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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Lançamento do livro de Aracy Duarte Ferrari - Mergulho Interior

Aracy Duarte Ferrari

Aracy Duarte Ferrari lançará seu livro "MERGULHO INTERIOR", coletânea de contos, crônicas e poesias, no dia 14 de dezembro na Biblioteca Municipal de Piracicaba, às 19h30, durante a festa de encerramento do ano da Academia Piracicabana de Letras  da qual é acadêmica.
A APL lança na mesma noite a Revista número 4.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Vida subentendida


Maicon Moso

" E eu cheguei de repente, sem avisar, não encarei ninguém, apenas passei... O resultado dessa inesperada entrada estridente foi o silêncio súbito, como se fosse um coração se recuperando de um susto, respiração descompassada, as mãos trêmulas... Falavam de mim, eu percebi, ouvi meu nome ser mencionado nas últimas palavras proferidas. A tempestade aconteceu apenas pela notícia de que eu estava doente, que eu era soro positivo. Passei a ser visto como um monstro, uma anomalia... Me olhavam com pena e medo, não se aproximavam, e tinham receio de apertar a minha mão... Mas tudo bem, compreendo seus pavores... Afinal, sou uma pessoa errada, recebi sangue em uma transfusão, devido a um acidente, e acabei contraindo. Mas se eu tivesse adquirido utilizando drogas, ou não me preservando em relacionamentos, e daí? Não sou mais um cidadão? Não sou mais humano? Os mesmos que me criticam, que me esfolam em seus vocabulários imundos, são os mesmos que frequentam igrejas regularmente, os mesmos que se dizem ambientalistas, os mesmos que se dizem amigos das outras, os mesmos que defendem os animais e os direitos constitucionais... Porém, sujam as ruas da cidade com seus pensamentos insanos e individuais... Proliferam-se como pragas, aos montes, tornando este mundo cada vez mais difícil de se viver, insuportável... Como ser parte de um mesmo lugar que estes? Como aceitar ser da mesma raça que esta escória? Nos tempos de hoje... É errado ser humano, ter sentimentos bons, e amar verdadeiramente aqueles que assim como eu, fizeram nascer uma árvore fraterna, de luz, e de eternidade. "

sábado, 26 de novembro de 2011

2012 - O fim de uma Era? *

Foto "o fim do mundo"

Ivana Maria França de Negri

Já li muitas previsões sombrias sobre essa data. Mas não creio que o mundo vá acabar em 2012 pois já houve muitas outras previsões sinistras e nada aconteceu. Mas é tão fascinante o assunto, um verdadeiro enredo de filme de ficção!
Profetas, místicos, religiosos, cientistas, ufologistas, astrônomos, cada um tem sua teoria, todas convergindo para o final dos tempos, o juízo final, o Apocalipse, Armagedom, Nova Era, ou outra denominação correlata.
As previsões são de meter medo. Final de um ciclo, alinhamento cósmico, mutação do eixo da Terra, inversão dos pólos, tormentas solares, terremotos seguidos de tsunamis colossais e atividade vulcânica intensa, cometas gigantes e asteróides chocando-se contra a terra.
O acelerado aquecimento global também poderia ser a causa da destruição pois agilizaria o degelo dos pólos e teria como consequências diretas inundações e tsunamis.
Seria a raça humana varrida da face da Terra, como aconteceu com os dinossauros há milhares de anos?
Todas as profecias, as Maias, as Celtas, de Nostradamus, o livro do Apocalipse, prevêem que o mudo, tal como o conhecemos, está com os dias contados.
A profecia Maia baseia-se em um alinhamento astronômico. Em dezembro de 2012, o sol vai se alinhar com o centro da galáxia num raro momento cósmico que acontece uma vez a cada 26.000 anos.
Teorias apontam que uma inversão dos pólos pode acarretar consequências gravíssimas pois interferiria no campo magnético da Terra, a crosta terrestre se moveria e continentes inteiros seriam jogados a milhares de quilômetros de sua localização. Danos irreversíveis à rede elétrica cessariam os meios de comunicação causando o caos. E depois dessas explosões, o sol resfriaria e o planeta inteiro morreria sem essa fonte de energia vital.
Mas toda a tragédia pode vir também da mão do homem, com uma guerra nuclear. Segundo teorias dos Monges Tibetanos, a data de 2012 marca o "fim dos dias", podendo ocorrer uma guerra atômica por volta deste ano.
E tem também a teoria do mega terremoto esperado pelo povo japonês, o maior e mais devastador de todos, com tsunamis varrendo o que sobrar das cidades.
Fala-se também do Big One, terremoto gigante que ocorreria na cidade de Los Angeles nos EUA. As Profecias de Nostradamus apontam para um grande evento devastador em 2012.
Segundo os Hindus, em dezembro de 2012 termina a Idade do Ferro e se inicia a Idade do Ouro. E o calendário Hopi, dos índios Hopis do Arizona, coincide também com as diversas outras profecias pois prevê o início do "Quinto Mundo" para final de 2012. Enquanto Howard Menger, estudioso de seres extraterrestres, afirma que Ets retornariam à Terra em 2012, o sacerdote Maia Chilam Balam alerta para o retorno da divindade suprema à terra na mesma data.
Estudiosos apontam o fim da Era do Petróleo e a consequente guerra entre as nações para disputar as últimas gotas e o colapso econômico que isso pode causar.
Fala-se até da existência do "Cofre do fim do Mundo", um local superprotegido que guarda sementes diversas para o caso de escassez de alimentos.
Tragédias a parte, eu suponho que é apenas o fim de um ciclo e não do mundo. Uma tomada de consciência geral a nível mundial.
Do jeito que a humanidade está se degenerando, é preciso mesmo deletar tudo, e reiniciar.

