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sábado, 30 de julho de 2016

EM TEMPO


 Marisa Bueloni

Parem! Parem todos!
Os que  vão a pé, solitários,
carregando suas pastas, parem.

Os que se espremem dentro do lotação,
desçam e parem.

 As filas intermináveis de carros,
parem!

 Parem! Detenham os aviões,
fechem os portos,
suspendam a venda de cigarros
e de bebidas.

Parem!

 O que está no campo volte logo para casa
e o que está dentro de casa não saia.

 Peço a todos que parem,
pelo amor de Deus, eu imploro, parem...


 e venham ver a rosa branca desabrochar...

quarta-feira, 27 de julho de 2016

26 de julho: Dia dos Avós


Meus avós
Olivaldo Júnior

        Nasci em Aguaí, uma pequena cidade do interior paulista, e, lá, passei boa parte da infância. Nem toda criança teve avós. Eu tive. 

        Meus avós maternos se chamavam Ana Rosa e Benedito Batista, conhecidos como Dona Ana e Seu Dito. Convivi com essa minha avó por quatro anos, quando, então, ela se foi. Sendo rosa até no nome, deixou em minhas mãos o perfume de seu carinho, a história da corujinha e de seus filhotes (cada um mais lindo que o outro!), seu colo e sua voz, de que ainda hoje me lembro. Seu marido, meu avô, depois da "ida" da Dona Nica, casou-se de novo e ganhei outra avó, a Dona Maria, que, igual àquela minha avó sanguínea, cozinhava muito bem e me tratou como neto até o "fim". Esse avô, contador de causos, mineiro autêntico, partiu há pouco, coitado. Lembro-me de sua risada boa e de como se preocupava em nos hospedar bem quando o visitávamos. Ainda usava chapéu e falava de um tempo cada vez mais longe, quando o mundo era nosso, e o tempo era eterno.

        Meus avós paternos se chamavam Alzira e Lindolfo (o "Dorfo", do Mercado). Não conheci a mãe de meu pai, já falecida quando nasci. Ouvira dizer que ela gostava do trabalho no comércio da família, uma daquelas vendas de antigamente, e que ficava no caixa. Partiu para o boteco celeste deixando os filhos pequenos aos cuidados de uma empregada que, mais tarde, seria a mulher de meu avô materno, a Dona Maria. A vida é uma surpresa, não? Bem, o vô "Dorfo" era dono de uma venda no Mercado Municipal de Aguaí e, sempre que nos recebia, fazia questão de encher as mãos de seus netos com doces e guloseimas, que, para uma criança, era o mesmo que ter uma parte do céu das mãos do próprio São Pedro. Ê, saudade...

        Não tenho filhos. Não sei se terei netos. Mas tive avós. Sempre estão comigo. Eu, que podia ter dedicado mais tempo a eles, eu, que, como tantos, vivi e ainda vivo para meus problemas, sinto falta de um colinho de avô, de uma bênção de avó. Estarão no Sítio do Picapau Amarelo? Na Arca de Noé? Não sei, mas devem ter se encontrado. Ana Rosa com Benedito e Alzira com Lindolfo. Este neto, ainda vivo, um dia vai entrar pela porta do Sítio e, tão vivo quanto uma coruja, entrar na Arca, a de Noé, e virar menino outra vez, pra sempre.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

