos, você quinze. Ou dezesseis. (Eu queria que isto aqui fosse uma flor, um orvalho, um beijo)
Um beijo… E eu era tão tímido. A vez antes da última foi em pleno parque de diversões. E foi talvez a primeira. Você foi talvez a primeira. Trocamos rápido, intenso. Trocamos tudo. E o tudo era tão simples como uma caixa de chicletes. “Eu sou louca”, você me disse na escola. Bilhetinhos, descobertas. E um futuro profundo. Eu a vi no prédio. Num carro branco. Era você. Mas o bom-tom, os melindres, as convenções… Você me viu. E os dois dissemos não. Mas não, a vi mais vezes. No seu aniversário. A festa chique. O convite rosa-choque no envelope negro. Lindo.
Hoje, ou pouco antes, e eu não sabia: uns poucos prédios entre nós. Hoje, e eu não sabia, a sua delicadeza morava em São Paulo. Os seus cabelos castanhos, Luma, as suas bochechas, o mantra que você me ensinou, o filme que você me indicou e eu nunca vi. Morava uns poucos prédios de mim. Uns poucos prédios.
E o seu futuro se jogou. Um diamante evaporou. E mais distância entre nós.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

AS VOZES DA FLORESTA


Lino Vitti

Na longínqua infância, nascido em paragens roceiras, bebendo a saúde dos ares campesinos, tostando a epiderme frontal sob os raios intensos do sol, ouvindo os hinos alados da passarada silvestre, contemplando o colorido das flores tropicais, atento a todos os rumores da floresta virgem, costumava eu penetrar esse templo verde da criação, quiçá para satisfazer os nascentes pendores poéticos que evoluiriam até os dias de hoje navegados no barco de 90 anos, longo prêmio de vida de que sou grato a Deus.
Só quem, como eu, tiver essa felicidade, entenderá quão maravilhosa é a contextura de vozes e sons que a floresta reserva para aqueles que saibam ir até ela para ouvir-lhe os segredos, os rumores multiplicados, as vozes intensas ou sussurradas que ela guarda para quem a ama, para quem a compreende, para quem a quer decifrar e a busca com esse intento encantador e feliz.
Prestemos atenção, calemo-nos porque amanhece e a floresta desperta e a vida animal da floresta acorda, cheia de saudações e cumprimentos ao deus sol que se compraz em enviezar seus raios por entre a folhagem onde dormiram o sono da beleza florestal, aves, animais, insetos, embalado pela suavidade da brisa noturna que sempre vem envolver a mata como um lençol diáfano para cobrir o sono da passarada e dos insetos múltiplos que na floresta moram.
Como canta divinamente bem o sabiá de peito vermelho, uma jóia de penas rubras a enfunar-lhe o peito, de onde brota a melodia, diria eu, ensinada por mágicos da música. Fusas e semifusas, às vezes mínimas e semínimas, ah! meu canoro sabiá, onde foste encontrar essa página de sons maviosos com que saúdas o vir e o despedir do dia? E esse martelar sobre madeira, será algum carpinteiro madrugador que montou sua oficina em meio do arvoredo? Que nada! É simplesmente o pica-pau que resolveu martelar os troncos à cata de alimento. E a floresta ressoa certamente! Olha aí agora! Que gritaria de guerra essa que chega aos ouvidos do visitante matinal! ? Sabem, é um bando de maritacas que deixou o pouso e saiu matracando por sobre o arvoredo em busca do dejejum da manhã.
O visitante desse reino de verdores e sonoridades aladas, pára por momentos, porque o que lhe chega ao ouvido tem o poder de deter-lhe os passos. Que variedade de notas, que longa ópera musical! Tudo se transforma numa maravilhosa composição bethoviana, ou num oratório mozartino. São muitas as gargantinhas aladas que querem participar deste acordar da mata, juntando suas canoras partituras, umas a outras, num coro espetacular de sonoridades. E o visitante se extasia, o visitante fica de boca aberta e ouvidos mais abertos ainda, para não perder uma nota só daquela orquestração de pássaros que acordam.
Quando a floresta acorda, acorda a sinfonia de seus pássaros, muitas vezes unida à sinfonia dos animais silvestres que urram, guincham, gritam, entrelaçam-se numa estranha orquestra de vozes, para mostrar que lhes compraz, e muito, saudar a chegada da luz, participar da festa do amanhecer na mata, conversar, à sua maneira, com a vida e com o vir da luz.
Haveria ainda a dizer aqui algo mais sobre o trilar dos grilos sob a alfombra, o zumbir das abelhas em busca de flores e mel, o estalar de galhos secos que estouram de repente, o eco de rumores distantes que reboam pela floresta a dentro, ruídos de passos sobre as folhas ressequidas do chão, grunhidos e ulos, tudo compondo essa orquestra indescritível, mas real, das vozes da floresta virgem, de que tenho saudade, porque hoje a floresta desapareceu pela ação nefasta do homem e com ela todas aquelas vozes significativas da vida que em seu recesso acolhedor habitavam.
Quiçá se houvera o IBAMA, floresta virgem ainda fosse o que escrevi acima.!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

