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sábado, 31 de outubro de 2015

Nota de falecimento


Faleceu o fundador do GOLP (Grupo Oficina Literária de Piracicaba) ,  escritor Ludovico da Silva, aos 86 anos.
Natural de Piracicaba, São Paulo. 
Contabilista, Professor, Economista e Jornalista. 
Membro fundador do Grupo Oficina Literária de Piracicaba. 
Contista e cronista. Escrevia para jornais e revistas. 
Participante de diversas antologias. 
Premiado em concursos nacional e internacional. Teve o texto "O Brasil que Cabral não viu", vencedor do I Festival Literário, promovido pela E. S. A. "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo, ano 2000, encenado em espaços culturais piracicabanos, em comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil. 
Agraciado com dezenas de medalhas e troféus, entre as quais a primeira Medalha de Literatura "Profa. Branca Motta de Toledo Sachs", no ano de 2006, prêmio instituído pela Secretaria de Ação Cultural da Prefeitura Municipal de Piracicaba.
Um dos coordenadores da página Prosa & Verso, publicada semanalmente pelo jornal A Tribuna Piracicabana, há 15 anos. Autor do livro "Diário de Um Ano Bissexto".
Uma perda irreparável para a literatura e para o grupo que fundou em 1989, há exatos 26 anos.
Nossos sentimentos a toda a família.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Pelos caminhos de Assis



Ivana Maria França de Negri

Ao pé das colinas, num vale florido e silencioso, avista-se a cidadezinha de Assis, com suas casas antigas de paredes de pedras e ruelas de pedregulhos polidos pelos tantos pisares através dos séculos.
A cidade, toda construída em estilo medieval, com torres, castelos, igrejas, nos reporta a imaginar cenas do cotidiano da Idade Média, damas com longos e rodados vestidos e cavaleiros com suas armaduras em seus fogosos corcéis.
As lojas, com lampiões acesos à noite, reforçam mais ainda esse ar medieval.
Sinos badalam a todo momento, em diversos timbres, dos campanários de igrejas, capelas e conventos e bandos de andorinhas esvoaçam, lembrando os sermões de Francisco, que a elas pregava também. O passado vive em seus becos e ruelas, um convite à contemplação, ao silêncio e à meditação.
Segundo consta em escritos remotos, Assis, região da Umbria, província de Perugia, teve suas primeiras edificações erguidas no século VI a.C. No ano 89 a.C, tornou-se município romano e foi quando surgiram os monumentos, muralhas, arcos, templos e obras de arte. Depois da queda do Império Romano, seguiram-se tumultuados períodos e lá pelos idos de 1182, nascia Giovanni di Pietro Bernardone, que anos mais tarde adotou o nome de Francisco.
A cidade respira espiritualidade, tanto nas paisagens, igrejas, capelas, conventos, tudo muito bem preservado, cuidado e florido, encantando os olhos e o coração. Afrescos precisam ser admirados sem pressa, em cada detalhe.
Visitei essa cidade mágica com meu marido, filho, nora, e as três netas mais velhas, Mariana, Talita e Ana Clara. Uma experiência diferente, pois crianças são ávidas por descobrir coisas, fazer perguntas e curtem cada momento, cada descoberta.
No convento de São Damião, onde Santa Clara viveu e morreu, minha neta Ana Clara foi convidada a assinar o livro das Claras e Franciscos - Chiaras e Francescos – do mundo todo que visitam o local. Emocionada, ela fez um desenho e deixou registrado seu nome, idade, cidade e país.
Na Basílica de São Francisco, repousam os restos mortais do santo num nicho de mármore rosado. Na cripta, uma lâmpada votiva tremula, e todo dia 4 de outubro é abastecida com novo óleo para que queime por mais um ano.
As pinturas da parede e do teto são de um discípulo de Giotto. E todas essas maravilhas, fazem os corações pulsarem intensamente, pois o local é impregnado de energias boas e sentimos essa forte vibração dentro de nós.
Pena que ficamos pouco na cidade, o local precisaria de vários dias para ser apreciado em toda a sua beleza e riqueza de detalhes. Presépios com a sagrada família em representações diversas, estão em todos os lugares, pois foi o santinho de Assis que montou o primeiro presépio em argila, instituindo essa tradição natalina.
A Porciúncula, capelinha que foi construída no século IV e depois restaurada por São Francisco, é carregada de boas energias, geradas pelas emoções conjuntas de peregrinos de todas as partes do mundo que por ali passam, oram e pedem graças. Ao seu redor, foi construída a Basílica de Santa Maria dos Anjos. A capela permanece intacta, preservada dentro do templo maior. É o lugar mais sagrado da Ordem Franciscana porque ali morreu Francisco, por isso é um lugar de grande peregrinação.
Assim é o cenário de sonho da cidadezinha de Assis, na Itália.



