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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Nas Nuvens



Leda Coletti

Você já se sentiu, ou esteve no meio das nuvens? Eu já.
Naquele vôo, demorei a me descontrair e, depois de algum tempo consegui. Senti-me mais à vontade, mesmo voando sobre elas. Só em alguns momentos, vislumbrava nesgas douradas do rei sol, que tentava penetrar na paisagem.
Minha companheira sentada próxima à janela, comparou-as a flocos de neve.Enxergava em cada bloco delas, figuras de duendes, príncipes, rainhas. Da minha parte via apenas bichos alvos: ursos, lebres, passarinhos. Imaginava-me numa floresta, onde os animais conviviam harmoniosamente. Vi cachorro correndo atrás de um lépido gato. Logo pensei: devem ser como o cachorro lá do nosso sitio, o Neguinho que brinca de pega-pega com a esperta gata Naná.
De repente, um balanço rápido no avião. Ouvimos em seguida uma voz forte ao microfone:
- Srs. passageiros, por favor coloquem os cintos de segurança. Não se assustem. Essa turbulência que está ocorrendo foi provocada por estarmos atravessando uma área de fortes ventos.
Olhei com medo para o lado de fora. Não acreditei com o que me deparei: as nuvens estavam cinzentas escuras e muito agitadas. Os bichinhos haviam desaparecido. Onde se esconderam? Devem ter um esconderijo para se protegerem nesses momentos nebulosos. E o sol, o protetor das nuvens molecas? Parece também ter sumido. Deve ter brigado com os ventos uivantes, os quais fazem as nuvens correrem apressadas, atropelando umas às outras.
Apesar de gostar de voar na imensidão, é muito bom pisar em terra firme. Foi um alívio ouvir de novo a voz da aeromoça, anunciando a aterrissagem no aeroporto de Cumbica.
O corre-corre para pegar bagagens, enfrentar alfândega, dar um giro no free-shopping para consumir os últimos euros, fez-nos esquecer a travessura das nuvens arteiras. Preparamo-nos para travessuras mais perigosas, como as dos congestionamentos da Marginal e mais quase duas centenas de quilômetros, até chegarmos ao nosso destino, a já saudosa cidade tão amada: Piracicaba .Mas valeu, e, acredito, logo estaremos sonhando em fazer nova viagem, tendo como companheiras as travessas nuvens.

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