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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Vida subentendida


Maicon Moso

" E eu cheguei de repente, sem avisar, não encarei ninguém, apenas passei... O resultado dessa inesperada entrada estridente foi o silêncio súbito, como se fosse um coração se recuperando de um susto, respiração descompassada, as mãos trêmulas... Falavam de mim, eu percebi, ouvi meu nome ser mencionado nas últimas palavras proferidas. A tempestade aconteceu apenas pela notícia de que eu estava doente, que eu era soro positivo. Passei a ser visto como um monstro, uma anomalia... Me olhavam com pena e medo, não se aproximavam, e tinham receio de apertar a minha mão... Mas tudo bem, compreendo seus pavores... Afinal, sou uma pessoa errada, recebi sangue em uma transfusão, devido a um acidente, e acabei contraindo. Mas se eu tivesse adquirido utilizando drogas, ou não me preservando em relacionamentos, e daí? Não sou mais um cidadão? Não sou mais humano? Os mesmos que me criticam, que me esfolam em seus vocabulários imundos, são os mesmos que frequentam igrejas regularmente, os mesmos que se dizem ambientalistas, os mesmos que se dizem amigos das outras, os mesmos que defendem os animais e os direitos constitucionais... Porém, sujam as ruas da cidade com seus pensamentos insanos e individuais... Proliferam-se como pragas, aos montes, tornando este mundo cada vez mais difícil de se viver, insuportável... Como ser parte de um mesmo lugar que estes? Como aceitar ser da mesma raça que esta escória? Nos tempos de hoje... É errado ser humano, ter sentimentos bons, e amar verdadeiramente aqueles que assim como eu, fizeram nascer uma árvore fraterna, de luz, e de eternidade. "

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