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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

SIMPLICIDADE


Plinio Montagner


É bem simples a alegria e levar a vida numa boa. Basta não complicar, não inventar.
Um estado de espírito tranquilo é uma resposta de que a vida vai bem. Projetos, sonhos, conquistas, dinheiro, poder, é claro que tudo isso é bom, mas não é receita cem por cento segura para se ficar rindo à toa.
A verdade é que quanto mais se tem mais problemas aparecem. Só mesmo na idade da reflexão é que as pessoas percebem que as alegrias vêm quando menos se espera, e brotam nas coisas simples. Quem não aceita, ou não gosta, de um abraço, um beijo, um telefonema, uma piada, um cartão delicado? E tudo isto é barato e não custa nada.
Um professor de melancolia me disse que as melhores coisas da vida são de graça.
Tive um amigo excêntrico. Exibia a simplicidade de mendigo e ao mesmo tempo arrogância de rico incivilizado. Não perdia oportunidade de se gabar - seu saldo bancário, suas aplicações e bens. Chinelo de dedo, camiseta furada, short velho, cabelo desalinhado. Vivia assim.
Sua casa enorme não abrigava pessoas, nem amor, nem flores. Era silenciosa, vazia. Vestia-se como miserável, não por humildade, mas por avareza.  Morreu aos 74 anos, sozinho, encontrado pela faxineira.
Sua esposa e filhas não compartilhavam essa idiossincrasia esdrúxula. De que valeram a opulência e o egoísmo?
A fortuna oferece muito pouco, ou nada, a quem não ama, nem é amado. De que vale um vagão de ouro se a doença nos pega?  Existe algo melhor a quem não tem dor nenhuma?
Resumindo: As alegrias da vida começam com a saúde, paz familiar e na convivência com amigos. O lema da sabedoria é esse: Viver intensamente o hoje; o futuro é incerto e, com certeza, não será longo para todos. Por que não fazemos como os sábios que se arrebentam de alegria só por estarem vivos?
Esta citação é da escritora Clarice Lispector: “Sorrisos e abraços espontâneos me emocionam. Palavras até me conquistam temporariamente. Mas atitudes me ganham para sempre.”
Aprende-se que não é preciso ir longe para se sentir bem. Pode estar em nosso quintal, não em Machu-Picchu.
Outro amigo querido diz que uma das coisas de que mais gosta é pescar numa lagoinha, ou num pegue-pague, enquanto outros preferem a Patagônia.

Cada um se diverte com o que tem e como pode. E com o juízo que assimilou.

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