Plínio Montagner
Ninguém
discorda de que os pais têm a obrigação de educar os filhos a fim de que
consigam escolher por si os melhores caminhos. Mas esse empenho da família
parece que nunca termina. É! Não termina mesmo.
Famílias
unidas são como touceiras de bambus, cujas raízes e caules entrelaçados, se
vergam quando açoitados pelo vento, mas suportam as mais fortes tempestades.
Filhos fora de
casa, mesmo por pouco tempo, deixam os pais aflitos. Talvez por isso estejam
permanecendo mais tempo na casa dos pais.
Os filhos
anseiam sua independência, viver a própria vida. Mas sem dinheiro, sem emprego,
sem segurança, como deixar o aconchego confiável dos pais, por mais modesto que
seja?
Nessa relação
de dependência econômica familiar as ingerências dos pais acontecem. Afinal são
eles que provêm a família.
O que mais preocupa
são as cobranças, embora necessárias, praticadas de forma invasivas, ou
inadequadas, a ponto de humilhar o outro.
Em verdade, quem
não aceita conselhos e críticas deveria viver sozinho; mas, se ficar junto à
família, tem a obrigação de seguir as regrinhas básicas do convívio familiar.
Mudar a
personalidade dos outros é algo inimaginável, pessoas são iguais à natureza.
Fazendo uma
comparação com uma árvore que nasce torta - o que seria melhor - deixá-la do
jeito que está ou tentar endireitá-la?
Filosofando um
pouco, meu amigo Otto deu a resposta: a forma correta da árvore é a que está. Ela
nasceu para ser torta.
Dizem os
especialistas que o certo e o errado dependem da adaptação de nossa visão à realidade
e aos costumes. É preciso entender que ninguém muda; fingem que mudam por
precaução.
E mais, pessoa
perfeita não existe, seja pai, mãe, padre, empregado, filho, filha, nora,
genro, marido, mulher...
Meu pai resolvia
situações conflitantes assim: cada um é como Deus fez.
Querer
endireitar a forma de uma árvore a fim de deixá-la igual ou parecida às outras
de sua espécie, vai acontecer que ela vai rachar, tombar e morrer.
Com amigos é
igualzinho. Amizades ficam debilitadas por uma simples demonstração de sinceridade.
É a hora em que a mentira é necessária.
Pessoas não
são como casas, que podem ser reformadas.
Quem critica o
outro a vida inteira, e vê que o outro não muda, por que não percebe que está
fazendo a mesma coisa que o outro?
Até os 4 ou 5
anos de idade as crianças aceitam tudo o que ouvem, obedecem e aprendem. São como
barro mole. Depois, não adianta mais insistir, o barro endureceu, a personalidade
se formou, e vão fazer as coisas do seu jeito.
Não é de pequenino que se torce o pepino?
Muitos sofrimentos seriam evitados se o homem
enxergasse as coisas do jeito que elas são, e não como gostaria que fossem.
Por isso é
bobagem colocar nossas expectativas na vida dos outros, pois o “torto” pode ser
a melhor forma de uma pessoa ou de uma árvore se desenvolver e viver.
O torto pode
ser o mais bonito, mais disciplinado, mais perfumado, mais frutífero e mais
querido do que os “perfeitos”.
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