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quarta-feira, 18 de julho de 2018

Três microcontos


O DISCO 
Olivaldo Júnior 

Maria era uma jovem senhora de cinquenta anos. Havia curtido sua juventude com tudo a que tinha direito: música, festa e muitos amigos. Saudade!... 
Desse tempo inesquecível, ficaram-lhe todos os discos de seu irmão, um mochileiro que não parava por mais de dois dias no mesmo lugar. Onde andará?... 
Um dia, bateu-lhe uma vontade de escutar o compacto com a canção Vapor Barato. Por ironia, entre inúmeros “bolachões”, foi o único que jamais encontrou. 


A ESTRADA 
Olivaldo Júnior 

João gostava mesmo era de estar na estrada. Homem de espírito livre, tinha cunhado suas asas à custa de muito trabalho e, hoje, aos sessenta anos, voava. 
O problema era a saudade que ia sentindo de tantas pessoas maravilhosas que conhecia pela estrada. Dizem que o mundo não tem fim. Pagaria para saber. 
Por vezes, pedia carona, dormia em albergues, comia o que dava, não o que queria. Quem sai na estrada é pra caminhar! Morreu esta noite. Voou para o céu. 

 O CÉU
Olivaldo Júnior

São Pedro tinha aberto a porta do céu, mas só o espírito de um cão sem dono que morrera atropelado entrou no Éden. É, o cão queria os ossos mais celestiais. 
O céu ficou aberto, e isso causou um frio danado na Terra. “Será que ninguém quer vir para cá?” - pensou São Pedro, com seus botões. Seria preciso fazer algo. 
Assim, pediu aos anjos que fizessem tabuletas, luminosos e um sem-número de cartazes indicando o caminho. Ninguém apareceu. Só mesmo o tal cachorro... 

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