FÁBRICA DE ZUMBIS

Cracolândia - São Paulo

Pedro Israel Novaes de Almeida

As cracolândias são produtos escancarados da pouca e ineficaz atuação dos governos, no combate ao tráfico e consumo de drogas ilícitas.
Há décadas, nichos urbanos já concentravam legiões de desvalidos, instituindo territórios sem lei, tão insalubres quanto violentos. Ali, o tráfico e consumo de crack ocorriam, e ainda ocorrem, à luz do dia.
Moradores vizinhos pouco experimentaram, até hoje, o direito de ir e vir, submetidos à insegurança e nenhuma garantia cidadã, do anoitecer de cada dia ao alvorecer do dia seguinte. A ação de agentes sociais e sanitários, públicos e privados, sem estruturas de apoio, conseguia salvar um, a cada dez novos integrantes da multidão zumbi.
Viaturas policiais transitavam pelos territórios sem lei, cientes de que a condução de drogados, entulhando delegacias de polícia, redundavam em nenhuma consequência. Longe dos palácios, as cracolândias viscejaram, por todo o país.
Aos poucos, as discussões a respeito do tema deixaram as academias e passaram a frequentar gabinetes e mídias, surgindo propostas de soluções que reconheceram o caráter multifacetado do problema. Alguns irrealistas, contudo, persistem abominando qualquer iniciativa ou colaboração policial.
Só a polícia pode identificar e prender traficantes, e só ela pode garantir a integridade dos agentes sociais e sanitários, em plena cracolândia. Só ela pode conter e conduzir viciados enlouquecidos, violentos e desprovidos de consciência.
A feliz idéia da internação na marra, abrandada para “tratamento compulsório” , angariou um exército de discordantes, que apontam a pouca eficácia médica da medida e o desrespeito ao livre arbítrio do viciado. O viciado, milhares, já não dispõe da capacidade de arbitrar livremente seus quereres.
Aliás, os entendimentos devem preservar o direito de ir, vir e estar, em segurança, dos milhões de brasileiros que não traficam nem são viciados. A sociedade possui o direito de não esbarrar em cracolândias, embora estas sejam consideradas problemas de ordem social.
Pelo interior afora, pequenos ajuntamentos humanos, solenemente ignorados, enunciam novas cracolândias, onde só as pedras possuem o direito de ir e vir, livremente. As redes de ensino, públicas e privadas, pouco ilustram e alertam a respeito das drogas ilícitas.
A iniciativa paulistana, de fazer perambular legiões de viciados, foi de fato intempestiva, não só pelo atraso de décadas, mas por não contar com pontos de chegada. O crack têve, na pouca e ineficiente ação oficial, seu maior colaborador. As soluções tardaram, e agora são mais difíceis e onerosas.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