* texto publicado na GAZETA DE PIRACICABA em 25/11/2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sem você...

arquivo JP

Elda Nympha Cobra Silveira

O que podemos fazer quando uma verdadeira amiga parte desta vida? Infelizmente, é aceitar os desígnios de Deus.
Cruzamos juntas tantos países e no sossego de um quarto de hotel, após o cansaço de um dia intenso de turismo, trocávamos confidencias e lembrávamos como foi nossa vida com nossos maridos, para nós muito amados e outras conversas tão gostosas. Uma vez, fomos de helicóptero de Cuzco para Matchu-pitchu e depois, descansando refesteladas em nossas camas, quedamo-nos exaustas, mas felizes e como sempre fazíamos, trocamos confidências, e disse para ela coisas, que até hoje não me sinto à vontade para falar com outra pessoa. Mas os assuntos entre nós fluíam, porque tínhamos uma característica ímpar: sabíamos ouvir uma à outra sinceramente e nossas conversas jamais terminavam em recriminação. Simplesmente terminavam.
Antonietta com dois tes, como ela sempre afirmava, era uma mulher de muita cultura, mas sem nunca se tornar dona do assunto, comigo pelo menos, porque era uma pessoa muito simples, eu diria até modesta. Em nossas conversas, muitas vezes respondeu perguntas que eu lhe fazia com um magnânimo: “Eu não sei!” Ao contrario de certas pessoas, que são professorais, que têm o ego sempre à tona, para se destacarem com o pouco que sabem. Como sempre ouvi nas conversas de viagem e no trato social “Aquele que não é diz e aquele que é nunca diz. Mas isso se aplica à minha amiga Antonietta, porque ela não precisava se destacar, ela era destaque. E isso tive oportunidade de ver muitas vezes.
Tomávamos juntas os chás ingleses de que gostava muito, comprados nas nossas viagens. Sempre enfatizava que eu pintava muito bem e me repreendia quando deixava de pintar e nunca tive a pretensão de perguntar-lhe, se gostava do que eu escrevia, para não constrangê-la com a pergunta. Nunca conversamos sobre isso! Meus textos eram publicados em seu jornal e eu nem sabia se ela os lia... Era assunto velado entre nós, porque sempre nos respeitamos.
Minha grande amiga! Agora fiquei sem você para me fazer companhia nas viagens. Não vamos mais pedir o prato de camarão que nós tanto gostávamos nos restaurantes, pois era o seu preferido. Não vamos mais alugar um carro e viajar como “Telma e Louise,” como dizia meu filho Fábio, aludindo ao filme, quando cruzamos a Argentina por várias cidades.
Nunca brigamos. Quando me mostrava uma coisa que queria comprar de longe, se eu não gostasse, balançava a cabeça e fazia careta e ela também vice-versa. Hoje esses pequenos gestos me trazem muitas saudades. Seus telefonemas de madrugada, pois ela ficava trabalhando nesse horário.
Bem por causa disso, nos últimos tempos, depois de visitá-la não conseguia imaginá-la sucumbindo na sua doença, porque ela não era de se entregar! E voltava para casa muito triste e chorosa. “Amigo é coisa para se guardar dentro do peito.”
Por que não disse tudo isso que estou revelando agora para ela quando viva? Sei, como sei, o porquê! Isso a enfureceria, porque não gostava quando a elogiavam e nossa amizade não precisava disso.
Antonietta vou me despedir de você, mas será um até-breve na dimensão do tempo, pois ele não existe. Iremos um dia viajar noutra dimensão, sem precisar de carro, nem de avião, sem lenço e sem documento, sem precisar de horário, nem ter saúde, sem enfrentar com medo a alfândega. Fique com Deus, com seus pais e Ararê, que tanto amou e dignificou.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O que é viver bem?

