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quarta-feira, 21 de setembro de 2011
É puro horror!
(Carta aos amigos)
Eloah Margoni
Alguns dos meus mais caros amigos são desenvolvimentistas. Enxergam nosso caminho de modo diverso do meu, uma ecologista rematada. Creem eles que, para termos simples óculos ou cirurgias avançadas ou internet, tudo tem de ser como é, ambientalmente falando, nas sociedades! Penso que não. Talvez seja excesso de imaginação minha, e o mundo moderno venha num pacote como a “Net Combo”, afinal.
Esses amigos e eu discutimos amiúde, pois sempre defendemos fortemente nossos pontos de vista. Fico parecendo arrogante, mas não é arrogância minha, garanto. É um medo visceral, um completo desânimo, muita angústia, um terrível, imenso desespero! Algo que me toca na raiva e também por isso soa realmente antipático o que digo, sei; eles têm razão nisso. Mas são os primeiros (e puros) sentimentos mencionados que dominam, cortam, fazem sangrar tanto e maltratam. É muito triste.
Sim, diálogo neste ponto é difícil entre quem enxerga ângulos tão diferentes de um assunto (desenvolvimentismo tradicional x ecologismo), pois quase não nos parece mais questão de falar ou de conversar sobre... É questão de agir, é coisa prática, sendo muito doloroso para nós, ambientalistas, vermos tudo andando na contra mão daquilo em que acreditamos (embasados numa linha da ciência e da tecnologia). Não podem me pedir calma.
A nosso (meu) favor, o que digo é que se estiver(mos) errados, nossa linha de raciocínio não ameaça as pessoas nem as nações, até porque existe em lei (só em lei, no papel) o "Princípio da Precaução", e o contrário já não se pode dizer. Ou seja, se o desenvolvimentismo por acaso estiver errado, será grave.
Por outro lado, quem está feliz, com sua linha de visão do país, não precisa da concordância de ninguém, de nada mais necessita, além da grande vitória que já tem! Por que querer tudo? Não entendo. Não permitir que os grandes derrotados desta época em sua ideologia (nos quais me incluo), manifestem seu enorme sofrer de algum modo, é irrazoável, parece-me até cruel. Não se pode pedir que "o homem elefante" ponha terno, que se sente elegantemente à mesa, pois isso não é possível para ele.
Talvez, nós ecologistas e ambientalistas sejamos apenas loucos aberrantes, mas verdadeiros e autênticos. Existimos, o que fazer? Como se sabe, é assim o mundo, “que se chamasse Raimundo”, como disse Drummond, “seria rima, não seria solução”.
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