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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

2013!



Maria de Fátima Rodrigues


Ainda é tempo
da reflexão,
filtrar pensamentos,
redirecionar  ações.

Repensar valores,
delimitar fronteiras.

Para que sonhos
sem eiras nem beiras?


Tudo que há de vir... virá.

O que você está lendo?



Newman Ribeiro Simões é professor, poeta, escritor e músico

Livro: "A Suavidade do Vento" de Cristovão Tezza
Editora Rocco, 210 páginas
Bem, é preciso dizer que li uma resenha de um outro livro desse autor (O Espírito da Prosa - uma autobiografia literária) e, por ela, resolvi adquirir para mim e para presentear um amigo que, escritor e poeta que é, certamente poderia achar o livro interessante pois o mesmo faz um passeio investigativo sobre o que leva uma pessoa a escrever. Lembrei-me que havia lido A suavidade do Vento do mesmo autor e quis relê-lo antes de me debruçar sobre o livro citado.
Estou terminando a leitura de A Suavidade do Vento, e gostando da maneira como o autor apresenta sua ficção. Aliás, o tema abordado é sobre o papel da arte (no caso da escrita) na solidão e na pacata vida de um professor de literatura que procura publicar o manuscrito que tem pronto e cujo título é o mesmo do livro em questão. A mediocridade dos relacionamentos que o rodeiam, sua solidão e a falta de perspectiva, levam o professor a dar, na medida do possível, sentido à vida pelo trabalho da escrita, que julga criativo e valoroso. No pobre horizonte do cotidiano, resta-lhe a fuga na bebida, a convivência com monstros imaginários (que acabam agindo como tormentosos críticos de sua conduta e de seus limitados sonhos), uma insistente contemplação da paisagem vazia da janela - que ele chama de "ponto ótimo"-, e, nos momentos de angústia ou de leve otimismo, a busca orientadora da sabedoria do I-Ching.
Cristovão Tezza é professor de Linguística na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba e é um autor premiado pela ABL, pela Petrobras, pela Biblioteca Nacional. A publicação do romance Filho Eterno (2007) rendeu-lhe os mais importantes prêmios literários do pais e o prêmio de melhor livro do ano da Associação Francesa de Psiquiatria e publicado em outros países.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Menino que mudou o Mundo



Há muitos e muitos séculos, num lugarejo que nem se sabe ao certo onde se localiza no mapa atual, um jovem casal perambulava pelas ruas pedregosas à procura de alguma hospedaria, um lugar para pernoitar e abrigar-se do frio e da chuva.

O ventre avolumado da moça anunciava que estava em adiantado estado de gestação. Ela ia na garupa de um manso burrinho que caminhava lentamente. Ao seu lado, o esposo, com os pés descalços e calejados de tanto pisar sobre seixos, empunhava um cajado a fim de proteger a quase menina e o precioso fardo que carregava.
Quanto mais batiam em portas, mais negativas recebiam. Todas as estalagens estavam lotadas, não havia lugar para ficar. A fisionomia da moça mostrava-se serena, apesar da gravidade da situação. Ela tinha fé que a providência divina jamais a abandonaria.
Os dolorosas contrações ritmadas e cada vez em intervalos menores, indicavam que o parto não demoraria. Ela colocava as mãos no ventre sentindo a força da vida querendo romper a barreira da carne.
Alguém indicou uma estrebaria onde havia muitos animais. O casal se dirigiu  para lá e a moça se aninhou como pôde entre as palhas.
Foi nesse cenário bucólico e campestre que o menino nasceu inundando de amor o coração daquela mãe de primeira viagem e do seu companheiro.
Os animais sempre sabem o que muitos humanos ignoram e o instinto os avisou  qual atitude tomar. E pressentindo que algo especial estava acontecendo, eles se reuniram em volta da criança formando uma barreira protetora resultante da união de energias e calor, pois a criança não tinha nenhum pano para a envolver.
Filha de pais humildes, rodeada de animais, sem riqueza alguma, essa criança fez a diferença para a humanidade. E por quê?
Tantos reis, faraós e governantes passaram por sobre a Terra. Todos reinaram e  governaram em busca de ouro, poder e glórias.
Alguns, mais bondosos e justos, conseguiram eternizar seus nomes na História do mundo, mas a maioria dos reis e reinados viraram pó, se dizimaram assim como as cidades que sua ganância e sede de poder destruíram em guerras fratricidas, quando milhares de irmãos morreram por ideais que não eram seus.
Mas o que aquele Menino trouxe, foi a certeza de que há vida após esta vida. Através de discursos simples e seu exemplo de humildade e amor ao próximo, Ele arrebatou corações. Trazia esperança às pessoas. Mensagens como “Amai-vos uns aos outros”, “Perdoa não sete, mas sete vezes sete o teu irmão que errou”, “Pai, perdoai-lhes pois não sabem o que fazem","O que queres que os homens façam por ti, faça igualmente por eles."
E contava parábolas que encantavam: “O reino dos céus é semelhante a um semeador que saiu espargindo sementes”, “Um pai recebe o filho pródigo com festas e braços abertos”, “Olhai as aves do céu, que não semeiam, nem ajuntam em celeiros, mas o Pai as alimenta”.
E até hoje, tantos séculos decorridos daquela longínqua noite mágica, a mensagem de Amor e Paz perdura e traz esperança aos corações...