Cora Coralina, poetisa que viveu até os 95 anos
Um repórter perguntou a Cora Coralina:
O que é viver bem? Ela disse-lhe:
“Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo pra você: não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso. Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia. Também não diga pra você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais. Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio! Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou? Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.”

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Exposição no Clube de Campo de Piracicaba - saiu na Revista



Exposição LA NOSTRA ITALIA em comemoração ao ano da Italia No Brasil (matéria na Revista de Novembro).

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Papo de Reflexão


 Raquel Delvaje

Por que será que achamos que se comprarmos aquela bicicleta ergométrica vamos nos matar de tanto exercitar? Aí compramos, e a matamos de tanto guardar. Não, mas vejam bem, se for a esteira muda tudo. Compramos, e lá está a pobrezinha servindo de cabide. Passamos tempo imaginando que aquela centrífuga de sucos vai nos fazer beber sucos todos o dias, ledo engano, os primeiros dias funcionam , depois, armário nela. Depois vem a boleira, a pipoqueira, a máquina de pães, etc, . Não percebemos que se não fazemos aquelas atividades, não será um aparelho que nos mudará o hábito.
Mas uma coisa é certa, se você já faz bolos, um aparelho de última geração poderá lhe beneficiar, caso contrário, será mais um produto nas prateleiras dos armários e menos dinheiro no bolso.
E assim segue a vida, achando que tais produtos nos darão a vitalidade e a felicidade que precisamos. E vamos nos entulhando de objetos, e os fabricantes enriquecendo e nós, cada vez mais, sentindo necessidades de novos produtos para nossa vil realização. E não fica só nos produtos não. Já condicionamos nossos pensamentos a achar que se for de outras formas, aí sim, seremos felizes. Por exemplo, aqueles seios turbinados me darão a felicidade que me falta. Quando eu emagrecer aí sim serei linda e bem sucedida. Sem analisar que tem magras se suicidando! Se eu me casar alcançarei a alegria dos mortais...
E por aí vamos, sempre criando metas para a felicidade. E a coitada está ali, batendo em nossas portas e dizendo: Ei, estou aqui. De graça e no presente

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O CASARÃO


Leda Coletti

Falar do casarão é nos remeter ao passado. Nele não convivi, mas é familiar pela história contada por nossos antepassados, sobretudo a “mama”.
Era e ainda hoje continua imponente, no sítio da Santa Fé. Branco, com portas e janelas azuis, a sacada principal olha para as ruínas do velho engenho de aguardente. Era por ali que eram recebidas as visitas importantes, os vizinhos e os frades que vinham celebrar missa uma vez por mês na capela do local.
Mas, era no terreiro na parte lateral que girava grande parte do cotidiano dos seus moradores. A moçada se sentava na pequena mureta que o separava da porta da cozinha, para bate-papos geralmente à tardinha, quando voltavam da roça. Durante o dia usavam-no para secar o café, o arroz, feijão.
E nos dias de festa? Virava palco para as festas juninas, religiosas e animados bailes, todo enfeitado com bandeirolas e bambus.
Abrigava a família de onze filhos, nos seus inúmeros cômodos. Poucos tinham forros de madeira e com exceção da sala de visitas, o piso era de tijolo rústico. Muitos bancos de madeira supriam o mobiliário da cozinha, onde alguns serviam de assento e outros eram usados para colocar os utensílios de cozinha, como as tinas com água, buscadas no poço que ficava ao lado da cozinha.
A partir das lembranças das tias e da “mama”, ele tinha muita poesia e era porto seguro para todos, nos dias de tempestades, tanto as da natureza, como as pessoais. Que falta lhes fazia, quando a forte chuva os pegava desprevenidos na roça, sem tempo suficiente, para nele serem acolhidos! O vento forte que soprava nas noites, sobretudo as frias, não os atemorizava, porque se sentiam protegidas por suas paredes fortes e também pela força da união e carinho dos familiares, sobretudo dos nonos.
Você casarão me faz sentir orgulho dos meus ancestrais, saudade do nono de bigode e gravata borboleta, da nona com vestido de riscado arrastando nos pés! Ambos, sempre com um sorriso nos lábios a receber alegres, os filhos e os netos.
E hoje ao vê-lo na tela numa das paredes de nossa casa, evoco o tempo bom para mim- da metade do século passado- e para os meus pais,- o das primeiras décadas do século XX. Às vezes penso ..”.Não seria bom retroceder no tempo e voltarmos a viver um período tão bom de nossas vidas? Ah! Se o casarão falasse, quantas coisas ele nos contaria!”