MADE IN CHINA



Ivana Maria França de Negri

Após o Natal, os lixões ficam abarrotados de sucata. São brinquedos quebrados que não sobreviveram ao ano novo, enfeites desbotados, pisca-piscas queimados, bijuterias retorcidas e uma infinidade de material plástico que contribuem para a poluição do meio ambiente. São peças fabricadas na China que não passam por nenhum tipo de controle de qualidade.
Ganhei de presente de um amigo secreto uma xícara que acendia luzes e tocava música. No segundo dia, pararam de acender as luzinhas, e dois dias depois, pifou a música. Made in China...
Não há como fugir dessa febre mundial. Até tentamos não comprar produtos deles, mas a indústria chinesa domina o mundo. Tente pesquisar no Google “produtos importados”. Oferecem frete grátis, todos os produtos enviados diretamente da China para a casa do comprador, uma importação direta. Não se pagam nem impostos. Como concorrer com eles?
A China possui cerca de 1,3 bilhão de habitantes, o que dá quase 20% do planeta. O trabalho é praticamente escravo e os empregados recebem salários irrisórios, não têm estabilidade, não são remunerados pelas horas extras, não ganham benefício algum e se sujeitam a todo tipo de humilhação apenas para sobreviver.
Enquanto isso, as indústrias que são obrigadas a seguir as rígidas leis nacionais, vão quebrando. Como concorrer com a China que entra nos países sem precisar se submeter às leis deles?
Quando compramos produtos chineses estamos contribuindo para que a indústria nacional e de outros países declinem e a chinesa cresça.
Somos todos culpados, pois financiamos uma indústria que não está nem aí para o meio ambiente, polui, destrói, escraviza, não tem critérios e nem ética.
Cada vez que compramos um produto made in China, tiramos o emprego de algum trabalhador aqui no Brasil. O mercado de bons produtos nacionais não consegue concorrer com os preços “de banana” que eles praticam e acaba cerrando suas portas.
E não adianta pedir que boicotem os produtos chineses. Eles já dominam tudo. Se você vai à Europa, aos Estados Unidos, a qualquer país do mundo, tudo o que comprar vem com a etiqueta “Made in China”. Perdeu a graça trazer suvenirs para os familiares e amigos, já que a globalização chinesa tomou conta de tudo. Já não vemos etiquetas “Made in France”, “Made in USA”, “Made in Germany”, bons produtos que duravam muito tempo e sobreviviam a gerações.
Quando compramos produtos de grife, também são originários de lá, mas os preços são exorbitantes, condizentes com a marca famosa e muitos revendedores não se dão nem ao trabalho de retirar a etiqueta from China e pregam as próprias marcas por cima, é só procurar em bolsas, tênis, camisetas. Somos enganados, compramos a “marca” famosa, mas a porcaria é a mesma de um camelô qualquer.
Na movimentada rua 25 de março, no coração de São Paulo, encontram-se grifes do mundo todo comercializadas a preços mínimos. Não existe nenhuma marca famosa que não tenha sido copiada.
Se medidas drásticas não forem tomadas, o futuro da indústria nacional será sombrio. A China dominará o planeta, monopolizando a produção mundial, não restando opção às indústrias: ou fechar ou aderir importando os produtos baratos deles, gerando gigantesca onda de desemprego e um planeta completamente degradado.
Espero que os políticos tomem providências urgentes no sentido de criar leis rígidas para produtos importados e facilitar para a indústria nacional sobreviver.

texto publicado na GAZETA de PIRACICABA em 12/01/2012

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Lucila despede-se da Biblioteca

foto arquivo Ivana Negri

Lucila Calheiros Silvestre permaneceu por 13 anos no cargo de diretora  da Biblioteca Municipal de Piracicaba " Ricardo Ferraz de Arruda Pinto". Uma mulher dinâmica que nunca se intimidou perante os desafios e sempre colaborou com todos os grupos literários, dando espaço e atenção aos projetos e pedidos dos escritores da cidade.
Lucila parecia ser onipresente pois comparecia a vários eventos no mesmo dia, sempre com disposição e palavras de incentivo.
Foram dezenas de concursos, lançamentos de livros, eventos, reuniões, excursões para FLIP, e até para outros países sempre com o intuito de trazer  novidades para Piracicaba. E a mudança para a nova sede teve a participação ativa da diretora que não mediu esforços para que a biblioteca se tornasse modelo para outras cidades.
Ela agora despede-se do cargo como diretora da biblioteca. Vai deixar muitas saudades, mas como conhecemos bem a Lucila, sabemos que não vai ficar parada, pois com tanta energia positiva, ainda tem muito gás pela frente e muito fará pela literatura na cidade.
Obrigada por tudo, Lucila! Que venham novos desafios!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Lançamento de livro - jornalista e escritor Niva Miguel