25 de JULHO: DIA DO ESCRITOR


Elda Nympha Cobra Silveira

O “Dia do Escritor” surgiu após a realização do “I Festival do Escritor Brasileiro”, iniciativa da UBE. O grande sucesso do evento foi primordial para que, por intermédio de um decreto governamental, a data fosse instituída por força de Lei, com a finalidade de celebrar a importância do profissional das letras. Aqui será comemorado no dia 27 de julho no “Recanto dos Livros” no “Lar dos Velhinhos” às 9h da manhã.
Parentes e amigos todos estão convidados!
O escritor deve ser acima de tudo, sensível aos sentimentos humanos, e tentar sempre passar a sua verdade interior. Como disse Pessoa “o poeta é um fingidor...” Piracicaba é a Terra dos pintores, escritores, poetas, que traduzem o espírito romântico e imaginoso de nossa geopsique banhados que somos pelo Rio Piracicaba e outras paragens mil, que inspiram nossos escritores. Assim surgiram escritores que nos deixaram saudades pelos textos e convivência de amizade, pelo bom exemplo e afinidades intelectuais e satisfatórias convivências como minha amiga de longa data Maria Cecilia Machado Bonachela que lançou vários livros, era colaboradora do Jornal de Piracicaba. Ministrou cursos sobre poesia na antiga Biblioteca Municipal. Seu livro “Três Fases”, que ela me presenteou, enviei para meu filho Fábio, hoje médico, que antes dos dezoito anos, esteve na Austrália através de intercâmbio do Rotary Clube Centro.
Nossa companheira querida: Maria Emilia Redi tanto no (CLIP) (GOLP) (APL) Clube dos Escritores, sempre nos ofertando belas poesias com muita emoção.
Ludovico da Silva, pelo seu grande valor, a quem muito devemos pelo seu trabalho no Jornal “A Tribuna”, na secção “Prosa e Verso”, divulgando nossos textos literários.
O “Príncipe dos Poetas Lino Vitti” que nos deixou à poucos dias, nos seus noventa e cinco anos de uma vida profícua de valores literários e que sempre nos honrou através de jornais e livros de primeira qualidade! Personagem marcante!
Maria Helena Gaspar Bueloni aquela doçura de mulher! Entusiasta da literatura que escrevia poesias com sensibilidade comparecia a todos os eventos literários sempre.
Virginia Pratta Gregolin, escritora nata que sabia expressar sentimentos como ninguém nas suas poesias bucólicas, que enalteciam sempre o campo, onde viveu.
Marlene Georgette Cury Abbas Cassab, sempre presente nas reuniões do CLIP e outros com sua verve sutil.
Temos Adriano Nogueira, Fernando Ferraz de Arruda, Guilherme Vitti, Homero Anefalos, escritores que marcaram suas presenças no nosso meio literário com muita capacidade e conteúdo. Como é gostoso ler seus textos cheios de lirismo.
Elias Sallum, de muita capacidade e cativante personalidade pessoa invulgar na nossa sociedade, profícuo de disponibilidade a tudo que envolvesse literatura.
Antonio Henrique Carvalho Cocenza, literato por natureza, esbanjando genialidade e competência, foi um expoente incontestável no nosso meio literário. Seu elogio ao meu livro “Limiares”, da qual sou agradecida até hoje, possibilitou que o meu livro fosse escolhido pela Secretaria da Ação Cultural, para publicação.  Esse foi meu incentivo para continuar na agradável tarefa de ser escritora.

Falar de Samuel Pfromm Netto, de grande brilhantismo do seu gênio literário e amor a sua Piracicaba. Conheci-o desde moço, simples e generoso como são os que verdadeiramente têm talento inato.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Comemoração do Dia do Escritor

Comemora-se o Dia Nacional do Escritor em 25 de Julho.
Como em anos anteriores, as entidades literárias unem-se para comemorar a data: o Centro Literário de Piracicaba, o Grupo Oficina Literária de Piracicaba, a Academia Piracicabana de Letras e o Clube dos Escritores.
Neste ano serão homenageados alguns escritores piracicabanos falecidos neste século, os mais ligados aos grupos literários ou que escreviam amiúde na imprensa, como uma forma de eternizar e divulgar seus nomes e suas obras.
Também um escritor piracicabano, na ativa, será foco de homenagens, o engenheiro agrônomo aposentado e membro da Academia Piracicabana de Letras, Geraldo Victorino de França, que aos 90 anos lançou recentemente mais um livro, o quarto da série "Aprendendo com o Voinho".
O evento será no Recanto dos Livros, que fica nas dependências do Lar dos Velhinhos de Piracicaba, a partir das 9h quando o professor e historiador Noedi Monteiro fará uma palestra abordando o tema Origem e Evolução das Palavras, seguida de apresentação de dança africana.
Convidamos os familiares e amigos dos escritores homenageados para esta celebração.
Geraldo Victorino de França (Voinho)
Noedi Monteiro


Escritores piracicabanos falecidos neste século
serão homenageados no Dia do Escritor