quinta-feira, 22 de outubro de 2015

DIA DO PROFESSOR (II)


Plinio Montagner

Dia do Professor? Ora, todos os dias são dias do professor. A vida toda. É como dia das mães. Se você sabe fazer uma listinha de compras, preencher uma nota fiscal, ler uma placa na rodovia, uma revistinha, um jornal, uma receita, é porque passou pelas mãos de um professor.
Somos o que somos graças aos nossos mestres. Pai, mãe, educador, pedagogo, são outros tipos de mestres. Professor é diferente; este fica dentro de uma sala de aula, ensina e ajuda o aluno a aprender.
Mas o salário... Oh! Como dizia o querido comediante Chico Anísio. E mais, mencionando uma frase do jornalista Alexandre Garcia: “O governo só não paga menos que o mínimo porque não pode”. Ou seja: porque a lei impede.
O raciocínio dos políticos funciona assim: se melhores salários equivalem a professores mais qualificados, se avaliações sérias significam promoção dos melhores, se alunos bons vão ser cidadãos pensantes, e se cidadãos esclarecidos incomodam o funcionamento da máquina da corrupção... então: salário de fome.
Os governos não querem professor ganhando bem nem alunos bons nem escolas boas porque: quanto mais mediocridades, mais facilidades para enganar os eleitores menos esclarecidos.
O salário dos professores da rede pública é tão aviltante que às vezes os mestres ficam embaraçados ao preencher um formulário e escrever que são professores. Dizem que são Pedagogos, Orientadores, Educadores...
Apanhar dos alunos já é um fato normal. Não é um acinte? Mas, e se for o professor que ameaça (só ameaça) dar um tapa no delinquente que o agride? A reação da sociedade é diferente. Aparece a Polícia, jornalistas, os pais, a Associação de Pais e Mestres - até o Datena.
Hoje os professores entram na sala e os alunos bocejam e zoam. Se não mudam de profissão é porque são masoquistas e gostam do que fazem ou, talvez, porque não sabem fazer outra coisa.
Sobre esse tema a escritora Lya Luft, Revista Veja, edição 2342, manifestou-se: “Caso um professor seja mais severo e exigente com a classe ou com um aluno, com certeza será processado pelos pais. Sala de aula é para trabalhar; pátio é para brincar”.
A nulidade da ação firme dos pais - educação de berço - é a maior vilã na relação professor/aluno/aprendizagem. Alunos, filhos de pais instruídos e enérgicos, são bons, obedientes, pacíficos, cumprem seus deveres e obrigações e respeitam seus professores.
O sistema de cotas e outros recursos que garantem assentos nas universidades enfraquecem a disciplina e a motivação para aprender.

