(Rio Piracicaba foto Ivana Negri) |
Ivana Maria França de Negri
Não é segredo para ninguém
que a escassez de água no planeta será um dos gravíssimos problemas a serem
enfrentados pelas nações. Num futuro bem mais próximo do que se imagina, devem
ser regulamentadas normas para conter o consumo mundial. Mas a cultura do
desperdício ainda permanece. Esbanjam o líquido precioso, e das mangueiras jorram litros e litros de água
tratada que deveriam ser usados para finalidades prioritárias. A boa e velha
vassoura deveria ser utilizada com mais frequência.
As guerras do futuro serão pela disputa da água. Veremos
grandes nações querendo se apossar das reservas que ainda restarem. A água será
o novo petróleo, fator de guerras e disputas.
Uma das primeiras guerras da história foi travada por causa
de água, há 4.500 anos, entre duas cidades à margem do rio Eufrates, região
onde fica o atual Iraque. Conta-se que Urlama, rei da cidade-estado de Lagash,
desviou o curso de um rio deixando a outra cidade-estado sem água.
Aqui em Piracicaba, nosso
pobre rio, em outros tempos tão majestoso, quando exibia fartas cascatas de
água borbulhante e que sempre foi o nosso orgulho, agora mostra-se como um
insignificante fio d’água, deixando à vista um esqueleto de pedras. O líquido
pardacento escorre tímido entre embalagens plásticas que bóiam em sua
superfície. O espetáculo é deprimente. Às vezes apresenta uma espuma branca e
malcheirosa, produto de organismos em decomposição ou gerada pelo acúmulo de
detergentes que sua pouca vazão não consegue diluir. É muito triste essa visão
desalentadora para quem ama a cidade e seu rio.
Enquanto o milagre da chuva não acontece, há que se
tratar a água como se fosse um tesouro, um diamante muito valioso. E mesmo
quando as águas verânicas chegarem, o solo vai absorvê-las por um bom tempo,
tão ressequido está. Só depois de encharcado o solo, os rios começarão a
recebê-las. E isso se chover muito!
A camada de ozônio está
desaparecendo, a temperatura da terra subindo alguns dígitos a cada ano,
resultado do desmatamento. O mau uso dos recursos naturais, o desperdício de
água, a condenação de espécimes animais e botânicas à extinção, o meio ambiente
praticamente assassinado com a destruição impiedosa de ecossistemas, as queimadas, a derrubada de imensas florestas
para dar lugar a pastos para criar mais gado e abastecer os fast-foods
americanos e europeus, a Amazônia encolhendo, tudo isso causando a
desertificação de imensas áreas.
Uma das atividades que mais
utiliza água é a pecuária. Se as pessoas comessem menos carne, ajudaria muito.
Talvez chegue um dia em que a humanidade terá de fazer sua escolha: ou come
carne ou fica sem água.
Se nada for feito no
presente, nossos netos e bisnetos pagarão juros altíssimos no futuro. A aridez
tomará conta da Terra que se transformará num imenso e infértil deserto.
Só gostaria que minhas
previsões não se concretizassem, para o bem de todos. Mas nunca é demais
alertar e prevenir. O povo entenderá e fará a sua parte.
Água é vida e devemos usá-la
com consciência e preservá-la para as gerações futuras.
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