(imagem Google) |
Pedro
Israel Novaes de Almeida
Não convém divulgar às crianças, mas
existem pessoas de má índole.
Discordo da simplificação grotesca,
segundo a qual o homem é mero produto do meio. Conheço pessoas, muitas, que
nasceram e cresceram em ambiente hostil, vivenciando violências e desrespeitos
os mais diversos, e no entanto são incapazes de qualquer maldade.
Conheço pobres e miseráveis
incapazes do mínimo roubo ou desonestidade, e conheço injustiçados que não
nutrem qualquer desejo de vingança.
Nada sei da formação da
personalidade, e tampouco conheço os meandros da psicologia, mas filio-me aos
meramente intuitivos, nada científicos, que juram que os homens não nascem
vazios, como uma caixinha onde vamos depositando valores morais.
Nada sei de ocultismos e teorias de
ancestralidade, mas sinto que a bagagem básica das pessoas já existe na vida
fetal. Podemos, tão somente, inibir parte da selvageria e crueldade natas.
É comum irmãos, nascidos e criados
no mesmo ambiente, portarem-se de maneira diametralmente opostas, e é comum
filhos de pais que não prestam serem ótimas pessoas.
Em momento de radical realismo,
apimentado por visão pessimista da humanidade, não titubeamos em afirmar que a
maioria das pessoas que figuram como boas são, em verdade, feras domesticadas,
ou temerosas de praticar os atos que natural e maldosamente desejam.
Nenhuma ideologia ou lavagem
cerebral é capaz, por si só, de induzir uma pessoa a praticar o terrorismo,
matando transeuntes que sequer conhece, explodindo crianças e envenenando
multidões.
Acredito que existe um permanente
embate entre a selvageria e a civilidade, e passamos pela vida tateando a tênue
linha que divide as tendências humanas. Milionários criminosos, autoridades corruptas
e déspotas em geral são, antes de qualquer classificação, pessoas más, capazes
dos mais hediondos atos.
As crises, como a que atravessamos,
desvendam a maldade que causa tanta miséria e sofrimento, e a maquiagem que
reveste pessoas tidas como celebridades, frequentadoras assíduas de rodas
formalmente educadas e suntuosas.
A maldade frequenta castelos e
favelas, mansões e barracos, esquinas e avenidas. Acostumada às maldades, a humanidade esquece
de prestigiar e propalar os bons exemplos, confinando as dignidades ao rol de
insignificâncias.
É tempo, faz tempo, de premiar os
justos, erigindo templos à virtude, e agindo como aquele que, sendo bom, justo
e pacífico, não hesitou em açoitar os vendilhões do templo. Ser bom não é ser manso.
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