(texto publicado em 21?12/2012 na Gazeta de Piracicaba)

domingo, 23 de dezembro de 2012

O que você está lendo?



Ruth Carvalho Lima de Assunção integra o Grupo Oficina Literária de Piracicaba e o Centro Literário de Piracicaba.

Estou lendo um clássico da literatura brasileira, O ATENEU, uma das obras mais importantes do Realismo brasileiro.
Raul  Pompeia, seu autor, nascido e criado num ambiente  amoroso e feliz, transcorreu seus anos de infância  ao lado dos pais, e aos quinze foi transportado para uma casa de educação.
Seu romance, surgido pela primeira vez em 1888, no Gazeta de Notícias traz desde o princípio a aversão do menino pela fidalguia de privilégio dos mais fortes. Encontra um parceiro, a biblioteca, os livros, e passa a escrever.
E vai nessa onda, navegando sempre em mares tenebrosos, numa enxurrada de adjetivos e  superlativos que uma cabeça de antes da abolição encontrava para dirimir suas convicções dos percalços que a sociedade atual caminhava entre as paredes de um estabelecimento educacional.
Uma cabeça doentia, inconformada, exacerbada desde seus primeiros anos de vida, acabou levando-o ao suicídio. 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A REALIDADE DO NATAL




                                                                          Pedro Israel Novaes de Almeida

            Apesar das evidências, não convém vivenciar o Natal como uma fria e pérfida ambientação de consumo.
            Tampouco é agradável passar a festa sob a suspeita de estar sendo colonizado culturalmente, em país com esporádicas neves, nenhuma rena e raros trenós. Inútil lembrar que nossas manjedouras não servem como maternidades, e nossos reis não são magos.
            O Natal pode ser pretexto ou fato. Para alguns, é mais um feriado, com suas praias, churrascos, pescarias, viagens ou simplesmente o merecido ócio.
            Para outros, é data sagrada, comemoração do nascimento daquele cujos ensinamentos atravessaram séculos, e ainda inspiram solidariedade e virtudes. Retiros, convivências, solenidades religiosas e ritos regionais marcam a ocasião, país afora.
            No ambiente laboral, inimigos declarados viram amigos secretos, e a troca de presentes e elogios tenta minorar o stress de mais um ano. Até nas prisões o trato adquire ares de respeito humano.
            Crianças, que já no primeiro decênio percebem que o bom velhinho é invenção humana, ficam maravilhadas com os enfeites e ornatos que embelezam a cena, sob a expectativa inevitável dos presentes. O amanhecer as encontra pelas calçadas, paparicando novos brinquedos.
            Aqui, o toque cruel da ocasião, representado pelas crianças que vivenciam a intensa e massacrante ambientação de presentes e guloseimas, pouco assemelhados aos que de fato recebem e degustam. País afora, o Natal é pobre, e nem por isso menos mágico.
            O Natal, por tradição, reúne famílias, ao redor do avô ou avó sobrevivente. A ceia encontra adultos em diálogo, crianças brincando e adolescentes indo e vindo a outros ambientes, de amigos ou namorados.
            Aos poucos, os filhos formam famílias, gerando novos núcleos de convivência, e assim irmãos e primos partem para outras ceias, multiplicando a distância e aumentando a saudade de antigas comemorações.
            Cada um vivencia o Natal a seu modo, com tristeza ou alegria, manifesta ou recôndita, sob farta gastronomia ou mantendo rotinas alimentares. Não há, contudo, como evitar o surto de solidariedade que a todos atinge, de senhores a escravos.
            A tradição não foi criada pelo comércio, que simplesmente a aproveita como pretexto ao consumo. Papai Noel foi gerado em terras distantes, e distribui mais alegrias e esperanças que dissemina culturas.
            Dizem, maldosamente, que Papai Noel não existe. Se tal for verdade, é uma pena, pois deveria existir.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Confraternização de final de ano


