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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
A MÚSICA E O AMOR
Zilmar Ziller Marcos
A música não pode ser vista como se vê uma pintura ou uma escultura, e também não pode ser percebida pelo toque como se percebe um veludo ou uma seda. Não tem formas e cores para ser utilizada em ornamentos como se utilizam as flores e adereços.
A música não pode ser levada daqui para ali e muito menos fotografada. A música só pode ser ouvida, e ainda assim é fugaz, isto porque os sons de uma sequência, um por um, desaparecem não permanecem. Se assim é, e certamente assim o é, como explicar e entender que podemos apreciar a beleza de uma melodia e reconhecê-la quando novamente soar? A resposta é que a mente, alma, espírito, como prefira, guarda a sensação provocada pelo som para ligá-la ao som seguinte, e a sensação deste último àquela do próximo, assim continuadamente até haja novamente o silencio, permanecendo o efeito total da agradável emoção causada pela música. Acontece como elos de uma corrente que vão aparecendo e desaparecendo assim que se ligam ao próximo, uma corrente que vai se formando e não aparece jamais como objeto real, ficando apenas na alma de quem a ouviu. Mas, não haverá música se o intervalo entre um som e o próximo exceder certo limite que varia com a capacidade mental de retenção de cada um. Se o intervalo for alem do limite não terá ocorrido a emocionante percepção de uma música.
A que vem essa análise que você poderá estar ouvindo pela primeira vez? Essa análise ofereço para criar a oportunidade de fazer uma analogia da música com as mensagens que as pessoas que se estimam trocam nos últimos dias de cada ano. A emoção e as lembranças que provocam permanecerão na alma até o próximo gesto de confirmação do amor e da amizade. Assim como na música, quando as oportunidades para demonstração de carinho, amor ou amizade não forem aproveitadas, o intervalo de um ano entre as épocas do festival de cartões natalinos poderá ser muito longo e vazio para sustentar as ligações entre os elos que representam a ligação afetiva.
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