MARIA 2010
Carmen Maria Fernandes Pilotto
Abraçou as pernas na poltrona esmaecida. Circundou os olhos pelo ambiente em tons pastéis. Premia trocar as cores do estar. Urgenciava-se mudar a rotina. Era necessário repensar a vida.
Jogou o tricô já adiantado e as agulhas metálicas na cestinha do banheiro. O som do estalido causou-lhe uma satisfação ímpar.
Parou em frente ao espelho vaidosa, ajeitou o coque de cabelos ralos, abriu a gaveta e tentou encontrar algum batom que realçasse os lábios descarnados e revigorasse sua alma desvalida. Decididamente, retocou com atenção o rosa esmaecido do contorno da boca.
Reavivada, pegou a sacola com desenhos de margaridas, armou-se de seus oitenta anos e saiu para a aula de hidroginástica.
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