O jornalista e escritor autografando seu mais novo livro
O livro foi lançado no dia 13 de dezembro passado no Sindicato dos Bancários de Piracicaba
Além da Notícia

O livro pode ser adquirido nas livrarias, ou encomendado pelo e-mail: niva@femanet.com.br

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

ESCULPINDO A VIDA


Aracy Duarte Ferrari

Vivemos num vaivém contínuo e desconexo, que nunca chega e não leva a lugar algum. Não raro, nos pegamos realizando tarefas repetitivas e inúteis, na esperança de ter como retorno alguma forma de compensação, que jamais nos é dada. Nosso comportamento cotidiano é tão automático, que muitas vezes duvido que existam aquelas tais normas que nos regulam, ou nos fazem vivenciar fatos. Muitas vezes me pego negando a tal sociologia, pois na minha vida os fatos acontecidos nem sempre estão aliados a caminhos pré-estabelecidos, trilhados somente dentro de parâmetros definidos!
A história diz justamente o contrário do que os sociólogos imaginam, porque ela não ocorre emoldurada por modelos. Ela acontece apenas como uma sucessão de fatos que envolvem pessoas diversas, que vivem vidas particulares. As pessoas que fazem a história não são sempre líderes, que realizam coisas prodigiosas, de tal monta que fazem outras pessoas seguirem seu exemplo. Pelo contrário, a história acontece no seio da humanidade comum, onde ninguém está buscando notoriedade, mas pensando somente naquilo que lhe interessa, porque já que a vida humana é um constante desafio, aquele que se rebela contra o senso-comum, aquele que protesta porque alguma coisa está errada, está se destacando na multidão e na certa está escrevendo a história.
Quem protesta contra situações indesejáveis, sem perceber, subliminarmente é cobrado a assumir um determinado papel, próprio de quem está em posição de liderança e provoca novas adaptações, como também, com suas ações, leva outras pessoas a infringirem as normas, para lutar contra determinados padrões. E mais... Eles nos ensinam que não podemos nos omitir, pelo contrário, devemos sim, dentro de parâmetros bem definidos, tomar as atitudes necessárias, quando assim julgarmos conveniente e de acordo com o momento.
Por outro lado, papéis assumidos como imposição, motivados por normas definidas, não produzem nem realizam, e não raro impedem o crescimento e a ação individual, porque a partir do momento em que assume um papel, o ser se torna o grupo e o formaliza como se fosse o ser.
Assumir livremente desafios, adotar novas atitudes e comportamentos atípicos, são necessidades e não definições históricas e sociológicas, baseadas nas nossas experiências anteriores. Só a liberdade de ser, de sentir, de viver sem a camisa de força do todo humano, nos fará ir esculpindo a vida de acordo com nossa personalidade e dentro do contexto da nossa vivência.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

SANSEVIERIA EM FLOR


Clarice Villac

Na espada-de-são-jorge
surpresa ao entardecer:
perfume delicioso,
branco cacho a florescer
são miúdas florzinhas
encantadas estrelinhas
para a paz enaltecer

Que a Natureza
nos ensine,
nos contagie,
com este milagre,
que faz nascer
das espadas
simbólicas de São Jorge
as flores perfumadas
da Paz !

