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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Convite Cultural - Exposição PALAVRAS E IMAGENS da ITÁLIA

Em comemoração ao ano da Itália no Brasil, uma exposição de fotos, textos e quadros sobre o tema.
Fotos de Miriam Miranda, textos de Carmen Pilotto, Ivana e Cassio Negri e Nelson Bertolini.
Pinturas de Gracia Nepomuceno, Delfim Sergio da Rocha e Áurea Pitta Rocha.
Apresentação musical de Hermes Petrini.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Concurso Literário da ACIBEL


IV CALLI – CONCURSO ANUAL LIVRE DE LITERATURA
E
IV - DNT – DESVENDANDO NOVOS TALENTOS

ACIBEL – ASSOCIAÇÃO DO CÍRCULO BARBARENSE DE ESCRITORES E LEITORES

(clique aqui para ter acesso ao regulamento)
REGULAMENTO


Enviado por Douglas S. Nogueira – Secretário Geral e Gerente Administrativo – (19) 9682 7861 ou (19) 3455 1387
Sede ACIBEL – (19) 3383 7099

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O CIRCO


Ludovico da Silva

Uma das lembranças mais marcantes que a pessoa carrega dos tempos de criança é a do Circo. A expectativa pela presença do palhaço, a atração maior para seus desejos de sonhos e fantasias. O palhaço, com suas estripulias e brincadeiras ingênuas, que chora e faz rir. Nas arquibancadas de madeira, o menino ri, se encolhe, rói as unhas e, por fim, bate palmas, extravasando sua alegria. Na segunda-feira, quando o Circo vai embora fica triste. Que fazer! O que salva é que no ano que vem o Circo estará de volta.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

GÊNESE DOLOROSA

João Baptista de Souza Negreiros Athayde
(mini-conto)

Tentava condensar a quadra mais amarga da história da sua vida nas linhas apertadas de um conto; sabia que era preciso escolher as palavras, desprezar os floreios que deixam a frase obesa, enxugar as metáforas que esticam o fio condutor da narrativa, suprimir ecos e aliterações que lembram rimas poéticas; era preciso usar pontuações adequadas que dão fluência e amálgama ao personagem e às suas peripécias, enquadrar a ação do personagem e o movimento narrativo no binômio espaço/tempo para estabelecer empatia com o leitor; era preciso fazer que o tema se insinuasse aos poucos, sem sobressaltos, para evidenciar-se somente no epílogo, ou depois dele; era preciso trabalhar a concisão da história, nem tão pouco que a transformasse num romance, nem muito para que se fizesse mera crônica.
Ao final, percebeu que condensara tanto o amargo de sua história, que a essência de sua dor acabou por transbordar das entrelinhas, gotejando lamentos e os restos de seus sonhos mortos.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A MAGIA DAS CASAS ANTIGAS (crônica premiada)


Às vezes fico imaginando que as casas muito velhas adquirem uma espécie de alma. Ficam para sempre impregnadas pelos fluidos das pessoas que nela habitaram, viveram conflitos, vitórias, tragédias, emoções, alegrias, tristezas e acalentaram sonhos em suas dependências. Amores vividos, alguns sonhos realizados, outros não, decisões importantes tomadas em seus recintos, e que certamente mudaram o rumo de muitas vidas. Vozes continuam a ecoar em sussurros fantasmagóricos e incompreensíveis.
Quantos dramas, nascimentos e mortes, aos quais as paredes assistiram mudas, estáticas, impassíveis, constantemente revividos nas recordações dos protagonistas. Também acobertaram travessuras de crianças, acolheram anseios juvenis e testemunharam grandes romances, felizes alguns, trágicos outros.
Casas também possuem um ciclo vital: nascimento, auge, declínio e morte.
Quando uma pessoa morre, deixa suas marcas no local onde morou. É como se ainda estivesse ali, presente. Chegamos a sentir o odor que emanava dela e até sentimos arrepios quando isso ocorre. Essa essência fluídica e única de cada ser penetra pelas frestas, pelos vãos, impregna-se entre o reboco e os tijolos das paredes envolvendo tudo. O piso, gasto pelos mesmos pisares durante décadas, fica indelevelmente marcado, como cicatrizes de um tempo que não volta. São as rugas das casas. Grossas camadas de musgo cobrem as paredes como um manto de veludo verde a lhes cobrir as machucaduras. Gerações passam e casarões resistem bravamente, testemunhas imponentes de um passado distante, de sagas familiares, de lendas e histórias. Mesmo em ruínas, guardam encantos e aspectos mágicos.
Mas os palacetes, assim como os casebres, também sucumbem um dia, corroídos pelo tempo que a tudo consome, ou são demolidos. Às vezes são reduzidos a pó pelas guerras ou terremotos. Levam consigo segredos nunca revelados, coisas íntimas ditas entre quatro paredes. Seu espectro vaga nas lembranças das pessoas que neles viveram e de seus descendentes. Tornam-se imortais quando aprisionados em fotografias ou quadros e permanecem vivos na memória e na saudade de quem neles morou. Mas vão se dissipando, com o tempo, diluindo-se lentamente, como acontece com tudo.
Antigamente as mansões ostentavam orgulhosamente os brasões de família, datas, inscrições e beirais imponentes, inclusive a expressão “sem eira nem beira” refere-se às moradias de pessoas sem expressão social cujas fachadas não exibiam beirais ricamente trabalhados, com esculturas importadas e nem amplas “eiras” - do latim, área - ou seja, um avarandado, espécie de alpendre ao redor da casa.
Muitas lendas são contadas sobre fantasmas de pessoas que habitaram certos lugares e continuaram ligadas ao local, “amarradas” nele, como se não tivessem morrido. Continuam a “viver” nos recintos até tomarem consciência de que já não têm mais um corpo e podem locomover-se com a força do pensamento para autarquias superiores e libertar-se dos grilhões que as prendem à terra. Muitos livros foram escritos contando sagas de fantasmas que assombram os mesmos lugares por séculos, e também dezenas de filmes sobre o tema foram rodados. O musical da Broadway , “O Fantasma da Ópera”, obteve tanto sucesso que é exibido há décadas, ininterruptamente, e sempre com ótimo público.
Casas mal assombradas, em todas as épocas, sempre aguçaram o imaginário popular e seu poder encantatório exerce um fascínio de difícil explicação.
Quanta magia existe nas casas velhas, quanto mais antigas, mais mágicas!


