O DISCO
Olivaldo Júnior
Maria
era uma jovem senhora de cinquenta anos. Havia curtido sua juventude com tudo a que tinha direito:
música, festa e muitos amigos. Saudade!...
Desse
tempo inesquecível, ficaram-lhe todos os discos de seu irmão, um mochileiro que
não parava por mais de dois dias no mesmo lugar. Onde andará?...
Um dia,
bateu-lhe uma vontade de escutar o compacto com a canção Vapor Barato. Por
ironia, entre inúmeros “bolachões”, foi o único que jamais encontrou.
A ESTRADA
Olivaldo Júnior
João
gostava mesmo era de estar na estrada. Homem de espírito livre, tinha cunhado
suas asas à custa de muito trabalho e, hoje, aos
sessenta anos, voava.
O
problema era a saudade que ia sentindo de tantas pessoas maravilhosas que
conhecia pela estrada. Dizem que o mundo não tem fim. Pagaria para saber.
Por
vezes, pedia carona, dormia em albergues, comia o que dava, não o que queria.
Quem sai na estrada é pra caminhar! Morreu esta noite. Voou para o céu.
O CÉU
Olivaldo Júnior
São Pedro tinha aberto a porta do céu, mas só o
espírito de um cão sem dono que morrera atropelado entrou no Éden. É, o cão
queria os ossos mais celestiais.
O céu
ficou aberto, e isso causou um frio danado na Terra. “Será que ninguém quer vir
para cá?” - pensou São Pedro, com seus botões. Seria preciso fazer algo.
Assim,
pediu aos anjos que fizessem tabuletas, luminosos e um sem-número de cartazes
indicando o caminho. Ninguém apareceu. Só mesmo o tal cachorro...
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