A extensão do paradoxo assusta. O trabalho dos mestres é o gene principal da formação de homens; contudo é preterido pelos governos, fatos estes bem relatados por Maquiavel: “Povo que não pensa facilita a vida dos governantes corruptos e inimigos da nação”. 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Ser poeta (20 de outubro – Dia do Poeta)


Olivaldo Júnior

        Um dia, quando eu menos esperava, passou um anjo de óculos e... Zum! me fez poeta, bateu asas e voou. De lá para cá, primeiro a lápis, depois à máquina e, mais recentemente, a teclado, deixo vir milhões de versos à luz de todos, porque a Poesia quer largar os livros, saltar dos sites e pular na boca e nos ouvidos de quem mais precisa. Eu sei que preciso escrever, mas há muitos que também precisam. E você?
        Sexta-feira, à noite, conheci um jovem que tem feito das palavras sua forma de resistência às drogas. É um jovem muito humano, que se preocupa com o próximo e, através de suas letras, quer fazer um novo mundo para os outros e para si. “O importante é a mensagem”, disse ele. E é verdade. Muitas vezes, ficamos presos à métrica, à forma dos versos, o que é muito legal e vale muito, mas não é só isso. Ser poeta é só isso?
        Não, ser poeta é bem mais que saber fazer uma trova, escrever um soneto, botar os pingos nos “is” e querer dominar todas as técnicas de escrita. Ser poeta é falar em público um poema, seu ou de alguém, pois o que vale, ao fim das contas, é o contato com as pessoas que querem do poeta o que ele tem de melhor: sua visão de mundo. Em que mundo você vive? O que tem feito de sua vida? Não sei, mas o anjo poeta sabe.
        Ontem estive em uma companhia teatral daqui, a Parafernália. Houve música, dança, teatro e, é claro, poesia, que ninguém é de ferro! Num belo ambiente, bem lírico, o público se emocionou e pôde sentir a energia que a Arte nos dá. Energia que o senhor sentado à mesa comigo tem sentido, iniciando sua carreira teatral depois dos sessenta anos e se dando a chance de brilhar. Ser poeta é iluminar, mesmo apagado, o viver.

        Dia 20 de outubro é o Dia do Poeta, data criada em 16 de novembro de 1999, durante a XXX Conferência Geral da UNESCO. Mas, assim como todas as datas comemorativas, o Dia do Poeta acontece todos os dias, quando alguém se senta e, seja num papel, seja numa tela, ambos em branco, deixam marcas, muitas pistas para um mundo em que todos podem estar, o da Poesia. Que venha o anjo de óculos! Amém.

domingo, 18 de outubro de 2015

Contos de mulheres sábias e uma análise


Raquel Silvestre Medeiros *

Li o livro O Violino cigano e outros contos de mulheres sábias na Sala de Leitura, com a Luzia, que é professora e mediadora de leitura lá, e percebi que em todos os seus contos a mulher é realmente a principal personagem, como, por exemplo o conto “Mais inteligente que o rei” que apresenta uma situação onde as mulheres são representadas como  espertas, inteligentes, fortes na queda e realmente sábias. Diferente dos outros contos populares dos livros que lemos, este fala bastante sobre as mulheres, como são e eram, e como nós somos diferentes das personagens femininas  da maioria desses contos de fadas.
Na maioria dos contos que já vi, eles diriam que os homens são cavaleiros, fortes, espertos e bonitos, e as mulheres são frágeis, bonitas, fracas e indefesas, mas neste livro é o contrário, pois mostra os personagens masculinos como fracos, desesperados e preocupados. Para chegar ao ponto em que quero discutir, o fato é que poucos escritores ou escritoras divulgam livros cuja mulher é a heroína, porém Regina Machado, escritora que organizou estas histórias populares vindas de outras épocas e de  outros países e regiões diferentes, inclusive do Brasil, foi inspirada para realizar este livro e para que diminua  esta indiferença em relação aos feitos das mulheres.
Esta história mexeu com a minha cabeça e eu mudei a minha mente, por exemplo, eu achava que, como nos contos o homem é o mais forte e esperto, assim era, mas penso hoje que na verdade uma parte dos escritores apenas faz a história por sua imaginação e que, quase todas as coisas que são imaginadas não são a realidade do dia a dia, como os contos fictícios.
Assim como o livro “O violino cigano e outros contos de mulheres sábias” me inspirou bastante, tenho certeza de que do mesmo jeito que me inspirou, pode inspirar vocês. 
Vai aqui uma história que procurei criar com o mesmo tema: “Uma mulher na floresta isolada”
Uma época, havia um príncipe de nome Zideão. Ele governava junto a três amigos, mas o que ele não sabia era que eles eram pessoas que o odiava e sentiam inveja dele. Com a ajuda de sete guardas eles o mandaram a uma floresta isolada.
Zideão, muito confuso e perdido vagou por dias pela floresta até que encontrou uma mulher que pegava água em um rio para levar a sua casa perto da longa floresta. O homem, que passava por ali desesperado por ajuda, foi correndo até ela e pediu auxílio.
Ela, percebendo as roupas dele todas rasgadas, o ajudou a sair da floresta. Ele lhe disse que era da realeza e que podia conceder algo para ela.
A jovem disse que tinha apenas um pedido: morar no castelo com o príncipe; ele estranhou, mas aceitou.
Três meses depois a mulher foi embora do castelo e como neste período o príncipe havia se apaixonado por ela, foi procurá-la na floresta e novamente se perdeu. Ficou dias vagando e procurando pela amada. Quando Gideão viu seu balde caído próximo a um riozinho...caiu de joelhos na frente da jovem que vinha vindo. Disse-lhe que se ela o ajudasse a achar a saída dali ele não lhe ofereceria outra proposta senão um bom relacionamento, e como ela também gostava dele, aceitou.
Meses depois, quando a jovem realmente viu que era isso o que ela queria, casaram-se, e foi uma festa só e sei que vocês estão se perguntando: e os três traidores que planejaram a queda do príncipe? – aliás, eram dez e não só três – Bem, ele queria castigá-los mas a jovem não deixou, por que se não fossem eles os dois não teriam se conhecido e ela disse que o melhor seria bani-los e colocá-los numa distante floresta isolada. E assim foi feito.