Crônica premiada como a melhor de Piracicaba no I Prêmio Escriba de Crônicas
 ver matéria na TRIBUNA PIRACICABANA

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS


Adenize Maria Costa

Adoro ver e rever fotografias. Dia desses após um café da manhã delicioso na casa da minha irmã começamos a ver os vários álbuns de fotografias que ela tem: casamento, formaturas, aniversários, fotos de encontros de família, fotos de viagens, de carnaval (arrasávamos no Bloco das Panteras).
Revendo as fotos das crianças, meus filhos e sobrinhos, os filhos dos nossos amigos é que consigo perceber o quanto o tempo passou depressa. Como eles cresceram...
Fica sempre o questionamento será que aproveitamos bem nossa juventude? Será que curtimos o suficiente nossas crianças ainda pequenas?
É uma viagem ao passado. Rimos tanto dos nossos cabelos, das roupas, o quanto éramos magrinhas. Inevitavelmente lembramos também das agruras da vida, as privações que passamos, as nossas humildes vontades. Me lembro que uma vez fiquei com vontade do tomar sorvete colegial, uma de minhas irmãs ficou até com febre de vontade de comer queijo com goiabada.
E as nossas crianças? Ficávamos lembrando das travessuras deles, do que cada um gostava, das manias que cada um tinha. Meu filho quando chegávamos na casa da minha mãe ele já entrava depressa atrás de minha irmã e pedia: “tia, fá boio!”. E minha irmã se já não estivesse com um bolo assando no forno já corria providenciar, era o primeiro sobrinho então todo mundo paparicou um pouco.
Lembramos com um misto de alegria e saudade das pessoas que já não estão mais entre nós.
Meu avô paterno todo posudo no álbum de casamento de minha irmã, nem podíamos imaginar que dias depois ele iria dormir pra nunca mais acordar... Gostava de uma festa, gostava de encontrar-se com a família, de estar em família..
Olhando aqueles álbuns todos e percebendo o quanto o tempo passou penso no quanto somos felizes, ainda estamos aqui vivendo e fazendo história, num novo tempo.
Nossas crianças cresceram, é verdade, hoje já são homens e moças feitos, embora eu ainda encontre por trás daqueles olhos, ou num riso, numa franzida na testa, aquelas crianças lindas que trouxeram tantas alegrias às nossas vidas. Não me esqueço do meu sobrinho que tem o apelido de Véio porque é sério, de meias palavras, azedo desde neném, quando tinha três aninhos eu costumava ligar na casa da minha irmã e pedia pra falar com ele, eu dizia: “Vi, do you love me?” Sem saber o que dizia mas porque ensinei ele respondia: “Yes, I do”. “How much?” - eu perguntava. E aquela vozinha de criança me respondia: “ So much”. E eu finalizava: “ I love you so much too”... Meus colegas de trabalho e a colaboradora da minha irmã me achavam maluca mas aquela maluquice enchia meus dias, minhas tardes de encantamento.
As crianças cresceram, pessoas queridas partiram faz parte da vida. Ah! A Vida.
Que benção, que graça maravilhosa olhar pra tudo isso, olhar para o nosso passado e saber que precisamos passar por tudo o que passamos pra chegar até aqui. Somos o resultado disso não tem jeito.
Se a vida estiver dura demais, se estiver faltando alegria pega um álbum de fotografias faz uma visita no passado pra dar coragem no presente e esperança no futuro.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Resultado I Prêmio Escriba de Crônicas de 2011




Resultado I Prêmio Escriba de Crônicas de 2011


1º Futbol Gaudi Ricardo Fagundes Sangiovanni / Pigro Zé Salvador – BA
2º O Galo do vizinho Paulo Virgilio D’Auria / Carlos Alexandre São Paulo – SP
3º O meu o mar Aruanã Bento Ramos da Costa / Jota Rio de Janeiro – RJ
Menção
Honrosa
Um mancebo no canto do quarto José Carlos Santos Peres / PEDRO PÁRAMO AVARÉ – SP
Menção
Honrosa
Zorro versos Dom Quixote Cláudio Alves da Silva / LASANA LUKATA SÃO JOÃO DE MERITI – RJ
Menção
Honrosa
Eu e eu Marco Antonio Rodrigues da Silva / Marchado Niterói – RJ
Menção
Honrosa
De Agulhas e Linhas Ubirajara Ramalho Neiva / Juca Sacatrapo

Belo Horizonte – MG
Menção
Honrosa
O Vizinho CARLOS JOSÉ ROSA MOREIRA / JUCA BRAGANÇA Niterói – RJ
Menção
Honrosa
Terminal Rodoviário Denivaldo Piaia / Inéd Campinas – SP
Menção
Honrosa
Insurreições Domésticas DANILO DRUMOND AVELINO / Drumm BELO HORIZONTE – MG
Selecionados Manoel Oleiro Darío Alejandro Poyanco Bravo / Mansueto Jorge Belo Horizonte – MG
Selecionados Somos inquilinos do além ADRIANO MACHADO FACIOLI / EUDANEL BRASILIA – DF
Selecionados Margaridinha DIOGO CEZAR BORGES / PERILO HENRIQUE RIO DE JANEIRO – RJ
Selecionados O Lá de fora Assoma Marcelo Benini / Rastignac

