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segunda-feira, 30 de maio de 2016

CORRIDA CULTURAL


                                                                                  Pedro Israel Novaes de Almeida

            Diariamente, são produzidos novos conhecimentos científicos, e novas aplicações para antigas descobertas.
            Produtos são criados e rapidamente aperfeiçoados. Aparelhos e mecanismos são, a cada dia, menores e mais eficientes. Em questão de meses, novidades viram velharias.
            A medicina já diagnostica e opera com sofisticada aparelhagem, pouco invasiva, enquanto as oficinas mecânicas aposentam marretas e jeitinhos. A internet informa na velocidade do fato, desafiando censuras e demolindo limites geográficos e políticos.
            Bandidos explodem caixas eletrônicos, e especialistas inventam mecanismo para manchar as cédulas subtraídas. Bancos lançam cartões com senhas sigilosas, e bandidos aprendem a cloná-los. A segurança pública tornou-se, como nunca, uma questão de inteligência e tecnologia.
            Não é fácil conviver com tantas e tão velozes transformações. Sentimo-nos dinossauros, com dificuldades em operar um simples rádio portátil, enquanto crianças manejam, programam e consertam computadores.
            A verdadeira corrida entre os povos ocorre na área educacional, incumbida de preparar as novas gerações para o convívio em ambiente de extrema competitividade, onde a criatividade humana não tem limites.
            Os ciclos básico e médio de nossas escolas parecem curtos, perante tantos conteúdos a serem lecionados, nas áreas humanas e exatas. Não será fácil fornecer, aos alunos, o suporte mínimo para entender e assimilar rudimentos de matemática, física, química, biologia, geografia e história, além do português e uma língua estrangeira.
            Sem alunos minimamente escolarizados, estaremos fadados a meros consumidores da inventividade e empreendedorismo de outros povos, eternos exportadores de matérias primas ou hospedeiros de capitais e interesses alienígenas.
            Apesar da urgência na distribuição de conhecimento, a maioria de nossas escolas ainda não conseguiu sequer implantar a civilidade e segurança em seu meio, até pelo fato de espelhar a situação da sociedade que as frequenta e da política que as gere.
            Não bastasse o pouco tempo para tanto conhecimento, surgem palpites os mais diversos, sugerindo novas disciplinas, como Esperanto, Educação Sexual, Xadrez, Música, Cultura Africana e outras. Compete, aos especialistas, rebater tais sugestões, sem negar-lhes o mérito.
            Enquanto outros povos cuidam de educar e ensinar, seguimos caçando ladrões de merenda, lamentando a escalada do crack, reparando prédios sucateados, construídos a preço de ouro, e desestimulando professores.
            Estamos em fase de crescimento, e esbarramos na falta de mão-de-obra capacitada. São muitos os diplomas e certificados, mas poucos os realmente formados.

            Como dito desde 1.500, ainda seremos, no futuro, o país do futuro.

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