Escritor Camilo Irineu Quartarollo
ORDEM EM BABEL
Estou
lendo o livro de Eloah Margoni, Babel.
Interessei-me notadamente pelo seu protagonista. A figura emblemática de
Lucas, um médico de saúde da família. Lucas aparece narrando em primeira pessoa
por mãos de Eloah. É homem, mulher, uma personagem híbrida ou o quê? Não, o
sexo do protagonista é definido, terminantemente homem. Todavia Eloah trabalha
uma personagem, não um estereótipo como se fazem nas propagandas, usando algo
batido da cabeça do povão.
A
questão de que se a personagem fosse mulher os leitores em geral iam vê-la como
uma figura de mãe, pela força do arquétipo, e que culturalmente é cuida mesmo.
Perder-se-ia o potencial que um homem pode desenvolver, a mulher talvez
passasse despercebida na comunidade.
Por
outro lado, observo que este rapaz não é um homem estereotipado, grosseiro, que
vive de se prevalecer ou da autoafirmação masculina sobre as mulheres, mas de
uma pessoa engajada. Um homem sensível, intuitivo, perceptivo, com qualidades
femininas e de maternidade, mas não efeminado. Em conversa pelo Facebook a
autora confessa que foi difícil decidir pelo sexo do protagonista, mas se o fez
foi por um motivo próprio. Assim nasceu Lucas de Eloah, um homem diferente, os
leitores verão.
Um
ser humano como qualquer um, que gosta de vasos, flores, e pode incorrer em
erros e contradições como encontrar larvas do aedes aegypit em sua própria
casa. Contudo, quem o conhece, como nós leitores, saberemos que salvou muitos
que vivem em extrema contradição e miséria extrema, triste e por vezes hilária,
como é a vida.
Então,
este Lucas não é um bentinho, diria, mas uma capitu, com todas as nuances que
Eloah lhe deu.
Agradeço à Ivana a postagem. E ao Camilo. Lamento estar com várias frentes e não poder sempre participar de tudo o que gostaria, ou do que acho que mereceria minha participação maior. Abraços.
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