Brasília – DF
Selecionados Eu moro em André Telucazu Kondo / Akira Matsushita Caraguatatuba – SP
Selecionados Sobre deuses esquecidos Sérgio Bernardo / Cavaleiro da Triste Figura Nova Friburgo – RJ
Selecionados As segundas do seu Adalto Marlos Degani / Fuligem

Nova Iguaçu – RJ
Selecionados UM A UM ISOLDA SANTOS HERCULANO / MENINO DEUS MACEIÓ – AL
Selecionados Como a Ferrugem e a Traça JOSE LUIZ DIAS CAMPOS JUNIOR / DIAS CAMPOS São Paulo – SP
Selecionados Esperança Sertaneja PATRICIA DINIZ SANTOS / CLARA LUZ NATAL – RN

Melhor de Piracicaba: A Magia das Casas Antigas Ivana Maria França de Negri / Rubem Álvares Piracicaba – SP

Comissão Julgadora:
MIRIAM DÀNNIBALE
JOAQUIM MARIA GUIMARÃES BOTELHO
RONALDO ANTÔNIO VICTORIA
ERICK TEDESCO GIMENES
SANDRA REGINA SACHEZ BALDESSIN


Aquela história...quando vai acabar?

Clarice Villac

Hoje, na aula de Português, com alunos de idade média entre 10-11 anos, tinha no livro didático uma HQ com o Garfield sendo malcriado com o John, e em seguida outra HQ com Gatinho e Gatinha (esses personagens eu não conhecia) em que a Gatinha tinha colocado o Harry, depois de dar banho nele para lavar de uma grande bagunça com tintas coloridas que tinha feito pelo chão, no microondas, ao que o Gatinho escandalizado sai correndo para salvá-lo e fala “mas ele é só uma criança”, e a Gatinha responde rindo: “coloquei no médio...”.
Comecei a conversar com os alunos sobre isso, dizendo que o Garfield é meio malvadinho e egoísta, apesar de eu gostar muito de gatos...
E ia continuar a conversa, quando um menino falou que não gostava de gatos, outro disse que um primo tinha jogado um gatinho na fossa, outro disse que era verdade, e começaram a falar vários ao mesmo tempo, contando casos assim, ao que pedi para todos pararem de falar isso. E um menino, que estava de mal humor hoje, falou que gato é para matar mesmo.
Bom, daí perdi a calma, falei que isso é crime, que dá de um a três anos de cadeia, que se for menor de idade o pai é que vai preso, e etc. e tal.
Contei que trabalhei numa ONG de resgate de animais de rua por vários anos, que por isso tenho tantos gatos em casa, que cada um deles tem uma história triste antes de chegar na minha casa.
Falei para imaginarem o que sente um gatinho nenê, que só sabe miar e mamar na sua mãe. Para imaginarem como se sentiriam se um gigante do tamanho deles os pegasse e jogasse na fossa. E etc. e tal.
Mais um pouco, ia dar o sinal, era a última aula, fim de tarde, falei que podiam guardar o material.
Enquanto eles se aprontavam para ir embora, sentei e fiquei bem triste, e conversei com um menino tranquilo, distraído, sonhador, pisciano, que conheço melhor por ter participado da turma de aulas de reforço de Português que ministrei por três meses no semestre passado, antes de eu ficar com estafa e precisar parar com esse curso.
E Luciano é um menino que consegue salvar borboletas presas, mostrando o caminho de volta com delicadeza (já vi ele fazer isso, nossa escola fica perto de uma mata nativa, as aulas eram de manhã, quando o sol e a brisa entram suaves pelas janelas). E foi campeão do concurso de inventar e lançar foguetes feitos com sucata, que a professora de Ciências realizou no semestre passado. Ele troca algumas letras para escrever, às vezes demora para interpretar ‘adequadamente’ textos escritos, tem dificuldade com o conteúdo de Matemática. Mas tem o olhar brilhante, e considera possibilidades amplas para as coisas, para qualquer coisa. Ao conviver com ele, a gente percebe que ele está chegando neste mundo, mas que passeou muito pela vida eterna afora.
Pois então, conversei com Luciano, e falei que como é possível que tenha gente que, ao ver os outros fazerem maldades, não pense que isso é absurdo, não veja que estão fazendo besteira e que não precisa ser assim! Ele arregala os olhos, com seu ar de quem enxerga muito, e fala “é mesmo, né, professora...” e seus olhos brilham, e eu falo que ele entende isso, e ele diz que sim...
(Na segunda-feira depois da Páscoa, na aula, as crianças estavam falando de quantos ovinhos tinham comido, e me perguntaram, falei que não tinha ganho ovinhos, e não é que ele me aparece com a caixa de bis que ganhou como prêmio no concurso de foguetes, pra dividir comigo depois da aula ?)
No final dessa aula de hoje, duas meninas vieram conversar comigo também, com olhões carinhosos, uma para contar que a avó tinha um gatão preto e branco, a outra para contar que sua gata tinha dado cria na sala, e conversei com elas, sobre a gata, as casas das pessoas, as tocas dos bichos... agora a gata já está numa caixa, num lugar sossegado, a menina falou...
Mas vim para casa chateada e triste... Cheguei, falei para meus gatos e cachorro que o mundo continua difícil...
Sempre me surpreendo, me decepciono quando encontro a maldade em estado puro... em crianças e pré-adolescentes...
Como que ela não pára de renascer? Como que ela se espalha assim sem cerimônia, como se fosse normal?