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A MÚSICA E O AMOR


Zilmar Ziller Marcos

A música não pode ser vista como se vê uma pintura ou uma escultura, e também não pode ser percebida pelo toque como se percebe um veludo ou uma seda. Não tem formas e cores para ser utilizada em ornamentos como se utilizam as flores e adereços.
A música não pode ser levada daqui para ali e muito menos fotografada. A música só pode ser ouvida, e ainda assim é fugaz, isto porque os sons de uma sequência, um por um, desaparecem não permanecem. Se assim é, e certamente assim o é, como explicar e entender que podemos apreciar a beleza de uma melodia e reconhecê-la quando novamente soar? A resposta é que a mente, alma, espírito, como prefira, guarda a sensação provocada pelo som para ligá-la ao som seguinte, e a sensação deste último àquela do próximo, assim continuadamente até haja novamente o silencio, permanecendo o efeito total da agradável emoção causada pela música. Acontece como elos de uma corrente que vão aparecendo e desaparecendo assim que se ligam ao próximo, uma corrente que vai se formando e não aparece jamais como objeto real, ficando apenas na alma de quem a ouviu. Mas, não haverá música se o intervalo entre um som e o próximo exceder certo limite que varia com a capacidade mental de retenção de cada um. Se o intervalo for alem do limite não terá ocorrido a emocionante percepção de uma música.
A que vem essa análise que você poderá estar ouvindo pela primeira vez? Essa análise ofereço para criar a oportunidade de fazer uma analogia da música com as mensagens que as pessoas que se estimam trocam nos últimos dias de cada ano. A emoção e as lembranças que provocam permanecerão na alma até o próximo gesto de confirmação do amor e da amizade. Assim como na música, quando as oportunidades para demonstração de carinho, amor ou amizade não forem aproveitadas, o intervalo de um ano entre as épocas do festival de cartões natalinos poderá ser muito longo e vazio para sustentar as ligações entre os elos que representam a ligação afetiva.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O VALOR DA CRÔNICA


Lino Vitti

Crônica – termo oriundo de cronologia – registro diário dos eventos e pessoas, é um texto escrito em poucas linhas de estilo elevado, conciso, nobre, podendo pender para a poesia ou num recheio de figuras literárias, capazes de chamar sobre si a atenção dos espíritos evoluídos e incontestavelmente inteligentes.
Aprecio sobremaneira a crônica e durante toda minha vida jornalística me empenhei em cultivá-la, com prazer e aperfeiçoamento. No valioso Jornal de Piracicaba, onde lidei anos e anos como redator, em certa época tive a meu cargo a edição da crônica chamada “Prato do Dia”, a que o diretor Losso Netto dedicava carinhos especiais. Deve ter agradado a muitos, pois recordo que dezenas de anos depois de haver sido extinta pela incompreensão de um editor que passou por aquele matutino, ao encontrar com leitores e assinantes me interrogavam: “ seu Vitti, por que tiraram fora o “Prato do Dia”? Ou então “quando vai voltar o “Prato do Dia”, de novo?”
O testemunho entretanto do valor inconteste da crônica e em especial do “Prato do Dia”, me veio às mãos lá pelos idos de 1983, de uma das mais altas autoridades nacionais da língua pátria, o eminente mestre de Português e Dicionarista famoso, prof. Napoleão Mendes de Almeida, responsável durante décadas de sua vida pela coluna ‘QUESTÕES VERNÁCULAS’ , célebre coluna de “O Estado de São Paulo” que, diariamente levava a professores, alunos, jornalistas e redatores, ensinamentos sobre o correto uso do idioma e solucionava quaisquer dúvidas que a respeito lhe fossem enviadas e solicitadas. Remexendo, como todo escritor, poeta, redator faz, em sua velha estante onde se amontoam desordenadamente livros, cadernos, papéis, arquivos, etc., encontrei a seguinte preciosidade, vinda daquele inimitável dicionarista brasileiro: “Caro professor Lino Vitti: Estou a cometer grave falha: é a conclusão a que chego ao folhear neste instante duas grossas pastas de correspondência, numa das quais dei com a sua gentileza de 5 de fevereiro de 1981 , dia em que no “Prato do Dia” anunciou de maneira mais amiga possível o lançamento deste meu “DICIONÁRIO DE QUESTÕES VERNÁCULAS”. Dois rápidos anos se passaram mas creio estar ainda em tempo para trazer-lhe o exemplar prometido.
Não me leve a mal o atraso do cumprimento da promessa então feita; estou quase três anos sem férias e passo meses inteiros sem fins-de-semana .
Com um abraço, meus votos de saúde ao distinto professor e bondoso amigo. São Paulo, 29-3- 83 – assim. Napoleão Mendes de Almeida”.
Não preciso acrescentar mais nada.