*  aluna do 6º Ano, na PEI “EE Prof. Francisco Mariano da Costa” – bairro Novo Horizonte - Piracicaba

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Infância em bianco e nero

                             


                                                               Eloah Margoni

    Sim, tive sorte na vida; nem por isso ausência de desafios e de caminhadas por locais áridos e pantanosos. Fui cuidada a amada mas, na infância, minha avó paterna, uma mulher má e manipuladora que infernizava a vida dos filhos, colocava minha casa em tensão e alvoroço. Eu, a filha mais velha... Meu pai sofria extremamente com isso, e muito cedo comecei a odiá-la tanto quanto amava minha avó materna.
    Bem criança ainda, tinha ímpetos de cólera, perfeitamente reprimida ou controlada. O que mais fazia era gritar pra mim mesma no espelho, quando sozinha, e desarranjar meus cabelos bem penteados.
     Detestei minha avó durante bom tempo, com uma cólera fresca, impotente e legítima, sempre desejando a morte daquela figura responsável pelo suplício dos meus pais e tias. Quando ela finalmente morreu, anos depois, fiquei bem feliz. Foi grande dia de festa para mim. Achei bom ir a São Paulo, sob a chuva fina e triste, sepultar aquela odiosa figura, juntamente com um ou outro personagem vestido de preto que apareceu no enterro. Mas havia mais, acreditava que a mentalização assassina tinha, finalmente, surtido efeito! Eu matara minha avó, após anos de persistência, trabalho e desejos bem direcionados. Estava, por isso, de parabéns. Nunca senti culpa por tais sentimentos. Porém, já adolescente e adulta jovem, coloquei em questão meus superpoderes mentais, uma vez que minha avó estava idosa e bem doente.
    Não sei se acreditava em inferno naquela época. Imagino que sim. Inclusive tínhamos uma coleção cara, completa, ilustrada de A Divina Comédia de Dante; eu a lia muito e conhecia bem todos os círculos do inferno. Pensando melhor, não sei como meus pais permitiam que eu dissecasse e folheasse tanto aquilo, com suas figuras desesperadoras e horrendas; mas talvez achassem que fosse bom para minha formação. Então, certamente eu acreditava no inferno por força da religião, da literatura e da arte, mas nunca pensava naquela velha horrível lá tampouco, cara a cara com o demo como ela mereceria, ou em que círculo estaria. Isso não me importava. Bastava-me que estivesse longe de mim o suficiente, que sumisse, que deixasse de nos atrapalhar! E ela havia sumido. Tampouco minha formação cristã ou o exemplo do lado bom de meus pais fizeram-me pensar que a ira em si causasse algum lastro de chumbo o qual pudesse puxar-me, vamos lá, para o purgatório por alguns séculos saeculorum (porque o máximo a que chegávamos, era mesmo ao purgatório). Karma, darma, maia e outros termos só se apresentaram muito mais tarde, para mim. Não que os esteja, aqui, defendendo.
    Se tivesse prestado atenção a tudo no entanto, ou tivesse inventário suficiente para tal, teria percebido que poderia vir a ser uma pessoa muito prática e racional, contrapondo-me às minhas próprias paixões, o que tento disfarçar às vezes. Mas durante bastante tempo não parecia isso, porque bem romântica e sonhadora. Na verdade, aquele ódio infantil, vegetando entre explosões de sensibilidade amorosa por outras pessoas e coisas, também dava mostra de idealismo futuro, de inconformismo e inclinação para luta.
     Tais elementos descritos e um tanto mais brigaram acirradamente dentro de mim, até que formaram um caleidoscópio ordenado, onde cada ato, sonho, convicção, arrependimento ou ideia construíram certa mandala dinâmica que faz também, hoje em dia, a pessoa que me tornei. Seja lá quem for tal pessoa, seja lá o que acabou sendo, o certo é que, no conjunto, afinal, faz bastante sentido. Até porque tudo faz sentido no mundo, inclusive os maiores absurdos, mesmo que não o alcancemos nem jamais venhamos a alcançar. Isso é puro azar nosso certamente, estarmos tanto assim pregados ao solo.