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

LEMBRANÇAS

Elda Nympha Cobra Silveira

As circunstâncias, ou as pessoas, podem tirar as nossas posses, podem levar o nosso dinheiro e podem acabar com a nossa saúde, mas ninguém pode nos tirar as posses mais valiosas que temos, que são nossas lembranças.
Muitas vezes, a vida deriva para uma série de desenganos, de desilusões e mesmo frustrações, porque os anseios de sucesso e felicidade aspirados desde o começo da juventude e talvez até da infância, não se realizam naqueles pormenores que os sonhos sempre prometeram; muitas vezes por culpa da própria pessoa, que desejou coisas muito ilusórias e sem consistência prática.
Muitos desejam, mas não se esforçam para a concretização do seu ideal, seja financeiro, amoroso, de saúde ou intelectual. Então as lembranças chegam paulatinamente à flor da pele, ao recordarem dos tempos idos da juventude, quando tinham um futuro alvissareiro descortinando todo pela frente.
As mulheres ou os homens estavam à mão, porque nada ofuscava o charme, a beleza, a juventude e a autoconfiança. Essas lembranças vão chegando, muitas vezes, com uma ponta de orgulho misturada com a frustração, até que a pessoa constata que a realidade do hoje é bem outra.
Muitos que adquiriram bens e os perderam por qualquer infortúnio, se sentem saudosos dos tempos áureos vividos. Os que foram atletas, talvez até consagrados, revivem com alegria seus lances vitoriosos e contemplam os troféus conquistados, mas com um misto de frustração por se sentirem ultrapassados e decadentes no seu vigor.
Os que gozavam de boa saúde, pela imprudência, por viverem uma vida cheia de vícios, sentem a frustração e se deprimem por não poderem mais se iludir com uma vida mais longa, porque seu tempo de vida é curto. Aqueles que não fizeram uma boa escolha no casamento ou na vida afetiva para uma convivência plena e feliz amargam a solidão, são infelizes e ainda têm problemas familiares a serem resolvidos.
Portanto, ninguém tira nossas lembranças, que são únicas e só nossas, dependendo do ritmo e caminho que dermos às nossas.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

LEMBRANÇAS DE CASAMENTO

Ludovico da Silva

Não são poucos os casais que guardam nos tempos de convívio objetos recebidos como lembranças de seu matrimônio. Trata-se de uma data que fica marcada pelos restos dos anos, aqueles que têm a felicidade de uma convivência sadia, de compreensão mútua, superando os percalços naturais de uma vida em comum que pode superar décadas.
Que casal não tem um álbum de fotografias que registra aqueles momentos de rara emoção! Sobretudo a noiva, sempre a mais bonita de todas, nos passos lentos, distribuindo sorrisos para os olhares que se multiplicam tantos são os convidados à sua espera, enquanto o noivo nas escadarias do altar transpira um sentimento de felicidade. Que noiva esquece os sons da marcha nupcial que soa suave pelos quatro cantos da igreja e fogem pelas brechas das portas e janelas e se perdem nos ares levada pelos ventos de bons augúrios? É bem verdade que as fotos, sempre bem guardadas, acabam por provocar uma saudade que não evita algumas lágrimas escorregarem silenciosas pelo rosto, às vezes, coroado pelos efeitos dos tempos. São registros saudosos, freqüentemente lembrados na presença dos filhos que completam a felicidade dos pais ao longo dos anos.
As fotos do casamento marcam um momento muito particular que também fica perpetuado na memória do casal. Mas há outros motivos e fatos para serem relembrados num tempo futuro.
No retorno às atividades normais, o casal tem que dar um jeito nos presentes recebidos por ocasião das bodas. É preciso colocar tudo em ordem. Cada um no seu lugar, separando os chamados “trens” de cozinha que serão usados diariamente. Pratos, panelas, jogos de xícaras, talheres e outros. Naturalmente, somados aos recebidos pela noiva no chá de cozinha, como guardanapos, toalhas, materiais e objetos de limpeza. São os chamados materiais de consumo, pois o estoque terá que ser reposto na medida das necessidades.
Por outro lado, há que se dar um tratamento especial aos presentes duráveis. Jogos de cristal, chá e café que se destacam com fios de ouro em suas bordas terão um lugar em móvel apropriado. Objetos de arte, como quadros e pratos pintados com toda delicadeza por um parente próximo, terão uma atenção particular e, em razão do seu valor sentimental, colocados em local bem seguro.
É uma pena, mas, embora todo o cuidado seja dado a esses objetos, é bem provável que durante a limpeza, necessária de tempo em tempo, alguns deles sofram uma queda e se despedacem no chão, principalmente com maridos descuidados, que normalmente dão uma mãozinha à consorte nessas oportunidades. Mesmo com compreensão mútua do casal, é um momento de tristeza.
Mas o tempo passa tão depressa e quando o casal se assusta já comemorou bodas de prata, de ouro e até diamante. A família, grande ou pequena, está criada. Cada filho tomou rumo na vida e daí não resta mais nada ao velho casal, senão passar um filme de todo esse tempo decorrido. Aí é que vêm as lembranças de casamento. Fotos e presentes trazem recordações que nunca se esquecem. O casal troca olhares e sempre algumas lágrimas quentes teimam em escorrer pelo rosto. Nessa hora, só mesmo um abraço bem apertado que a emoção provoca por uma vida de convivência feliz.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

III Feira de Artes na Praça da Biblioteca

Angelica Stolff, Carmen Pilotto, Leda Coletti, Ivana Negri, Lucila Calheiros e Carmelina de Toldedo Piza

Carmelina contando histórias para os presentes

Professora Leda, que expôs trabalhos de alunos, sob a sombra das frondosas árvores do local

Gracia Nepomuceno

Grupo de artistas plásticos


Stella Maris


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Resultado do XIX CONCURSO DE POESIA E PROSA DA ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA


2011 - Patrono: Nege Além

Poesia
Prêmio Emílio Lansac Thoa

Infantil - até 12 anos

1º Lugar – “Animais Sensacionais”- Lara Mauro de Araújo – São João da Boa Vista/SP
(Anglo- Ensino Fundamental)
2º Lugar – “Todas as coisas da cidade”- Maria Eduarda Moreira Marangoni – São João da Boa Vista/SP (Anglo- Ensino Fundamental)
3º Lugar – “A difícil e inesquecível adolescência”- Beatriz Helena Macari Daros- São João da Boa Vista/SP (Colégio Objetivo)

Juvenil – 13 a 18 anos

1º Lugar- “A sombra que assombra”- Rafael Palhuca – São João da Boa Vista/SP (Colégio El Shadai)
2º Lugar- “Medo de chuva”- Francisco José de Siqueira Borges- Divinolândia/SP- (Colégio Gramense)
3º Lugar – “Terror do Homem”- Bryam Cardoso Gianuci- São João da Boa Vista/SP (Colégio El Shadai)
3º Lugar- “Amor”- Mariana Brito Marti – São João da Boa Vista/SP (Anglo São João)

Adulto – 19 a 59 anos

1º Lugar – “Deus de Helena”- Andréia Aparecida Silva Donadon Leal – Mariana/MG
2º Lugar – “De secas e verdes”- Francisco Ferreira – Betim/MG
3º Lugar – “Pó de Estrelas”- Ivana Maria França de Negri – Piracicaba/SP

Prêmio Otávio Pereira Leite – 3ª Idade – a partir de 60 anos

1º Lugar – “A busca do sentido”- Maria Apparecida S. Coquemala – Itararé/SP
2º Lugar – “Poema da Vida”- João Baptista Coelho- São Domingos de Rana /Portugal
3º Lugar – “Sapo e Balde”- Genilton Vaillant de Sá- Vitória/ES


Prosa-
Prêmio Fábio de Carvalho Noronha

Infantil- até 12 anos

1º Lugar – “Um concurso cheio de pessoas sem importância, mas...”- Maria Eduarda Moreira Marangoni – São João da Boa Vista/SP (Anglo- Ensino Fundamental)
2º Lugar – “Uma Lenda em Gropo”- Letícia da Silveira Terra Junqueira- São João da Boa Vista/SP (Anglo – Ensino Fundamental)
3º Lugar – “Animais defensores da natureza”- Lívia Costa Azevedo Loup – São João da Boa Vista/SP (Anglo- Ensino Fundamental)

Juvenil – 13 a 18 anos

1º Lugar – “Minhocas na cabeça”- João Paulo Lopes de Meira Hersegel – Alumínio/SP
2º Lugar – “Saudades de Minha Infância”- Larissa Gulin Gazato – São João da Boa Vista/SP
(Centro Educacional SESI-156)
3º Lugar – “O Bem-Te-Vi”- Rafaella Maria Bossonello Bianchini – Espírito Santo do Pinhal/SP (E.E. Cardeal Leme)

Adulto – 19 a 59 anos

1º Lugar – “Na Cabeça”- Tatiana Alves Soares Caldas – Rio de Janeiro/RJ
2º Lugar- “O Castelo”- André Telucazu Kondo- Caraguatatuba/SP
3º Lugar – “Agora e Sempre”- Fátima Soares Rodrigues – Belo Horizonte/MG
3º Lugar- “Reflexos”- Eduardo de Paula Nascimento” - Franca/SP

Prêmio Otávio Pereira Leite – 3ª Idade – a partir de 60 anos

1º Lugar – “Refúgio dos Anjos”- Nilton Tadeu da Silva Silveira – Porto Alegre/RS
2º Lugar- “O Apelo”- Joaquim Lopes Duarte Bispo – Odivelas/Portugal
3º Lugar- “Didi”- Amélia Marcionila Raposo da Luz – Pirapetinga/MG

Comissão Julgadora:
Poesia- Antonio“ Nino”Barbin
Carmen Lúcia Balestrin
Sílvia Tereza Ferrante
Sonia Maria Quintaneiro
Vedionil do Império

Prosa – Clineida Junqueira Jacomini
Luiz Antonio Spada
Maria Célia Campos Marcondes
Maria Inês Araújo Prado
Maria José Gargantini Moreira

Inscrições via Internet- Neusa Maria Soares de Menezes
Coordenação Geral- Ana Lúcia Sguassabia Silveira Finazzi

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

FEIRA DE ARTES NA PRAÇA DA BIBLIOTECA - sábado



Neste sábado, dia 13 de agosto, tem Feira de Artes na Praça da Biblioteca das 10h às 16h. Uma realização da Biblioteca Pública Municipal “Ricardo Ferraz de Arruda Pinto” com o apoio da Associação Piracicabana dos Artistas Plásticos (APAP), do Grupo Oficina Literária de Piracicaba (GOLP) e Centro Literário de Piracicaba (CLIP).


Haverá venda de obras de arte, venda e troca de livros, declamação de poesias, apresentações musicais e também de capoeira.

Além das apresentações culturais, as pessoas presentes na Feira de Artes participarão do sorteio de uma aquarela para quem fizer cadastro na hora.