Aconteceu na Biblioteca Municipal de Piracicaba com representantes dos 6 grupos literários da cidade
O aniversariante

João Baptista Negreiros Athayde abre a reunião com pequeno discurso
Rosani Abul Adal, editora do Jornal Literário Linguagem Viva, veio especialmente de São Paulo para o evento.
Na foto com Ivana Negri




Silvia Oliveira e Esther Vacchi
Cassio Negri e Cornelio Carvalho
Professor Cornélio saudando os amigos

Rosani falando da sua satisfação em participar

Lucila Silvestre que foi diretora da Biblioteca por muitos anos agradecendo aos amigos




Carmen Pilotto falando um pouco dos projetos realizados em  2012 e dos  que se realizarão em 2013


Ivana e Cassio Negri
Athayde e Carmen Pilotto - amigos secretos



Eunice Zen Verdi e Marly Germano Perecin
Ruth Assunção e Lidia Sendin
Ana Marly Jacobino e Angela Reyes
Leda Coletti e Raquel Delvaje
Cornélio e Irineu Volpato
Cassio Negri e Áurea Squerro
Elda Nympha Cobra Silveira e Aracy Duarte Ferrari
Ivana Negri e Lucila Silvestre

Madalena Tricânico e Rosani Adal

Feliz 2013!!!
Ano que vem tem mais!


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Eu quero que o mundo acabe em 2012!



Ivana Maria França de Negri

Se as profecias não se concretizarem, eu mesma vou destruí-lo com meus próprios meios.
Darei um tiro certeiro no coração deste planeta a fim de dizimar todos os edifícios de injustiças. Quero exterminar a pobreza e as desigualdades sociais e desconstruir o sistema que está falido e deixando muito a desejar.
Quero que o egoísmo e a sede de poder reinantes sejam aniquilados totalmente. E que não reste pedra sobre pedra das prisões que o próprio ser humano constrói. Prisões do orgulho, da inveja, da ganância, do poder, da intolerância.
Quero matar um a um todos os padrões arcaicos e virulentos. E principalmente, derrotar o ódio e a violência despejando bombas de paz por todo o planeta.
Que seja um evento sem precedentes na face da Terra e todas as negatividades se apaguem, se dissipem, virem pó. É preciso varrer do mapa a corrupção que assola os países, vinda de pessoas que deveriam ter nosso voto pleno de confiança.
Quero matar tudo o que polui, devasta e impede o equilíbrio ecológico.
Quero queimar as vaidades, as frivolidades e a falta de compaixão.
Claro que tudo o que escrevi é uma grande metáfora. O mundo não vai acabar, mas cada pessoa pode exterminar tudo o que não presta e fazer uma faxina geral.
Vamos criar uma egrégora boa que vai matar o que é ruim e criar energias positivas. Egrégora é o somatório das energias físicas, mentais, emocionais e espirituais de cada ser, que se misturam e se acumulam como nuvens, pairando invisivelmente sobre o planeta. São as formas-pensamentos coletivas.
            Estão presentes em todos os lugares em que grupos, com afinidades e anseios comuns, se reúnem, como nos clubes, igrejas, empresas, nas associações, quando todas as energias se juntam formando uma entidade única e poderosa.  E a egrégora criada por pensamentos benevolentes e pacíficos, pode ser uma arma de inimaginável poder.
            As pessoas geralmente creem que as ações são mais valiosas que os pensamentos, mas antes de realizar uma ação, há um pensamento anterior que a faz concretizar-se. Por isso a mente é poderosa, mas nós ainda não aprendemos a adestrá-la.
Uma pessoa sozinha não consegue mudar uma aura negativa que foi criada através de muitas energias negativas juntas. Por isso é preciso juntar-se a grupos do bem para fortalecê-los, canalizar sempre as energias em algo positivo e benéfico para todos. No conceito místico filosófico, todo pensamento e emoção gerados por grupos, têm energia própria e podem circular livremente por qualquer ambiente.
            A egrégora tem um grande poder porque é um concentrado de energias.
Tal qual a lendária Fênix, o mundo sempre pode renascer das próprias cinzas. Conectados com o divino, com boas energias aflorando, o processo já se iniciou há tempos e a maioria nem percebeu. É bem sutil, e não há volta, tudo caminha e evolui constantemente.
Chegará um tempo em  que não existirão mais vilões nem heróis, apenas seres em evolução, aprendendo, tropeçando e levantando, ajudando-se uns aos outros, dando-se as mãos e seguindo em frente a caminho da luz. Uns demoram mais para percebê-la, outros já conseguem vislumbrar-lhe o brilho, um tímido aceno no fim do túnel. Outros, mais à frente da escala evolutiva, já conseguem penetrá-la e se banhar em seus raios.
            E que acabe este mundo violento e ressurja outro de Paz, Amor e Fraternidade.

