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domingo, 30 de agosto de 2015

Segunda oficina do GOLP nesta quarta-feira, 2 de Setembro



O GOLP - Grupo Oficina Literária de Piracicaba -  retomando o antigo projeto das oficinas motivacionais literárias em suas reuniões, oferece a segunda oficina, a cargo da escritora e poetisa Ivana Negri e tem por tema “Egrégora Literária”
Nesta quarta-feira, 2 de setembro,  às 19h30, na Biblioteca Municipal de Piracicaba.
Aberta a quem gosta de escrever.


domingo, 23 de agosto de 2015

Numa cama de hospital



Olivaldo Júnior
 
Numa cama de hospital,
dimensiono minha vida
como a vida que, afinal,
pode, um dia, não ter vida.
 
Pode, um dia, não ter vida
esta alma que me move,
que buscou em minha vida
ter amor, amour ou love.
 
Ter amor, amour ou love
não depende só da alma,
esta luz que me comove
 
quando teimo em não ter calma,
mão de mãe que me remove
desta cama que desalma.
 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

APROVEITE A VIDA – “CARPE DIEM”


Plino Montagner

“Carpe diem, quam minimum credula postero”
(Colha o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã)

Reclamava um amigo que a vida é injusta e que sentia muita tristeza  pelos seus pais, que deram duro para um futuro melhor e não tiveram tempo de gozar das comodidades que o dinheiro lhes teria oferecido.
Essas melancolias assaltam a humanidade desde o início dos tempos. Horácio (Quintus Horatius Flacus), poeta lírico e satírico, filósofo da Roma Antiga (65 a.C.), em versos aconselhava sua amiga Leucone a viver uma vida intensamente.
Mas os pais do meu amigo, nem ele, leram Horácio ou Epicuro, e, se lessem não iriam obedecer aos ensinamentos. Desde as origens da humanidade os pais dão a vida para proteger os filhos, abstendo-se de coisas boas para prover a casa e a família, e com isso, vão se esquecendo de si até deixar esta vida sem ter aproveitado as oportunidades de serem felizes.
No filme Perfume de Mulher há uma cena maravilhosa anterior à dança do tango, quando o personagem Frank Slade, vivido por Al Pacino, tenta persuadir Donna, personagem vivida pela lindíssima Gabrielle Anwar, a dançar com ele o tango de Carlos Gardel, “Por uma Cabeza”.
- Não sei... estou esperando meu noivo.
- Quando tempo?
- Minutos...
Retrucou Frank:
- Ah! Algumas pessoas vivem uma vida inteira num minuto.
O diálogo que segue à dança continua inesquecível, com Charles, seu fiel e cúmplice acompanhante:
“O dia que paramos de admirar e de tentar fazer o que desejamos é o dia que morremos”.
É isso: sábio é aquele que usufrui intensamente das oportunidades e dos momentos, sem pensar muito no que o futuro reserva.
Horácio, que seguia a linha do epicurismo, não ficou sabendo que o homem, decorridos vinte e um séculos continua igual, continua esquecendo e ignorando que a vida é breve e a beleza perecível.
 Sendo a morte a única certeza o presente deve ser aproveitado antes que seja tarde, porque o amanhã é incerto.
Por isto, tolo é aquele que espera chegar o dia “certo” ou o “momento especial” para usar a roupa bonita, o sapato novo, abrir a garrafa do vinho raro ou declarar paixão a sua amada.
Viver o hoje sem pensar nas preocupações do amanhã, isto é o que vale. Sofrer antecipadamente é abrir portas à dor incerta.  Ao amanhã o amanhã pertence, e coisas ruins fazem parte da vida.
A humanidade vai mudar? Não muda. Pouco valem as experiências dos outros e as próprias, nem os conselhos dos sábios e a sabedoria dos filósofos, mas ninguém abdica de tentar.
O tema do filme “A Sociedade dos Poetas Mortos” também é revelador dos aforismos do “Carpe Diem”, relembrando aos jovens estudantes a brevidade da vida e vivê-la plenamente.
Esses axiomas foram retomados com firmeza pela literatura nos séculos XV e XVI, principalmente pelos romancistas do Renascimento, certamente para alertar o homem a não ser parcimonioso na hora de usufruir dos prazeres da vida e do coração.
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura...

