Ivana Maria França de Negri
Após o Natal, os lixões ficam abarrotados de sucata. São brinquedos quebrados que não sobreviveram ao ano novo, enfeites desbotados, pisca-piscas queimados, bijuterias retorcidas e uma infinidade de material plástico que contribuem para a poluição do meio ambiente. São peças fabricadas na China que não passam por nenhum tipo de controle de qualidade.
Ganhei de presente de um amigo secreto uma xícara que acendia luzes e tocava música. No segundo dia, pararam de acender as luzinhas, e dois dias depois, pifou a música. Made in China...
Não há como fugir dessa febre mundial. Até tentamos não comprar produtos deles, mas a indústria chinesa domina o mundo. Tente pesquisar no Google “produtos importados”. Oferecem frete grátis, todos os produtos enviados diretamente da China para a casa do comprador, uma importação direta. Não se pagam nem impostos. Como concorrer com eles?
A China possui cerca de 1,3 bilhão de habitantes, o que dá quase 20% do planeta. O trabalho é praticamente escravo e os empregados recebem salários irrisórios, não têm estabilidade, não são remunerados pelas horas extras, não ganham benefício algum e se sujeitam a todo tipo de humilhação apenas para sobreviver.
Enquanto isso, as indústrias que são obrigadas a seguir as rígidas leis nacionais, vão quebrando. Como concorrer com a China que entra nos países sem precisar se submeter às leis deles?
Quando compramos produtos chineses estamos contribuindo para que a indústria nacional e de outros países declinem e a chinesa cresça.
Somos todos culpados, pois financiamos uma indústria que não está nem aí para o meio ambiente, polui, destrói, escraviza, não tem critérios e nem ética.
Cada vez que compramos um produto made in China, tiramos o emprego de algum trabalhador aqui no Brasil. O mercado de bons produtos nacionais não consegue concorrer com os preços “de banana” que eles praticam e acaba cerrando suas portas.
E não adianta pedir que boicotem os produtos chineses. Eles já dominam tudo. Se você vai à Europa, aos Estados Unidos, a qualquer país do mundo, tudo o que comprar vem com a etiqueta “Made in China”. Perdeu a graça trazer suvenirs para os familiares e amigos, já que a globalização chinesa tomou conta de tudo. Já não vemos etiquetas “Made in France”, “Made in USA”, “Made in Germany”, bons produtos que duravam muito tempo e sobreviviam a gerações.
Quando compramos produtos de grife, também são originários de lá, mas os preços são exorbitantes, condizentes com a marca famosa e muitos revendedores não se dão nem ao trabalho de retirar a etiqueta from China e pregam as próprias marcas por cima, é só procurar em bolsas, tênis, camisetas. Somos enganados, compramos a “marca” famosa, mas a porcaria é a mesma de um camelô qualquer.
Na movimentada rua 25 de março, no coração de São Paulo, encontram-se grifes do mundo todo comercializadas a preços mínimos. Não existe nenhuma marca famosa que não tenha sido copiada.
Se medidas drásticas não forem tomadas, o futuro da indústria nacional será sombrio. A China dominará o planeta, monopolizando a produção mundial, não restando opção às indústrias: ou fechar ou aderir importando os produtos baratos deles, gerando gigantesca onda de desemprego e um planeta completamente degradado.
Espero que os políticos tomem providências urgentes no sentido de criar leis rígidas para produtos importados e facilitar para a indústria nacional sobreviver.
texto publicado na GAZETA de PIRACICABA em 12/01/2012
Este assunto é muito sério, e é espantoso que hoje quase não se fala sobre isso !
ResponderExcluirAté quando o dinheiro vai seguir sendo o deus contemporâneo ?