FEIRA DE ARTES

terça-feira, 9 de agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

VIRTUAL



Adenize Maria Costa

Passava horas a fio conversando com os amigos. Raramente se dava ao trabalho de descer e sentar-se à mesa para as refeições. Acabava engolindo qualquer coisa na frente do monitor.
Tinha muitos amigos. Se um deles saía ou estava off-line, em segundos recebia a informação: “Amigo-até-a-morte” acabou de entrar. Ou então “Levada-da-breca” está chamando sua atenção. Seus contatos eram dos mais variados. Tinha também “Loko-de-pedra”, “Chico-doido”, “Paty-k-brun” e mais um sem número de nomes estranhos.
O bate-papo sem fim o mantinha preso no quarto, cada vez mais isolado do mundo. Os pais ficavam despreocupados porque o filho estava sempre em casa, a salvo da violência urbana. Chegava da escola e imediatamente ia para o quarto e de lá saía na manhã seguinte para ir ao colégio. Era assim que passava suas tardes e finais de semana.
Tinha apenas dois colegas no colégio com quem eventualmente falava. Em casa seus pais praticamente não ouviam sua voz. Vivia fechado em seu mundo. Parece que foi desaprendendo a falar. Estava, aos poucos, tornando-se um ser virtual. Sem voz, sem rosto, sem afetos. A vida passando tão rapidamente quanto os toques no teclado do computador, sem grandes mudanças, exceto ALT-TAB

domingo, 7 de agosto de 2011

A CULTURA DAS FUTILIDADES


Ivana Maria França de Negri


É incrível como a sociedade está cada vez mais fútil. A inversão de valores é nítida. Ninguém liga se a pessoa é honesta, se tem virtudes admiráveis, se luta por ideais nobres, se preza os valores morais, espirituais e a família. A competitividade é estressante, agressiva, e atropela todos os princípios da convivência pacífica.
A concorrência poderia ser algo saudável na medida em que cada um tentasse se aprimorar, evoluir, e não “matar” o concorrente.
Família? Hoje a prioridade são os estudos, o trabalho, os títulos de mestre, de doutor, a compra de imóveis, as viagens, carros, equipamentos eletrônicos, e só por último da lista figura o plano de ter um filho, geralmente único, que será criado por babás, creches e escolinhas, pois os pais, às voltas com tudo o que citei, não têm tempo para cuidar de crianças. E perdem o melhor da vida!
O primeiro item dos desejos é ficar rico, angariar muito dinheiro, mais do que se pode gastar e muito além do necessário para viver com dignidade.
Em rodas de conhecidos, numa festa, os assuntos são sempre os mesmos, só rolam futilidades. A performance do carro novo, as cirurgias plásticas, a nova novela (que nem nova é e sim um remake), o novo peito de silicone, e as pessoas trocam de parceiro como mudam de roupas.
Revistas e jornais têm que acompanhar o gosto (duvidoso) dos leitores para não falir. Então, crescem os espaços para futilidades como fofocas sobre a vida de celebridades, atores e jogadores de futebol. Uma nova novela vira assunto de capa em todas as revistas e jornais, como se disso dependessem nossas vidas.
A imprensa, de modo geral, está viciada nas publicações pagas. Não existe profissionalismo e sim “puxação de tapete”.
A sociedade é como um imenso jogo de dominó, cada um derrubando o da frente, e como consequência, caem todos.
Mas uma única peça, entre milhares, se resistir e ficar em pé, pode fazer a diferença.
Programas tipo Big Brother e a Fazenda têm lugar garantido na mídia por meses. Moda virou assunto de primeira necessidade. Corpo sarado é obsessão e causa de depressão em quem não consegue driblar os ponteiros da balança. Não importa viver feliz, importa ser como a sociedade impõe. Importa ter o carro do ano, comprar aquela bolsa de marca - caríssima! - para mostrar status, importa manter a pose e a fachada.
E tudo o que não rende dinheiro, é descartado, não importa o seu real valor.
O colunismo social criou uma doença: a síndrome do holofote. Quanto mais a pessoa aparece, mais quer aparecer e ter seu sorriso estampado nos jornais a qualquer preço, e paga o que não tem para que isso aconteça. E o destino final dessas páginas caríssimas é absorver xixi de cachorro, forrar gaiolas de passarinhos e outras finalidades menos nobres.
A educação é uma lástima, a roubalheira é algo vergonhoso e a impunidade rola solta. A não existência de punição é um incentivo a novas roubalheiras e novos crimes.
Assim caminha a humanidade. É o começo da decadência e ruína de uma sociedade sem valores, que não cultiva as coisas do espírito e que ignora a essência divina que habita em cada ser.

(texto publicado na Gazeta de Piracicaba em 22/07/2011)

sábado, 6 de agosto de 2011

1o Concurso de Poesias do Site Recanto Poético

Organizador: Águia Real

1) O Concurso de Poesias tem como objetivo estimular a produção literária e a inclusão de novos escritores na Internet, é destinado a todas as pessoas que apresentam um poema inédito escrito em português.

2) O tema é livre e a inscrição é gratuita e poderá ser feita até 15 de agosto/2011.

3) Cada concorrente poderá participar com apenas uma poesia inédita (ou seja, ainda não impresso nem publicado na internet), que não tenha sido premiado em outro concurso.

4) Consideram-se inscritas as obras enviadas pelo e-mail à: recanto@aguiareal.com.br Concurso de Poesia do Recanto Poético, no corpo do e-mail, sem anexo, escrito em língua portuguesa, digitado com fonte Arial, tamanho 12 (doze).

5) Todas as poesias inscritas continuarão sendo propriedade dos seus autores.

6) Deverá constar no final: o título do poema, nome completo do autor, seu endereço, telefone, RG, e 4 ou 5 linhas de currículo.

7) A comissão julgadora será composta pelo cronista Águia Real (do site Águia Real Home Page http://www.aguiareal.com.br/) e Maria José Zanini Tauil poeta e especialista em Literatura (do site Coração Bazar Home Page http://www.coracao.bazar.nom.br/).

8) Premiação: O primeiro lugar receberá um Recanto no site Recanto Poético (http://www.recanto.poetico.nom.br/) composto de menu e mais 5 poesias. Os segundo e terceiro lugares terão suas poesias publicadas no site Recanto Poético.