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Caridade invertida


Maria Cecilia Graner Fessel

Sonia sempre levava os filhos com ela à missa, desde pequenos. Aos poucos, ia introduzindo cada um, conforme a idade, na participação dos rituais comunitários.
Quando resolveu que era hora, levou então o menino mais novo com ela, cheio de curiosidade e expectativa. E lá ficou ele sentadinho com a mãe, escutando, escutando, perguntando, por algum tempo. Mas aí, naturalmente, veio o enfado de ficar parado, e pior, o cheiro do carrinho de pipocas que ficava na frente da igreja.
- Mamãe, quero pipoca!
-Depois, meu filho. Deixa acabar a missa! sussurrou ela.
E o menino insistindo:
-Mamãe, quero pipoca! Compra, mãe!
Ela então apelou para a clássica saída das mães nessa hora:
-Chiu, fale baixo! Depois eu te compro pipoca! Agora só tenho esse dinheiro aqui, que você vai levar e por na sacola daquela moça lá, para ajudar os pobres. Espere!
O menino confiou na mãe, esperou, e no momento certo lá foi ele todo orgulhoso botar a contribuição na sacola. Ela suspirou aliviada, até que ele , voltando pelo corredor central da igreja, exibindo na mão algumas notas, alegremente, anunciou em alta voz:
-Olha mamãe, pus as moedas lá, como você mandou, e peguei umas notas
prá ajudar você.
E, todo satisfeito, completou:
-Agora você já tem o dinheiro prá me comprar as pipocas!

sábado, 12 de novembro de 2011

RETALHOS DA VIDA


Leda Coletti

Na maioria quadrados: de todos os tamanhos e cores. Certinhos sem senões. São muito fáceis de construir.
Sei que a vida é uma bola que gira e quanto mais rápida mais atordoa; por isso no lugar dos círculos, ainda prefiro os retalhos quadrados. Até que os retangulares servem pra pensar na possibilidade de sair da bolha. Só ilusão, porque quando o caminho parece continuar, já vira pra outro curtinho e faz o medo aparecer. Daí pra disfarçar, a gente remexe igual a balão subindo, subindo pro céu, dançando um sambão lascado, esnobando qual losango pintado de vermelho, branco, preto, dourado. Essa euforia no firmamento dura até o seu lume apagar.
Chega a noite. Extasio-me com a colcha estendida, exibindo no seu centro, retalhos luminosos estrelando a constelação Cruzeiro do Sul !
Relaxo então meu corpo sobre esse azul repousante, onde brincam quadrados,
retângulos, losangos, círculos multicores e sinto nos sonhos, uma nova estrela nascer dentro de mim

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Heróis e Vilões - ao cão Lobo


*Daniela Daragoni Alves

Não quero falar de vilões
Todos sabem que vilões cometem vilanias
Quero falar só de heróis, que são aqueles que praticam atos de heroísmo
Que lutam cada um do seu modo para salvar vidas.

Não quero falar de vilões
Pois só depende deles a atitude de mudar.
Quero falar só de pessoas que fazem a diferença
Como estrelas no céu a brilhar.

Quem nunca teve um ato de heroísmo na sua vida
Alguém que por um instante lhe mostrou que a vida valia a pena
Seja com um sorriso, com uma palavra ou com um grande gesto,
Porque afinal os atos de heroísmo estão nas grandes atitudes, mas também naquelas que muitas vezes, consideramos pequenas.

Vamos ver o lado bom da vida
E mais, dar o melhor de nós
Ao invés de perder tempo apedrejando os vilões
Vamos usar nossas mãos para algo mais digno: Aplaudir os heróis!