(Texto publicado na Gazeta de Piracicaba)

domingo, 16 de dezembro de 2012

Natal Caipira



Ana Marly de Oliveira Jacobino

          O cheiro dos ramos do cipreste explora as mãos e as narinas. Vovô Adão leva os netos para um dos parques da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz para colher os ramos dos ciprestes. E na nossa meninice a alegria contagia. O Natal corre pelos ares, tais quais as renas do Noel. A mesa está armada no canto da sala. Faltam os últimos retoques. Os caminhos de areia assombreado pelos galhos dos ciprestes levam a algum lugar ou a lugar nenhum. O lago feito de espelho camuflado pelos montes de areia e grama feita de serragem colorida. As pedras feitas de papel. O monjolo de peroba movido a água encanada fica no canto da mesa socando o milho. Pam!Pam! Rec! Pam! Pam!Rec!
              Na caixa dos guardados vamos desembrulhando peça por peça! Boi, burro, carneiros, camelos, galo, galinhas, pato, patas, sapos, rãs. Pam!Pam! Rec! Pam! Pam!Rec! Vamos pegando com muito cuidado: anjo, pastores, reis Magos, José, Maria. Cada um, já tem o seu lugar determinado. O burro, a vaca no interior da gruta, logo atrás da manjedoura para que possam esquentar com a respiração a criança. José e Maria ajoelhados em frente ao menino. Pam!Pam! Rec! Pam! Pam!Rec!
             Uma grande estrela rompe os céus segura por linha de naylon. Vovô nos deixa livres para espalhar as personagens de cerâmica pelos caminhos, morros, lago. Tudo vai ganhando forma, movimento e beleza. Enquanto isso, vovô alegra os nossos ouvidos com a sua voz de barítono. Os cantos natalinos podem ser ouvidos por todos.

     “Brilha, brilha, lá no céu,
      A estrelinha que nasceu.
      Logo outra surge ao lado
      Fica o céu iluminado.

               Ao entoar “Noite Feliz”, vovô entra na sala de braço dado com a vovó. As suas mãos em concha carregam Jesus Cristinho. Vovô ampara as mãos da vovó e leva o menino até a manjedoura. Lágrimas correm pelo rosto de vovó Irene, que por ser cega não pode visualizar a beleza do presépio

sábado, 15 de dezembro de 2012

O que você está lendo?



Escritora nicaraguense Angela Reyes

Estoy leyendo  "El secreto” de Rhonda Birne
La física cuántica nos dice que el universo entero ha surgido de un pensamiento.
Si esto es así, nosotros creamos nuestra vida atravez de nuestro pensamiento. Los seres humanos podemos dejar de hacer cualquier cosa, menos dejar de pensar. Pensamos de día, pensamos cuando dormimos. Los pensamientos o, acividad mental es un imán, atremos lo que pensamos y creamos algo bueno o malo.
Esto debido a la ley de la atracción que encierra la máxima perfección.
Nuestros pensamientos son como la semilla que plantamos, depende de su calidad, así será  nuestra cosecha.
En estas fechas en que conmemoramos el nacimiento de Jesús y el comienzo de un año;
Tratemos de pensar que somos amor, luz, solidarios, auténticos. Pensemos con fuerza que nuestro planeta estará limpio de contaminación porque cada uno así lo queremos.
Pensemos que el mundo cambiará para mejor, que hombres y animales conviviremos en armonía y paz. Pensemos con fuerza  amor y esperanza y todo eso será lo  atraeremos para el bien de todos.
PAZ, HARMONÍA, PARA TODAS LAS RAZAS DEL MUNDO.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Confraternização de final de ano dos grupos literários de Piracicaba

Neste sábado, 15, acontece na Biblioteca Municipal, às 15 h, a Confraternização de final de ano dos grupos literários de Piracicaba reunindo membros da Academia Piracicabana de Letras, Grupo oficina Literária de Piracicaba, Centro Literário de Piracicaba, Poesia ao vento, Sarau Literário Piracicabano e Clube dos Escritores. Como de costume, as mulheres levam um prato de doces ou salgados e os homens as bebidas. Não esquecendo a lembrancinha para a brincadeira do amigo secreto.


À LUZ



Carla Ceres

Meu gato de sete sombras
Deixou duas no telhado,
Vigiando a lua cheia.
Outras duas vagam soltas
Pelos muros dos vizinhos.