9) O resultado do concurso será divulgado no site Recanto Poético: http://www.recanto.poetico.nom.br/

10) O resultado será divulgado até 30 de agosto/2011. Mais informações sobre o Concurso no site: http://www.recanto.poetico.nom.br/

11) O encaminhamento dos trabalhos na forma prevista neste regulamento implica concordância com as disposições nele consignadas.

12) Inscrições e poesias devem ser encaminhadas para os e-mails aguia.real@uol.com.br ou recanto@aguiareal.com.br.

Abraços
ÁGUIA
www.recanto.poetico.nom.br/1concurso/concurso.htm

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

AGRICULTOR


Pedro Israel Novaes de Almeida

O homem iniciou seu ciclo caçando e extraindo alimentos, até que passou a produzi-los, tornando-se agricultor.
Após milênios, foi-lhe dedicado um dia no calendário: 28 de julho, data pouco comemorada, apesar dos milhões de almoços, lanches e jantares ocorridos. Ser agricultor pode até ser bonito, mas não é fácil.
A agricultura afronta a matemática, pois pode produzir oito, somando dois e dois, ou zero, somando um e um. Não é um processo industrial, onde a soma dos componentes sempre conduz ao produto final, tal qual projetado.
O agricultor, ainda que tecnificado, controla apenas parte do processo produtivo, ficando, em maior ou menor escala, submetido às incertezas do clima, pragas, doenças, eventos fisiológicos e tantos outros, para então enfrentar a realidade do mercado, temerariamente prevista com meses de antecedência.
Entre a agricultura industrial e a familiar, que freqüentam discursos os mais diversos, existe, gigantesca, a agricultura como atividade complementar, capitaneada por profissionais de outros ramos, não raro liberais. Aqui, a atividade é um suceder de alegrias e decepções, lucros e prejuízos, prazeres e contratempos.
A agricultura não comporta preconceitos, sendo composta por diversos estratos, do pequeno agricultor arrendatário ao grande proprietário, passando pelo assalariado ou parceiro. Há agricultores urbanos, que verdejam os cinturões das cidades, e agricultores eremitas, que freqüentam fundões.
Produzir alimentos, e bem vendê-los, exige muita ciência e informação, além de compromissos sanitários, ambientais e trabalhistas. Ter a agricultura como renda suplementar é no máximo um risco financeiro, mas tê-la como fonte de sobrevivência é um sacerdócio.
A maior parte de nossos agricultores trabalha com elevados investimentos, e um simples trator, ainda que mal equipado, tem o valor de uma residência urbana. Nosso agricultor, ainda que médio ou pequeno, possui capital bem superior ao que, modestamente, ostenta. Entende que a terra e seus pertences constituem seu diploma e ocupação.
Mais que uma atividade econômica, a agricultura é, hoje, uma profissão, seja ela exercida na enxada ou na administração. Apesar dos MSTs que tentam estatizá-la, dos burocratas que tentam determinar índices mínimos de produtividades, e dos ambientalóides que estranham a falta de onças no vale do Anhangabaú, em São Paulo, nossa agricultura tem gerado, e muito, empregos, divisas e cidadãos.
Os governos, desde 1.500, pouco edificaram nossa agricultura, com omissões e ações que geraram deformações e desvios os mais diversos. Ora é tratada como carente, ora como perdulária, poucas vezes como cidadã.
Se hoje estamos ao teclado, sem saber se vai chover ou gear, se a estrada permite ou não o trânsito, se a ponte já foi consertada e se existem lagartas comendo a safra, é porque algum brasileiro está cuidando do almoço e janta de amanhã. Convém o respeito e homenagem.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

DIA DO ESCRITOR


Ruth Carvalho Lima de Assunção

Falar de escritor é antes de tudo falar em Paraty, esta cidade à beira-mar, para onde todos os anos converge o pessoal, amante e degustante de literatura, tendo nos livros e nas palavras de seus autores o seu foco de interesses.
A cidade vibra nesses dias de grande concentração e admiração pela palavra dos inúmeros autores vindos de todas as regiões do país e estrangeiros em busca de novos conhecimentos.
Toda a urbe se convulsiona num atropelo de procura pelo encanto da palavra e sobre as pedras das ruas, sofrendo suas desigualdades vai desfilando e encontrando as razões da busca incessante. Mas no final tudo vale a pena nesta cidade que escolheram para fazer palpitar nas estradas do ouro o ouro das palavras.
E, os escritores transfigurados em estrelas vão se situando em patamares onde discorrem sobre livros e escritos de outros consagrados nos meios literários.
Um envolvimento literário vai se generalizando e a sintonia entre o comercial e a palavra se insere nesta festa lítero-gastronômica que converge em um só parâmetro, o antigo e o atual.
A literatura escorre nos telões, desfila nos corredores e casarios e se insere nos bares e botequins, nos cafés literários, trazendo aos logradouros festivais de cinema e teatro.
Estabelece-se entre escritores e leitores um namoro cultural. Oswald de Andrade, o escritor, é o homenageado nesta nona Flip de Paraty.
Antonio Candido, escritor consagrado e José Miguel, professor de literatura discorrem sobre a vida e obra do homenageado com ênfase na semana de 22 e os desdobramentos da antropofagia.
Oswald de Andrade é questionado em seus valores culturais, sua voragem e valentias, seu comprometimento às mudanças, seu radicalismo em voltar-se às alterações européias, enfim seus desgastes e brilho.
Em seus momentos de exaltação escreve em 1935 a frase a seguir que ficou para a sua caminhada, após o furacão de 22, e num momento modernista, quando compôs a poesia ‘’Pau Brasil’’e o ‘’Manifesto Antropológico.
‘’ A massa há de chegar ao biscoito fino que eu fabrico.”
Na aquarela de Paraty, em todos os FLIPS, o verde das montanhas, o azul do mar, o branco das nuvens e o ouro da terra e das letras.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O CÃO E O MÊS DE AGOSTO