(* Fiquei impressionada com a força e a coragem do cão Lobo. Vi muitas pessoas demonstrando sua revolta por meio do facebook e dos jornais, não tiro a razão delas. Mas poucas vezes vi as pessoas falarem dos heróis dessa história, como o veterinário, a equipe dele, todas as instituições da cidade e pessoas que ajudaram o cão de todas as maneiras. Acho muito importante valorizar o lado bom da história.)

A sátira do papagaio divino





Bianca Lobo 

Céu enluarado e uma solitária estrela cadente a sondar o movimento do início da madrugada. Estradas ermas e ruas quase em total silêncio; como se todos os moradores daquela pequena cidade do interior tivessem resolvido dormir mais cedo.
Na tradicional Travessa dos Relicários, um homem moreno de baixa estatura e aparência pouco confiável, corre e pula o muro que esconde uma antiga casa. Entra esgueirando-se e pisando na ponta dos pés. Uma janela de madeira com os vidros quebrados, escancarada, deixa que a claridade de uma distante lâmpada acesa na varanda da casa vizinha, ilumine a astuciosa entrada. Uma grande sala, com a pintura branca descascada, totalmente vazia e o estreito e longo corredor que dá acesso ao primeiro quarto - um cômodo cheio de caixotes de madeira empilhados, que abrigava alguém, desconfortável e silencioso, apoiado em uma Bíblia ─ o papagaio abandonado pelo último morador da velha casa.
O ladrão assusta-se com a grande sombra na parede, mas logo vê que é apenas uma pequena ave de cauda longa, plumagem acinzentada e aspecto solitário.
─ Senhor, por que me abandonaste? ─, perguntou o expressivo animal.
O ladrão soltou uma estridente gargalhada; acreditando ser a frase dita, apenas uma repetição de um trecho contido na Bíblia. O papagaio continua o improviso...
─ Sou o porta-voz de Deus; ele está sempre comigo e mais perto do que você imagina ─, continua a ave, de maneira prodigiosa.
O franzino e astuto homem enruga a testa, coloca as mãos na cintura e grita:
─ Não acredito em Deus!
Em seguida, retira de dentro da camisa, um revólver calibre trinta e oito e aponta a arma na direção do animal. O papagaio continua:
─ Só caminhe na direção da luz, porque a porta está aberta!
─ Chega de palavras santas, eu vim buscar o baú com imagens de ouro da antiga igreja, que toda a cidade diz estar enterrado aqui, na Travessa dos Relicários, em algum lugar dessa casa. Vou levar tudo!
─ Deus não permitirá que isso aconteça, porque ele já o espera! ─, arremata a extraordinária ave.
Ao olhar para trás, o ladrão esbarra em um robusto cão vira-latas, que atendia pelo nome de “Deus”. O valente canino reconhecera o ladrão ─, era o homem que o abandonara em um terreno baldio, há poucas semanas; mesmo assim, o animal permanecia imóvel e com os olhos fixos em suas pernas.
─ Papagaio desgraçado! Onde está o tão maravilhoso Deus nesse instante?
─ Ele está no meio de nós ─, repeti o papagaio mais de vinte vezes, até o ladrão deixar o revólver cair e correr como um louco, conseguindo pular o muro da velha casa; escapando assim, da corrida do destemido “Deus abandonado”.
O ladrão ? Foi salvo por um triz; na verdade, foi salvo pela generosidade de um cão abandonado, que resolveu não atacá-lo, apenas educá-lo, porque quem tem vocação para ser amigo, jamais se tornará um inimigo!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Convite - CAF

Recebemos do Evair este gentil convite:

No mês de julho de 2008, nos juntamos... pela primeira vez para falar e ouvir poesia.... começamos assim nosso caminho poético e passamos por vários momentos mágicos....já falamos poesia para a primavera, para escritores, para aprendizes, para ex-combatentes, para os pais, para uma praça cheia de passantes.......já falamos poesia para nós mesmos em voz alta e a sós.
“Tudo vale a pena, se a alma não é pequena" ( Fernando Pessoa)
O grupo foi aumentando e um grupo de 4 se transformou em um grupo de 15... Poesia parece fermento... Cresce, invade e fica!!!!! “o amor sem fim não esconde o medo de ser completo e imperfeito." ( Barão Vermelho). Já tivemos a coragem em pleno carnaval, de tomar guaraná e comer pipoca com o Carteiro e o Poeta, já brindamos ao amor e a amizade com Vinícius de Moraes, ele (Vinícius) com whisky e nós o grupo com nosso guaraná...”