Meu gato de sete saltos
Leva uma sombra consigo.
Sei que já comeu veneno,
Caiu de incríveis alturas,
Correu de carros velozes.

Duas sombras nem meu gato
Sabe bem por onde andam.
Parece que estão no mato,
Dando à luz filhotes pardos.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

OUVIR E FALAR



Plínio Montagner

É bom considerar que quem fala muito sem pensar acaba falando o que não deve. Daí o ditado: é melhor ouvir mais e falar menos.
Mas... Ouvir? Quem ouve? Quem tem paciência e delicadeza de ouvir o que não interessa? Aí vale a delicadeza e respeito pelo outro.
Conversar é bom, mas é preciso que haja sintonia entre quem fala e quem ouve. Ouvir é preciso. Na vida muito se aprende ouvindo.
Em verdade existem pessoas de quem nossa disposição de falar com elas é zero. A gente fala, contamos uma piada, um fato, um assunto qualquer, e foi como se tivéssemos falado com uma cadeira. O cara não comenta nada, e se abre a boca é para falar de si e repetir os mesmos assuntos. Esquecia dos que falam cutucando a gente.
Existem muitos cursos de oratória, mas não cursos de “escutatória”. A globalização e a rapidez da comunicação não estão ajudando o homem a desenvolver o dom da oratória nem a capacidade do ouvir.
Estamos parecendo robôs sem tempo para a felicidade.
É um paradoxo, se agora tudo é mais rápido por que não sobra tempo para o homem?
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver. Construímos mansões, mas não recebemos nem vivemos nelas.
Vinte, trinta, quarenta anos de casados e a sala de jantar sem nenhum arranhão. Piano fechado. Violão num canto.
Festa de Natal no condomínio? Esqueça. A maioria tem um ou mesmo vários motivos, e outros não participariam porque perderam o hábito de conversar.
O individualismo foi massificado. Nas décadas de 50, 60 ninguém levava filhos à escola nem buscava. Todos iam e vinham a pé, de bicicleta e de trem (como eu).
Muita coisa mudou. RX era abreugrafia. Os médicos olhavam para o paciente e conversavam com ele.  Agora os pacientes ficam 3 minutos no consultório e horas nas salas de exames e laboratórios.
Corremos, falamos e ouvimos muito, e amamos menos.
Chega! Vou ser ermitão.
Tudo começa cedo para as crianças: natação, inglês, judô, fonoaudióloga, aparelho nos dentes, fisioterapia, nutricionista. Depois os adultos seguem a mesma linha.
Pais e filhos não conversam. Não têm tempo nem assunto. É isso!
Antes sabíamos que tínhamos pai e mãe de verdade, madrinhas e padrinhos de verdade, tias e avós, professora, diretor e inspetor e polícia.
A boiada que as crianças veem na TV, antes passavam em frente de nossa casa. Não havia congestionamentos, mas havia trem, bonde e bicicleta. Hoje precisamos pedalar pelas ciclovias e voltar para casa a pé se um ladrão gostar da bike. Temos carros, mas não caminhos livres.
Saudades eu tenho da prosa, meus pais tomando café com bolo de fubá na casa do compadre.
Estamos automatizados por causa das maravilhas tecnológicas que nem me trevo a escrever os nomes. Pagamos a conta do restaurante com cartão e o garçom anota pedidos numa maquininha.
Está certo o escritor Ignácio de Loyola Brandão:
“É duro perceber que com o tempo o campo a nossa volta vai ficando um deserto”.

domingo, 9 de dezembro de 2012

O que você está lendo?


Ivana Maria França de Negri, integra o Grupo Oficina Literária de Piracicaba, Centro Literário de Piracicaba e Academia Piracicabana de Letras


Estou lendo a autobiografia de Mahatma Gandhi. O livro tem 435 páginas e foi traduzido e editado pelo Consulado Geral da Índia e Associação Palas Atenas. No livro, Gandhi conta toda a sua trajetória e as experiências que teve na Índia, Inglaterra e África do Sul. Foi um verdadeiro líder político e religioso que pregou e praticou a não-violência. Sua história é cheia de dificuldades, perseguições, injúrias e até foi prisioneiro, mas nunca deixou de ser um grande pacificador e se manteve firme na busca pela Verdade. Nas palavras da escritora Cecília Meireles, “conviver com os homens é mais terrível que com os deuses. Não basta pregar, é necessário fazer, para que os homens se convençam. Não basta fazer entender, é necessário provar”.
Vivenciou diariamente o Ahimsa (não violência). Ghandi se mostra bastante sincero nesse livro mas acabou sendo o mártir de uma revolução pacifista, sem armas e sem violência.