Almir de Souza Maia
Antonieta Rosalina da Cunha Losso Pedroso
Adriano Nogueira
Antonio Henrique Carvalho Cocenza
Elias Salum
Ercilio Antonio Denny
Erasmo Prestes de Souza
Erasto da Fonseca
Euripedes Malavolta
Fernando Ferraz de Arruda
Flavio Toledo Piza
Guilherme Vitti
Haldumont Nobre Ferraz
Hugo Pedro Carradore
Homero Anefalos
Ilze Munia Correa
Lino Vitti
Ludovico da Silva
Marcos Salvador de Toledo Piza
Maria Cecília Machado Bonachella
Maria Emília Leitão M. Redi
Maria Helena Gaspar Bueloni
Marina Rolim
Mario Evangelista
Marlene Abas Cassab
Miguel Gonzales
Olênio Sacconi
Samuel Pfromm Netto
Virgínia Pratta Gregolin

terça-feira, 19 de julho de 2016

DIA DO ESCRITOR


Leda Coletti

            No dia 25 de julho comemoramos o Dia do Escritor. É um dia de confraternização de todos que gostam de escrever, de expressar por meio da escrita sentimentos pessoais ou grupais, criando então poesias rimadas ou de versos livres, crônicas focalizando e comentando fatos cotidianos, contos, artigos e até um livro.
            Cada país, estado, cidade possui um acervo literário formado  por pessoas que ali nasceram ou se fixaram. Ficaram conhecidos por seu povo, ou ao menos por seus companheiros de jornada.
E em Piracicaba não é diferente. Tivemos escritores ilustres no passado  que nos legaram muito e engrandeceram a cultura piracicabana e que incentivaram outros da época atual..
Os integrantes do CLIP (Centro Literário de Piracicaba) tem procurado  no  dia- 25 de julho reunir em encontros festivos os escritores piracicabanos, integrantes das várias entidades literárias de Piracicaba (Clip, Golp, Academia Piracicabana de Letras, Clube dos Escritores e Sarau Literário de Piracicaba). Já aconteceram em anos passados na área de Lazer da Rua do Porto, com apresentação de poesias, mensagens ilustradas de escritores atuais, em varais seguidas da leitura ou declamação, bem como contação de histórias. Também houve a comemoração em conjunto com exposições de artes plásticas no Instituto Martha Watts.
Nesse ano 2016, foi escolhido O Recanto dos Livros, no Lar dos Velhinhos e o dia 23 de julho, às 9 horas para a comemoração. Desta feita focalizaremos as poesias, algumas pequenas crônicas, artigos daqueles com os quais tivemos a felicidade de conviver nestes últimos anos ( neste milênio)  e que já partiram para a grande viagem. .Alguns nomes: Almir de Souza Maia, Antonieta R.C.Losso Neto Pedroso, Adriano Nogueira, Antonio H.C. Cocenza, Elias Salum, Erasmo Prestes de Souza, Erasto da Fonseca, Fernando F. de Arruda, Flavio Toledo Piza,Guilherme Vitti, Haldmont N. Ferraz, Hugo Pedro Carradore, Homero Anefalos, Ilze M.Correa, Lino Vitti, Ludovico da Silva, M.Cecília M. Bonachella, M. Emilia L.M. Redi, M. Helena G. Bueloni, Marina Rolim, Mario Evangelista, Marlene Abbas Cassab, Miguel Gonzales, Olenio Sacconi, Samuel Phromm Neto, Virgínia Pratta Gregolin. Relembrando-os estendemos nossa admiração por todos aqueles que se foram há mais tempo. 
Nessa ocasião fará pequena palestra o jornalista, escritor e historiador,  Noedy Monteiro, versando sobre a Origem e Evolução das palavras através do tempo, seguida de apresentação de dança africana.
Como escritor na ativa será homenageado o Prof. Geraldo Victorino de França – conhecido por Voinho, integrante da Academia Piracicabana de Letras, que aos 90 anos lançou seu último livro “Aprendendo com o Voinho volume 4” nesse Recanto.

Convidamos os familiares dos escritores citados acima, os amigos e escritores piracicabanos para mais esta confraternização.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

O VELHO AÇUDE


 Marilda de Luccas Sampronha

Quem é que não vai se lembrar
de um pedacinho de chão, um prazeroso lugar...
Eucaliptos altaneiros, um tanque corriqueiro,
brisa agradável e muitos sapos a coaxar?