E assim com alguns tropeços voltamos com um novo pensar na poesia da vida, que pessamos em nosso dia a dia.

“Na colcha de retalhos da poesia costuro com as palavras a história da minha vida, recorto valores passados por meus ancestrais, pintados pela lógica do amor racional! Nasci assim; um ser desprovido de asas por ser humanizado. As lágrimas da minha mãe salgaram meus lábios, mas, não sei se brotaram de alegria ou de tristeza. Tive sim, “licença poética” para nascer neste mundo em que a fraternidade precisa ser redescoberta, através das palavras de um poeta! No jardim das palavras a beleza, mesmo sem ser etérea, acompanha o caminhante pelas alamedas floridas, leiloando a fraternidade para os corações doentes.

Nós do Grupo Literário da CAF convidamos todos vocês para o nosso Recital "Retalhos de uma história, costurados com poesia."
No dia: 26/11/2011
Horário: 15:30hs
Local: Casa do Amor Fraterno

Será um grande prazer ter a presença de todos vocês celebrando o nosso reencontro com a poesia!

Abraços Poéticos

Grupo Literário da CAF

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Microconto - SORTE GRANDE - Carmen Pilotto

Tinha horríveis pesadelos de que viraria bacon.
A cegonha o entregou a um fazendeiro vegetariano.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Projeto Amigos da Leitura - Clube de Campo de Piracicaba

Escritores que participaram do Sarau no Clube de Campo de Piracicaba no encerramento da campanha  AMIGOS DA LEITURA Sandra Negri esposa do prefeito Barjas Negri, Fátima Hungria, do departamento Cultural do CCP, poetisas Lurdinha Sodero Martins, Carmen Pilotto, Ivana Franca de Negri, Ana Marly Jacobino, Aracy Duarte Ferrari, Lucila Silvestre diretora da Biblioteca Municipal e poeta Daniel Valim.
Uma excelente iniciativa ! Ao final da Campanha, foram contabilizados mais de 11 mil títulos recebidos!
 Apoiadores e patrocinadores da Campanha AMIGOS DA LEITURA
Escritora Carmen Pilotto apresentando poemas no SARAU de encerramento da Campanha

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Canário da Terra


Maicon Moso

Mais uma noite que eu não durmo; mais uma manhã que ficarei olhando para as mesmas casas; minha tristeza e meus gritos de dor são confundidos com um belo cantarolar; mas o que fazer, se meu peito está alagado aos oceanos?
Para vocês entenderem melhor o meu sofrimento, detalharei as longas horas que tomam conta dos meus dias. Quando consigo dormir um pouco, acordo e espero minha comida, que não dão todos os dias, eu escuto Luzia falar para o Pedro – Já colocou comida para o canário?
– Esqueci! Daqui a pouco eu coloco! Poxa vida... Estou sentindo fome agora! Eu buscaria, mas não posso, não tenho como sair daqui...
Depois disso vou pra lá, depois venho pra cá, volto pra lá, também consigo ir ali...
Ali um pouco mais pra frente de cá e lá, conhece? Não queira! Não irás gostar! Todo santo dia sou colocado feito troféu em cima de um tronco de árvore, no sol escaldante que me queima e me faz gritar ainda mais alto. Quando chega o inverno não consigo gritar tanto, e o Pedro não me coloca muito no tronco da árvore...
Talvez ele tenha medo que o vento me derrube, não sei... Só sei que gosto da primavera! Muitas flores, meus amigos me visitam, tristes é verdade, mas ao menos eu os vejo e fico sabendo como andam os bosques por aí! Mas as notícias não são tão animadoras... parece que o desmatamento está aumentando cada vez mais...
Se isso não parar, meus amigos, irmãos, não irão aguentar... Sabe o que o que eu não consigo entender, e é muito curioso? O Pedro um dia ficou doente e precisou ficar 15 dias sem sair de casa, pois não estava conseguindo andar por causa de uma cirurgia... E ele reclamava todo dia que não aguentava mais ficar dentro de casa...
Será que ele sente a mesma dor que sinto? Queria tanto saber, queria tanto poder voar por aí, procurando as respostas das perguntas não respondidas... Não me lembro de muita coisa, já faz tempo que estou nesta gaiola... eu era muito pequeno quando caí do ninho e me colocaram aqui... nem meu nome eu lembro, só sei que me chamam de Canário da Terra.