terça-feira, 6 de outubro de 2015

Oficina Cultural no GOLP

Amanhã, 07 de outubro/2015, Leda Coletti dará uma oficina para o Grupo Oficina Literária de Piracicaba para estimular a escrita.
A Oficina intitula-se "Reminiscências Literárias".Na Biblioteca Municipal, às19h30


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

UM GRITO QUE ECOA


Lídia Sendin

Ouvindo do Brasil grito que ecoa
Um rogo que retumba renovado,
Não deixe, ó Pátria minha, ser à toa
A busca pelas glórias do passado.

Um povo que não foge da disputa,
Levanta com trabalho e braço forte,
Se o toque da trombeta é para a luta
Não deixará o outro à própria sorte.

O grito que se ouve é de igualdade,
Sem a preocupação da sua cor,
Quer pra todos a mesma liberdade
E nela põe sua vida em penhor.

Não quer ver seu irmão pedindo esmola,
Se cumprir seu dever, quer o direito,
Segurança, saúde e escola,
Mas principalmente igual respeito.

Quer a paz do futuro no presente,
Que este povo ajuda a manter,
Acolhendo pobre, rico ou diferente,
Esperando a mesma coisa do poder.

E um grito do Ipiranga atual,
Ecoa pelo verde do Brasil,
Trazendo outra questão também vital:

Somos nós ainda hoje mãe gentil?

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

CONTO SEM FIM

"Moça lendo" Vicente Romero

poesia de Lídia Sendin *

Conto tudo o que me encanta,
O que em cada canto vejo,
Mas nem sempre me adianta,
Nem sempre é o meu desejo.
Também conto o desencanto,
Se a estrada me oferece.
Todavia não me encanto
Com aquilo que acontece.

Fico firme no caminho
Mesmo que o redor me assuste.
Nesse meu andar sozinho
Vejo o bom e vejo o embuste.
Quando o fato é muito triste,
Posso até chegar ao pranto,
Mas não esqueço que ele existe
Só porque não me encanto.

O final é sempre certo:
Tem talvez, um não ou sim
E se lhe parece incerto
É porque não é o fim.

Poesia classificada em 2º lugar no Concurso da Academia Feminina Mineira de Letras de Belo Horizonte/MG.