domingo, 1 de janeiro de 2012

COMO É BOM LER


Elda Nympha Cobra Silveira

Nos tempos de adolescente gostava muito de ler... Ia e vinha com um livro da biblioteca, que na época era situada na parte assobradada do Teatro Santo Estevão. Como os livros só podiam ser retirados pelos sócios, assim, sem gastar nada tinha acesso aos assuntos que me fascinavam, pois se fosse comprar todos os livros que li, teria que montar prateleiras recheadas de livros nas paredes da minha sala.
Naquela época, além dos clássicos da literatura portuguesa, brasileira e mundial, entre os livros estavam os de MM. Delly, da “Biblioteca das Moças”, uma coleção de romances ao gosto das adolescentes daquela época.
Os livros da trilogia “O Tempo e o Vento” de Érico Veríssimo ficaram imortalizados na televisão e no cinema, com Tarcisio Meira como o capitão Rodrigo e Glória Pires como Ana Terra. Quando li me apaixonei pelo capitão Rodrigo. O filme “Independência ou Morte” também divulgou a história sobre nossa independência. Penso que todos os livros de escritores famosos deveriam ser aproveitados pela televisão ou melhor ainda, no cinema, porque estriam divulgando coisas de nossa terra e o sentimento de brasilidade, como é o caso da adaptação dos livros de Jorge Amado para a televisão e para a telona...
Tenho certeza que muitos leram esses livros porque tiveram a curiosidade despertada pelas versões dos mesmos para o teatro, cinema e televisão. Desde quando a saga “Crepúsculo” da escritora Stephenie Meyer foi lançada nos cinemas e na televisão a juventude, e não só ela, esta devorando os livros de sua autoria. Na verdade, esses livros grossos são o assunto do momento, bem ao gosto da juventude. A escritora britânica J.K.Rowling lançou a saga de Harry Potter e ler seus livros se tornou uma febre inquestionável. O mesmo aconteceu com os livros “O Caçador de Pipas” e a “A Cidade do Sol” de Kaled Hosseini que venderam milhares de exemplares, depois de sua versão para o cinema.
É preciso despertar cada vez mais o gosto de leitura na juventude para que se tenhamos futuros leitores assíduos, que possam definir por si mesmos a qualidade da literatura. Não podemos indicar os antigos clássicos para os nossos jovens, porque poderá ser uma perda de tempo, pois talvez eles não consigam se identificar com os assuntos densos e escritos em linguagem muito rebuscada. Na verdade, a realidade requer assuntos mais afeitos com a juventude que está em outra e gosta de agilidade, mistério, seres espaciais e outros assuntos mais modernos em sua leitura. Eles não querem voltar no tempo, pois como Júlio Verne em sua época, eles estão interessados e anseiam pelo novo, pelo futuro.
Ao escrever um livro infantil temos que manter um diálogo que faça com que a criança entenda a realidade e a história a ser contada, sem pieguice e sem subestimar a inteligência dos pequenos leitores, que nos dias de hoje, estão muito bem informadas sobre a realidade do mundo atual. Monteiro Lobato percebeu isso, e é um dos autores brasileiros mais lido por crianças de todas as idades. O gosto pela leitura só começa quando o assunto do livro prende o leitor. Por isso, os livros têm que ter vida, precisam caminhar de mão em mão. Muitos livros não deveriam ser vendidos, mas sim doados nos Terminais de Ônibus, entre amigos, colegas de trabalho, funcionários, Casas de Idosos. Os sebos, que perderam com o tempo, sua finalidade de oferecerem bons títulos para quem não pode comprar bons livros, deveriam voltar a ser lojas que oferecem livros a um preço mais acessível, com desconto, e que oferece a oportunidade de se trocar títulos sem qualquer embaraço. Acreditem! Quem não lê está perdendo um grande prazer e quem lê não sente solidão, porque está rodeado de personagens que enriquecem a mente e o coração.