Não sei não...

sábado, 15 de agosto de 2015

Piracicaba em Recortes - Exposição de poesias e aquarelas

Poesias dos poetas do Centro Literário de Piracicaba - CLIP- e aquarelas de Denise Storer expostos no Centro Cultural Martha Watts



Colégio Nossa Senhora da Assunção
(há décadas distantes...)
Lourdinha Piedade Sodero Martins

Oh! Colégio altaneiro, Nossa Sra. da Assunção!
Monumento à prova rara da Cultura e Educação,
a orientar tantas vidas na formação singular,
no verdadeiro preparo da arte de ser mulher!
Adolescência encantada no régio educandário
deixou registros marcantes em curiosas cinderelas!
Muitos os sonhos vividos, planos para o futuro
nobres ensinamentos semeados com maestria,
(por irmãs de São José) no coração das donzelas!
A capela como marco, silenciosa, tão divina,
magnífico interior, pleno em arte e devoção.
Orações clássicas, missas, puras bênçãos celestiais
compunham o pleno viver no distante cotidiano,
saudoso outrora “que os anos não trazem mais”!
A cúpula da capela de lindíssima arquitetura,
abóboda majestosa, insigne referência
a moldurar a pracinha bem à frente,
disputada e conhecida como “o jardim dos namorados”
Naquele recanto, em cálidas noites cantantes,
com a cumplicidade de um altivo ipê florido,
doçuras trocadas selavam belos momentos!
Entre juras, promessas e ais...edificou-se o amor
verdadeiro, sem malícias de muitos felizes casais!
Um “VIVA” ao Colégio “ASSUNÇÃO”!
Suntuosa Escola de Piracicaba!

O coreto da praça
Elda Nympha Cobra Silveira

Muitos iam para a praça
Logo depois do jantar.
Os jovens gostavam  de quadrar.
Os moços davam a volta pelo jardim
E as moças ao inverso,
Só... para poder paquerar.

No coreto o som expandia,
Cativando os namorados
Que aos beijos e afagos
Envolviam- se ao luar.
Tudo às escondidas,
O amor era sagrado!
.
Do bucólico coreto
Os sons invadiam a praça.
O chafariz esguichando,
Ao compasso da retreta
Só quem a viveu sabe,
Que tudo era uma graça!

Moldura
(no Engenho Central)
João Baptista de Souza Negreiros Athayde

Lá fora a tarde cai
solfejando silêncios verdes de seiva
ao compasso multicor
do canto de tantos pássaros

Entre paredes
a alma, em transe, emudece
descolorindo certezas
redesenhando esperanças

E tingindo de sonhos
os restos dourados do dia
...enquanto a noite não vem


A Magia dos Balões
Ivana Maria França de Negri

Balões risonhos
flutuam no azul.
Levando sonhos
entre nuvens e brisas.
Fazendo divisas
entre terra e céu
vagam ao léu
sobre a curva do rio

Lindos balões de ilusão!
Guardem  meus segredos
e levem para bem longe
meus medos...


Genius loci”  (o espírito do lugar)
Carmen Pilotto

A cidade e você em simbiose
se descobrindo lentamente
intrinsecamente afetuosas

Nos passos pelas calçadas domingueiras
Em ruas matinalmente vazias
Sinos festivos das carmelitas
Colorindo o casario do entorno

Seguindo a geografia - o rio
Como organismo vivo
Tão sentido pela seca
Mas intenso de passados
Como minha alma chuleada de fatos
Somos assim mesmo singulares

Apegada a Piracicaba
Eu desvairadamente intensa
Em sintonia com a cidade que acolhi
Tão provinciana e tão urbana
Confusa e feliz em meio ao concreto!


 
Flamboyant
Maria Madalena Tricanico C Silveira

Com  seus  longos  galhos,
Suas  flores  vermelhas
Aquece  os  corações
E  a  alma  centelha.
Seduz  namorados,
Flameja  seus  corações,
Deitam à  sua  sombra
E  entregam-se  em  louvação.
Olhar  para  o Flamboyant,
E  ver  a  esperança  no
Verde de  suas  folhas,
Sentir que  tudo  valeu  a pena.


Estação de trem
Raquel Delvaje

Na estação de trem
Meus olhos compridos
Percorrem os trilhos
E pulam de vagão em vagão
Tentando abraçar
O que faz saudade.



Trovas: Pesca, pescaria, pescador
Lídia Sendin

Pescador de correnteza,
No rio que passa ligeiro,
Da pesca não tem certeza,
Da vida é só passageiro.

Piracicaba é nubente
De eterna felicidade,
O povo é boa gente,
O lugar bela cidade.

O peixe aqui sempre para
Em água que não acaba,
Lugar de beleza rara
É o Rio de Piracicaba.

Com a vara, linha e isca,
Sacola ao lado vazia,
Pescador olha e nem pisca
Pescando sabedoria.


Caminhando na área de lazer
Leda Coletti

Caminhando lépida,
me encanto com a paisagem.
O verde gramado,
o lago sombreado
por árvores floridas.
Adultos e jovens
sozinhos ou aos pares,
caminham depressa
cruzando suas falas
aos cantos dos pássaros,
que aos bandos, em pares,
se pegam, se abraçam.
Pelo amigo vento
sou acariciada,
pelo amigo sol
de leve beijada,
e enquanto caminho
louvo e agradeço a Deus,
a ventura de caminhar
neste alegre lugar.


