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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Menino que mudou o Mundo



Há muitos e muitos séculos, num lugarejo que nem se sabe ao certo onde se localiza no mapa atual, um jovem casal perambulava pelas ruas pedregosas à procura de alguma hospedaria, um lugar para pernoitar e abrigar-se do frio e da chuva.

O ventre avolumado da moça anunciava que estava em adiantado estado de gestação. Ela ia na garupa de um manso burrinho que caminhava lentamente. Ao seu lado, o esposo, com os pés descalços e calejados de tanto pisar sobre seixos, empunhava um cajado a fim de proteger a quase menina e o precioso fardo que carregava.
Quanto mais batiam em portas, mais negativas recebiam. Todas as estalagens estavam lotadas, não havia lugar para ficar. A fisionomia da moça mostrava-se serena, apesar da gravidade da situação. Ela tinha fé que a providência divina jamais a abandonaria.
Os dolorosas contrações ritmadas e cada vez em intervalos menores, indicavam que o parto não demoraria. Ela colocava as mãos no ventre sentindo a força da vida querendo romper a barreira da carne.
Alguém indicou uma estrebaria onde havia muitos animais. O casal se dirigiu  para lá e a moça se aninhou como pôde entre as palhas.
Foi nesse cenário bucólico e campestre que o menino nasceu inundando de amor o coração daquela mãe de primeira viagem e do seu companheiro.
Os animais sempre sabem o que muitos humanos ignoram e o instinto os avisou  qual atitude tomar. E pressentindo que algo especial estava acontecendo, eles se reuniram em volta da criança formando uma barreira protetora resultante da união de energias e calor, pois a criança não tinha nenhum pano para a envolver.
Filha de pais humildes, rodeada de animais, sem riqueza alguma, essa criança fez a diferença para a humanidade. E por quê?
Tantos reis, faraós e governantes passaram por sobre a Terra. Todos reinaram e  governaram em busca de ouro, poder e glórias.
Alguns, mais bondosos e justos, conseguiram eternizar seus nomes na História do mundo, mas a maioria dos reis e reinados viraram pó, se dizimaram assim como as cidades que sua ganância e sede de poder destruíram em guerras fratricidas, quando milhares de irmãos morreram por ideais que não eram seus.
Mas o que aquele Menino trouxe, foi a certeza de que há vida após esta vida. Através de discursos simples e seu exemplo de humildade e amor ao próximo, Ele arrebatou corações. Trazia esperança às pessoas. Mensagens como “Amai-vos uns aos outros”, “Perdoa não sete, mas sete vezes sete o teu irmão que errou”, “Pai, perdoai-lhes pois não sabem o que fazem","O que queres que os homens façam por ti, faça igualmente por eles."
E contava parábolas que encantavam: “O reino dos céus é semelhante a um semeador que saiu espargindo sementes”, “Um pai recebe o filho pródigo com festas e braços abertos”, “Olhai as aves do céu, que não semeiam, nem ajuntam em celeiros, mas o Pai as alimenta”.
E até hoje, tantos séculos decorridos daquela longínqua noite mágica, a mensagem de Amor e Paz perdura e traz esperança aos corações...

(texto publicado em 21?12/2012 na Gazeta de Piracicaba)

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