Foi um dia a passarela de um povo sonhador...
Passavam crianças correndo, adultos que iam trabalhar.
Transitavam carroças, bicicletas, caminhões,
Chão batido, amassado por nossos pés, marcado por emoções.

De um lado, as águas serenas faziam ondas pequenas,
do outro, uma bica, mulheres lavando roupas..
Uma escada, uma cascata, alguns pássaros errantes,
era o açude longo e estreito que recebia qualquer andante.

Anos e anos, o velho açude sentiu a brisa das águas,
 o tanque secou, o açude perdeu o que mais de importante ele tinha...
restou um arvoredo sem brilho, um castelo sem rainha...
O dia era seu grande amigo, a noite lhe parecia um castigo...

Voltando àquele velho açude,
lembrei-me do que ficara esquecido,
sapatos furados, pezinhos feridos, chinelos partidos,
tudo o que ELE viu...

Agora não há mais beleza, um misto de
tristezas e alegrias...
a poeira cobriu o passo, a saudade ganhou espaço,
o açude virou poesia...

                                 

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Duas décadas!



Lourdinha Piedade Sodero Martins

                A vida... é toda breve!  
                Mas, nada breve esse tempo sem você...
                Está  presente no meu dia a dia, mais que isto,  jamais   deixou de habitar a  alma minha.  Só assim  me  fortaleço, só assim não me sinto sozinha.
                Continua a  caminhar  comigo  pelo jardim; admiramos as  flores e folhagens,  zelosamente  cultivadas.  Seguimos lado a contornar nossa casa durante as orações matinais.
                Ela continua decorada com os mimos trazidos das  nossas saudosas viagens.
                No suave  embalo do  balanço vermelho, quase  centenário, apreciamos a brisa cantante da manhã ensolarada; a alegre revoada vespertina da passarada em festa; os  atenciosos transeuntes, que também admiram nossos canteiros floridos.
                Das espécies  escolhidas, o "açaizeiro" que  você plantou, aquela  muda  pequenina  que ficou  sob meus cuidados, já  ultrapassou o muro, tornou-se   altiva e frondosa, isto é, transformou-se  numa touceira de  palmeiras  entrelaçadas, de diferentes alturas, em  farta produção.  Seus inúmeros cachos, com coquinhos suculentos,atraem lindos e travessos tucanos famintos, além  de alegres  papagaios e maritacas  barulhentas .  
                Cenário belo de se ver!
                Minha vida continua nossa...  Prossigo a  fazer tudo como  antes; dedico-me às  atividades que   sempre gostamos como a Música  e a Literatura,além da prazerosa ajuda às nossas filhas e netos abençoados, todos à sua maneira,oferecendo- me atenção e   muito carinho. 
                 Sempre, com muita  saudade, orgulho e alegria falamos sobre você.  
                Portanto,  continuo realizada e feliz, meu/nosso querido Paulinho.


