Maria Emília, Ivana e Carmen - Paris 2008 |
Conheci Maria Emília Leitão Medeiros Redi em 2005, mais precisamente num dia 8 de março, quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher.
Eu havia escrito uma crônica no Jornal de Piracicaba sobre a Emília, personagem de Monteiro Lobato. A crônica se chamava “Emília, meu tipo inesquecível”.
O telefone tocou logo cedo e era ela, que se apresentou como Maria Emília, dizendo que, apesar de estar muito triste com a morte do seu cachorro de estimação por aqueles dias, o meu texto conseguiu fazê-la rir, e ela se identificou com a bonequinha espevitada e falante. Conversamos por um bom tempo e ela contou que também gostava de escrever, e eu a convidei para aparecer no Golp. – Grupo Oficina Literária de Piracicaba.
Na reunião seguinte, lá estava ela, extrovertida, falante e alegre, como a boneca Emília. E nunca mais parou de frequentar os grupos literários. Em seguida ela entrou para o Clip – Centro Literário de Piracicaba, mais adiante para o Clube dos Escritores, e mais recentemente, com a reorganização da Academia Piracicabana de Letras, como acadêmica tomando posse da cadeira no 38, tendo como patrono o professor Elias de Melo Aires.
Escreveu um livro infantil “Memórias de Susy”, depois uma coletânea com várias de suas poesias e o último, junto com Carmen, Leda e eu, mais um livro de histórias para crianças que teve duas edições, num total de 4 mil exemplares.
Em 2008 viajamos juntas para a Europa e ela sempre com sua alegria esfuziante e a gargalhada gostosa que se fazia ouvir de longe.
Sua maior felicidade foi ter ficado avó da pequena Maria Emanuella, sua paixão.
Mas a vida sempre nos prega peças e ela partiu cedo deixando muita saudade.
E aquela minha crônica, sobre a impagável Emília, inspirada criação de Monteiro Lobato, terminava assim, citando um trecho de Raquel de Queiroz: “Emília não tem medo de ninguém, nem da vida, porque boneca propriamente não vive, nem da morte, porque boneca não morre. Bruxa de pano com olhos de linha preta, assim mesmo acha que tem tudo, não quer ouro nem fortuna, nem amantes, nem poder. Só quer aventuras e o direito de abrir a boca e opinar sobre o que bem entende. Emília, meu exemplo e minha aspiração, tantas vezes meu raio de sol asneirento, faísca de liberdade, de coragem e de insolência, minha mestra e meus amores - Emília, Marquesa de Rabicó...” .
Vá em paz, amiga, missão cumprida...