Algumas das
citações que mais sobejam sobre o amor são inquestionáveis, como estas, bem
populares: vida sem amor não vale a pena ser vivida; o amor acontece quando
menos se espera; o amor verdadeiro, puro, inocente, só acontece uma vez na
vida; o primeiro amor nunca morre; a vida sem amor não tem graça, etc., etc.
Resumindo - o
amor é a melhor coisa que pode acontecer a uma pessoa.
Mas tudo tem
um preço, embora subjetivo, o amor é um bem caríssimo, se nos lembrarmos das
tragédias, epopéias e odisséias de Ulisses e Penélope, Romeu e Julieta, Páris e
Helena, entre outros protagonistas.
O amor é um
tema universal. Inexplicável.
Os convivas do
banquete platônico (séc. 4 a .C.)
garantiam que no Olimpo não havia amor. Mas Platão não era doido. Então os deuses
não amam?
No – O
Banquete - o filósofo conclui que só se ama aquilo que não foi possuído. E como
os deuses têm tudo, não pode haver amor no Olimpo. A tese é que o amor existe,
mas apenas quando há um desejo por algo ainda não conquistado, ou seja, a posse
do novo.
Sendo os
deuses seres perfeitos, nada lhes falta nem pode lhes faltar. Mas aos humanos
falta muito, por isto não lhes resta outra opção além de amar. Assim sendo, os
deuses não precisam amar nem serem amados.
Mas, qual é o
objeto do amor? É o corpo do outro? A mente? A beleza? A posse? – ou a posse de
uma companhia?
Aí está
novamente o paradoxo platônico. Se os humanos se tornassem deuses o amor
perderia o sentido. Se Eros, o deus do amor que por princípio deseja o que não
lhe pertence, e desvaloriza após a conquista, o amor não existiria nem antes da
conquista.
Nada é conquistado
sem que haja o fator interesse, ou motivo.
Aceita essa
definição, o amor não seria uma virtude, mas uma simples constatação de nosso
egoísmo.
O outro
estremecimento amoroso é a paixão, que é mais forte do que o amor e a amizade,
porém é efêmera porque logo se dissipa. A paixão, particularmente, só renascerá
se houver interesse por um novo objeto, ou pessoa. E começa tudo de novo.
A posse, ou a ilusão
de sua posse, depois de conseguida a curiosidade fica diminuída pela saciedade
da vitória ou do uso. Daí a citação de Sêneca: “Nada será bastante para quem
acha pouco o suficiente”.
Ah! O amor, quanta
filosofia!
Há quem ama o
poder, a política, o ter, a posição social, as riquezas, o gato, o cãozinho, os
bens materiais.
Muitos amores são
perigosos e extasiantes, mas podem ser do bem e do mal.
A insatisfação
constante do ser humano pelo novo pelo melhor deixa-o malvado, vulnerável e
sempre insatisfeito, pois não sossega o espírito iniciando um novo caso ou uma nova
conquista.
Manter o amor é
uma dívida que nunca é quitada. Há quem afirme haver felicidade sem
envolvimento amoroso porque o homem se torna mais livre do que aquele que ama.
De qualquer
modo é difícil haver amor romântico que não aflige - pelo medo de perder.
Explicar o
sentimento amoroso não é tarefa dos mortais. Nem o Platão, nem Aristófanes
conseguiram decifrá-lo.
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