segunda-feira, 4 de julho de 2016

Malditos gerúndios


 Marisa Bueloni

         Era um sábado de manhã. O quarto devia estar mergulhado naquela doce penumbra do amanhecer, as grossas cortinas de lonita vedando a entrada da luz. O frio lindo do Campestre, as cobertas maravilhosas e quentinhas. Escrevi que o aposento “devia” estar na penumbra, porque eu “devia” estar dormindo.
 Mas o telefone tocou antes das 9 horas. E acordei. E atendi. Do outro lado, a voz indefectível da moça do telemarketing.
    - Bom dia. Com quem eu falo?
     - Quer falar com quem? – minha voz era uma pasta de sono e ódio mortal.
     - Com a senhora Marisa, por favor.
     Engatei uma conversa.
     - Meu anjo, que horas são?
     - Quase nove, senhora.
     - E que dia é hoje?
     - Hoje é sábado, senhora.
     - Eu estava dormindo e você me acordou. Esperava dormir um pouco mais, sabia? Por que vocês nos ligam em pleno sábado, às 9 da manhã?
     - Qual o melhor horário em que posso estar ligando, senhora?
     Começou o gerúndio infernal. Eu queria estar xingando esta moça que me tirou de um sono maravilhoso, mas não pude estar tendo coragem. Até porque ela esteve avisando, no início, que nossa conversa poderia estar sendo gravada. Assim, não estando querendo parecer mal educada demais, resolvi estar respondendo a que horas ela poderia estar me ligando. E me lasquei no gerúndio dela, de propósito...
     - Um horário bom seria aquele em que a gente não esteja estando dormindo... 
     - A que horas posso estar ligando, senhora Marisa?
     - Pode estar sendo ali pelas 10 horas, sem estar sendo no sábado.
     - Eu vou estar retornando na próxima semana. Tenha um bom dia.
     - Menos no sábado, hein? Senão, eu vou estar matando você, minha filha.
     - Como?... Ah, senhora, entendi, tenha um bom dia.
     - É... eu vou estar tendo um bom dia, já que  você resolveu estar me acordando...
     - Desculpe, senhora Marisa – e desligou.
     De outra feita, soltei os cachorros. Mansos. Que não sou de latir muito. Ligou-me um rapaz educadíssimo, de um banco, oferecendo vantagens.
     - Boa tarde, com quem eu falo?
     Aí, já estando pressentindo o tipo de serviço, fui logo respondendo num impulso:
     - Aqui é a senhora Marisa. E você, quem é?
     - Eu sou o Edson, senhora Marisa. Senhora Marisa, preciso que a senhora esteja me dando um pouco da sua atenção para que eu possa estar explicando sobre o nosso plano econômico.  A senhora pode estar me dando?
     Ah, gerúndios odiosos! Quem é que inventou esta língua?
     - Sim, senhor Edson, eu posso estar dando um pouco da minha atenção. Diga.
     - Senhora Marisa, a senhora pode estar aplicando 60 reais todo mês no nosso plano econômico e estar concorrendo a sorteios mensais em dinheiro...
     - Senhor Edson... – tentei interromper, em vão.
     - Senhora Marisa, pense bem. Dou um tempo para a senhora estar pensando. O que a senhora poderia estar fazendo com 30 mil reais?
     Ah, senhor Edson. Não me obrigue a responder, cara... Você me perguntou e agora vai ter de estar ouvindo a minha resposta.
     - O que é que eu poderia estar fazendo, senhor Edson?
     - Sim, o que a senhora poderia estar fazendo, senhora Marisa?
     - Nada, senhor Edson, eu não estaria estando fazendo nada. Eu não ligo para dinheiro. O que tenho me basta.
     - ... (silêncio sepulcral).
     - Senhor Edson? O senhor está aí?
     - Sim, senhora Marisa. Vou estar explicando melhor e...
     De súbito, fui acometida daqueles famosos cinco minutos que todos temos na vida...
     - Me escute, senhor Edson. Escute-me, por favor. O senhor não me deixa falar. Não estou interessada no plano. Perdi meu marido recentemente e meus valores mudaram ainda mais. Vivo com muito pouco, em grande simplicidade. A vida para mim é viver um dia de cada vez. Um prato de comida,  um canto para morar, um carrinho na garagem e isso tudo, com saúde, é maravilhoso, senhor Edson. Agradeço seu telefonema, o banco, e desejo muito sucesso nos seus próximos contatos com o seu plano econômico, meu anjo.
      - Mas, Senhora Marisa, vou estar explicando as vantagens, senhora...
     Interrompi com firmeza:
     - Boa tarde, senhor Edson, passar bem – e desliguei.

Bem, amigos do primeiro programa, agora eu vou estar tomando um chá. Servidos? Vou estar abrindo um pacote de torradas e estar passando geleia de amoras nelas. Chá do quê?  Um chá de gerúndio... NÃÃÃÃO!!! É de capim-limão. Delicioso! Um chá que espanta gerúndios repetidos à exaustão, e torradas que não torram nossa paciência na audiência da vida...

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Sem Elis


Olivaldo Júnior

Ponho o rádio p'ra tocar
uma música que diz,
como nossos pais, do lar,
da cidade ou do País...

Travessia em meu olhar,
tão cansado, sem Elis,
fascinação, para honrar
querelas, pingar os is...

Folhas secas sobre o colo
que escutou Elis num disco,
mas a quer ouvir no solo

dessa voz, canário e cisco,
março d'águas que descolo
com Elis: encanto e risco.