Ludovico da Silva

O cão é o melhor amigo do homem, ninguém duvida disso. São inúmeros os acontecimentos que comprovam a dedicação desse animal para com o seu dono ou com quem dele cuida. Tratado com carinho, dedicando-lhe atenção é um verdadeiro amigo de todas as horas. As pessoas que o têm sabem muito bem disso, com a alegria que manifesta a sua chegada em casa, da mesma maneira a tristeza com a sua ausência.
Um ditado muito popular afirma que é melhor mesmo ter um cão amigo que um amigo cão. E aí está tudo expresso a respeito de sua dedicação ao homem. Antigamente, era comum o cão ser atacado por uma doença incurável, que o levaria ao sacrifício.
Desde os tempos de criança eu ouvia falar que agosto era o mês do cachorro louco. E havia uma razão de ser. É que nessa época do ano ocorria o aparecimento da raiva nesse animal –– doença infecciosa, virótica, que acomete o sistema nervoso central e incide em mamíferos, cujo período de incubação vai de 20 a 60 dias. Fácil era perceber essa doença no cachorro, notadamente aqueles abandonados, que viviam soltos na rua, pois o animal aparecia expelindo baba constantemente.
Daí as crianças, que tinham pouca condição de segurança, recolhiam-se correndo para suas casas, enquanto a solução do problema ficava por conta dos adultos. Hoje a vacina anual evita que isso aconteça, pois já são raros os casos dessa doença.
Um caso do cachorro louco marcou minha vida para sempre, pois ainda continua vivo na minha memória e freqüentemente me vem à tona, sobretudo, com a chegada do mês de agosto. Um colega, naquele tempo da escola primária do bairro Paraíso, que pertencia a Piracicaba e hoje incorporado a Charqueada com a denominação de Paraisolândia, foi atacado por um cão acometido de raiva e hoje só restam saudades.
Esqueçamos as coisas tristes do passado. Melhor é lembrar agosto como o mês do folclore. Não poucas vezes, quando um acontecimento é reiteradamente revivido, diz-se que “isso é folclore”, algo inverossímil, que entrou no calendário como ficção. Folclore é muito mais que isso. A vida das pessoas é cercada de curiosidades que podem despertar uma série de sentimentos, como de alegria, felicidade, angústia e até medo.
Quando se ouve uma pessoa dizer que acredita em determinadas ocorrências, acentuadas pela divulgação oral dos povos, como lendas, crenças, costumes, cores, cantigas e outras mais, ela está perpetuando tradições folclóricas, aquilo que vem de muito longe e que passa de geração em geração.
O folclore é a manifestação espontânea de causos, cantigas de roda e de ninar, adivinhações, provérbios ou figuras conhecidas como saci-pererê, mula-sem-cabeça, vampiros e outras expressões populares.
As crendices vão do perigo de passar por baixo de uma escada, um gato preto atravessar a frente de uma pessoa, até benzimentos, mistura de frutas que fazem mal, sonhos com as mais variadas interpretações.
Uma infinidade de outros casos está ligada ao sentimento coletivo do folclore, cujo mês está chegando ao fim. Ah, mas há uma situação folclórica um tanto marota.
Sabem por que os defuntos ficam com os pés de frente para a porta de saída? Não? O folclore explica: é para eles saírem mais depressa da casa ou do velório e deixar a família em paz. Que falta de sentimento!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

PIRACICABA REALIDADE E MAGIA

Ruth Carvalho Lima de Assunção

O passado revive na memória dos que presenciaram os acontecimentos, dos que viveram dores e alegrias e confiaram na abertura de novos horizontes.
Livros, revistas e jornais retrataram as conquistas de séculos passados e trouxeram até nós histórias e lendas que construíram os alicerces da cultura e expansão de nossos dias.
Nos idos do século XVII, nesta terra de ninguém, viviam nas barrancas da caudal volumosa, índios remanescentes de diversos grupos. Ao lado desse restrito agrupamento, a loca de pedra guardava a memória dos habitantes, onde os índios mantinham o cemitério da tradição.
Deixaram-nos como legado muitas denominações, sobressaindo-se Piracicaba, “lugar onde o peixe para”. Densa floresta de árvores seculares e madeira nobre estendia-se desde a orla do rio, cobrindo grande extensão, onde viviam animais silvestres, contando-se, entre eles, os pássaros cantores, enfeitando a natureza.
Foi se formando em uma comunidade decadente de roceiros, mamelucos e escravos, índios e brancos de origens duvidosas. Ao lado, o rio caudaloso fornecia o alimento: pintados, jaús, dourados, e na extensa mata buscavam as carnes vermelhas.
Mulheres e crianças se dedicavam à caça e à pesca, à agropecuária, à cestaria, à cerâmica e ao preparo das farinhas.
E o povoado foi tomando forma, crescendo no tamanho e na vontade dos ribeirinhos que, por suas características desenvolvimentistas e audaciosas, tornaram a cidade em polo de destaque.
Anos vinte, ruas sem calçamento. De tempos em tempos o som do berrante anunciando a chegada da boiada que descendo da Paulista entrava pela Rua do Rosário e em algumas quadras alcançava a Luís de Queiroz, entrava pela ponte a caminho do Matadouro, lá na Vila Rezende
Uma nuvem de pó ia cobrindo as ruas por onde passavam os bois. O encanto desse desfile mexia com os ribeirinhos, que não queriam perder esse espetáculo. Nas janelas, nas sacadas, as cabeças apontavam, não querendo perder essa magia de um circo ao ar livre.