 
Rua do Porto
Ruth Carvalho L. Assumção

Balançando-se à beira do rio
Com seu casario e carisma
É a paisagem banhando-se nas águas
Em águas benditas, águas bonitas,
Águas de ninguém
Que nas marolas cantam e gemem
Num rolar constante,
Rolando como serpente,
Arrastando seu destino
Beijando desde menino
Os pés do Engenho Central
Na moldura das casinhas
Plantadas ao seu redor
Uma porta, uma janela, um quintal,
Brancas, azuis, amarelas
Trazendo dentro delas a memória
De um pescador a sonhar
Com tralhas e vara de pescar
Nas águas sempre a rolar
Buscando malhas finas
Seu alimento a dançar.


Largo São Benedito
Sílvia Oliveira

Nossa esta Piracicaba
: memórias tantas no seu largo
um Benedito que escutava
as preces negras quase só

Antigo mal não é mais regra
: lugar, igreja, o próprio santo
na história ao longo permanecem
marcando todos por igual


Velhas janelas de Piracicaba
Neu  Volpato

ruas passam espiando
essas velhas janelas
a ver se por elas
ressumam antigas saudades
devolvendo lembranças à cidade
de suas antigu/idades


  
Praça José Bonifácio
Aracy Duarte Ferrari

Praça central, altaneira, aconchegante
Traz ao presente reminiscências do passado.
Registra a história piracicabana ao vivo,
Tem à sua frente a Igreja abençoando.

Espaço aberto a todas as idades.
Idosos narram passagens de ontem
Interagem nas trocas de causos e prosas,
Tendo prioridade os acontecimentos locais.

Na primavera, festival esplêndido de flores
Embelezam e exalam seu perfume...

Em sintonia com a graça da praça
Estão o coreto, o chafariz e bustos históricos.
Que o tempo incumbiu-se de guardá-los
E fazer pulsar as emoções.

O chilreio dos pássaros cantores,
O som musical do Coronel Barbosa
Foram a natural orquestra sinfônica,

A praça sensibilizada adormece feliz.


quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Sobre a exposição Piracicaba em Recortes - comentário



"UT PICTURA POESIS ERIT"
(Horácio, Ars poetica, v 360-365)

O poeta latino Horácio diz que "a poesia será como a pintura", afirmação que é desvendada ao olhar do visitante da exposição "Piracicaba em Recortes", no Instituto Cultural Miss Martha Watts,  em homenagem aos 248 anos de Piracicaba, onde a  junção de obras feitas pela artista plástica Denise Storer, com  poemas de diversos autores pertencentes ao Centro Literário de Piracicaba (CLIP) mostra uma perfeita sintonia entre as paisagens noivacolinenses com os textos produzidos.  Os diversos cenários retratados pela pintora  são complementados pelas poesias, que a eles se referem de maneira peculiar ao estilo de cada autor, cada qual com sua visão particular, sua nostalgia de tempos idos (Colégio Assunção), sensações que ficaram (Coreto da Praça, Engenho) e mesmo de fatos do presente (Balões).  Fundem-se ali os espaços limitados dos cenários, ainda que postos sob o olhar vasto da artista plástica, com o universo dos sentimentos dos poetas. 

Parabéns a todos do CLIP e à Denise

Francisco França

domingo, 9 de agosto de 2015

PAI


Sylvio Arzolla

Uma tristeza infinda punge meu coração,
quando lembro de você,
dos dias felizes que passamos juntos,
de sua presenças marcante,
de sua simplicidade, daquela bondade infinita.
Como é difícil pai,
a vida sem a sua presença.
Quanto mais o tempo passa,
mais a saudade aperta o meu peito.
Você foi aquela pessoa meiga, laboriosa,
aquele espírito forte que sempre enfrentou a vida
com o pouco de energia que tinha,
dado a sua enfermidade.
Alquebrado pelos anos,
você foi em vida o espelho vivo de honestidade.
Olha, pai, eu estou aqui
seguindo o caminho que você me indicou,
usando dos seus ensinamentos,
daquelas palavras cheias de sabedoria.
guardo comigo as experiências
que me passou e que estou seguindo.
Vejo você hoje, como o vi há tantos anos.
você foi pequeno em estatura,
mas grande em sabedoria,
uma verdadeira luz que me guia a través dos anos.

Pai, até um dia.

sábado, 8 de agosto de 2015

Conselhos de Pai


Lídia Sendin
Sobre o pecado, a escolha e a liberdade,
Pra quem se achava santo, meu pai dizia:
Que o que não se faz por incapacidade
Não é virtude, nem é sabedoria.

Quem não tem coragem, atitude ou artifício,
Para praticar um erro ou o seu malfeito,
Não tendo ao seu redor meio propício,
Não pode se gabar de ser perfeito.

Existem os que com um real pavor,
Fecham-se em mosteiros virtuais,
Com medo de pecar contra um senhor
Que pode dar castigos infernais.

Mas, se houver meios e oportunidades,
De errar e você permanecer decente,
É porque mora em você o bem e a vontade
De continuar com fé em Deus entre os descrentes.