Páginas

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Dia de Mudança

DIA DE MUDANÇA
Carmen M.S.F. Pilotto

Limpou o banco da praça com as mãos trôpegas. A sujeira insistia em infiltrar-se pelas frestas. Destacou do caderno quatro novas páginas sem piedade. Folha por folha, como num ritual, deixou-se envolver por longos momentos na minuciosa tarefa de imunizar o assento. Missão cumprida, respirou profundamente e após endireitar o corpo alquebrado, aconchegou-se sobre o espesso maciço de plantas. Observava os passantes com critério. Não emitia a menor expressão facial. Era necessário disfarçar, afinal poderia causar constrangimentos. Os defeitos de seus pares sobressaiam-se assustadoramente. Jamais havia se apercebido de como a humanidade andava estranha, nas faces tencionadas, nos andrajos pestilentos, nas gorduras exacerbadas ou mesmo nas magrezas ansiolíticas. Era um circo de horrores, alguns afoitos, outros desalentados e de almas esmaecidas. Como não notara que seus pares e mesmo ele pertenciam a uma aluvião de perplexidade e desatino?
Todos traziam em suas faces trejeitos vazios de alma e de vida... Uma lágrima furtiva rolou pelo vinco de seu rosto e quando chegou aos seus lábios já encontrou um respaldado sorriso. Sua vida se abria neste exato momento como um mirante à fantasia. Afinal, era o primeiro dia de sua merecida aposentadoria.

Felicidade


FELICIDADE
Ludovico da Silva

O que é Felicidade? É difícil defini-la.
“A Felicidade se sente, está em cada pessoa. É sorrir, estar com amigos, desfrutar a vida com alegria”.
Se um dia você tiver que se separar das pessoas que mais estima, deixe as lágrimas caírem e depois volte a sorrir.
Olhe quanta vida há lá fora. Quantas pessoas simpáticas e alegres para conhecer. A pureza e o amor que existem dentro de você jamais devem ser destruídos. O que importa é acreditar sempre. Na sua capacidade em ver o mundo cheio de alegria. A Felicidade existe dentro de cada um.
A Felicidade é ser jovem e ter nos olhos um sonho, ter nos lábios um sorriso, no coração uma esperança, amar a vida.
Por isso, é preciso sorrir, pois seus lábios têm que revelar a Felicidade do coração.
Nunca se esqueça que na noite escura sempre haverá estrelas. É preciso saber olhar o céu com olhos de alegria, cheios de Felicidade.
É por isso que o brilho dos olhos nunca deve se apagar, porque nele existe muita esperança, fé e amor.
A vida é uma tela, que cada um pinta de acordo com o seu temperamento e com as tintas de sua imaginação. “Isso é felicidade”.
Como são bonitas as palavras de uma jovem.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Emoções

EMOÇÕES
Dilete Martins

Emoções são tantas: velhas cansadas, rasgadas, desprezadas, surpreendentes, ausentes.
Emoções fazem parte de nossa vida, integram nossa história. Algumas chegam de repente transformando nosso tempo, nossos sentimentos.
Outras ficam no caminho sem forças para chegar.
Emoções que chegam fazendo acontecer, derrubando nossa guarda, esnobando nossa força.
Na euforia das emoções somos presas ou caçadores atordoados pela fúria que aniquila ou faz crescer a ilusão.
Emoções guardadas, quando se soltam das amarras, sobem à tona e nos sufocam. É chegado o momento da liberdade ou da prisão.
Emoções nascem imprevisíveis e matam a razão.
Mesmo assim são importantes, pois fabricam as ilusões.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Ano-Novo...Novo-Ano

ANO - NOVO... NOVO - ANO
Elda Nympha Cobra Silveira

No Ano-novo nosso coração borbulha de alegria, como se fosse o champagne dentro da taça, embriagado de esperança por dias melhores e a concretização de sonhos que ainda não se realizaram. Tudo tem seu tempo, e dois mil e seis está aí para isso, este é o nosso anseio. As cascatas de luzes escorregam pelas sacadas dos prédios, o espocar dos fogos e os sinos das igrejas retumbam no céu cheio de estrelas, acordando nossos anjos da guarda para que zelem por nós. Não interessa a crença, seja ela em Iemanjá, a rainha dos mares, na Iara das águas dos rios, seja no Oxossi das matas, ou então em Buda, Alá, Jeová, Jesus, e nos santos da igreja católica.
No norte, no sul, leste e oeste, cada qual em seu país, almeja um feliz Ano-novo. A meia-noite não é simultânea para todos os países e há lugares em que se forma a aurora boreal, com sua aura multicor, ou onde a neve é o cenário, o pano de fundo para os fogos de artifício, num show de alegria para saudar um novo ano. Cada um festeja a seu modo: uns no mar em navios luxuosos ou iates, outros nos rios, em catamarãs e barcos. Muitos em suas casas, ou na casa de amigos, em clubes, hotéis, nas ruas e favelas, com muita companhia, ou sentindo-se muito só. Mas todos trazem a esperança no olhar, todos se juntam, se irmanam, como os dois ponteiros juntos do relógio marcando a meia-noite. E o que é a meia-noite senão a metade do que passou, que se junta com a outra metade que teremos para viver, com esperança de dias melhores que haverão de vir. Todos fazem um apelo coletivo cheio de fé, de energia positiva, gerando uma egregora boa para dias melhores para nossa família, o nosso país e para o universo. Todos unos com o verso, uni-verso. O ontem já foi, o amanhã ainda não chegou.
A hora é agora! Vamos viver num alto astral, dando o melhor de nós, esperando com fé a ajuda de Deus, para que tudo de bom aconteça. Vamos dar o primeiro passo, abracemos um irmão em Cristo, para assim irmos tecendo, fio por fio, ponto por ponto, dia a dia, o manto da felicidade. Ela é toda azul e já está aqui, agora na passagem de um ano para outro, dependendo do nosso pensamento,da nossa acolhida, da nossa disponibilidade para captar o que nos é destinado. Vamos usar os nossos dons, pegar nas mãos de Deus e seguir!
O entusiasmo deverá contagiar, aproximando uns dos outros, conclamando para a construção de dias melhores, para si e toda a humanidade, pois somos, sem dúvida, partícula de um todo.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Amigos Anjos

Amigos Anjos
Analuza Teixeira


Diz a lenda, que os anjos, cansados da calmaria que era o céu, resolveram cortar suas asinhas e descerem na terra... caíram em lugares diferentes e se misturaram aos humanos... quem encontra um anjo, fisicamente não vê diferença...mas basta conviver com ele e aí irá perceber que os anjos são encantados, conseguem ver aquilo que não está visível...e têm a capacidade linda de estar onde o humano, não tem sensibilidade para estar.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Boas Festas

Cartão enviado pela editora do Jornal Linguagem Viva

O canto do galo

O canto do galo
Elda Nympha Cobra Silveira


Era época de Natal, lá pelos anos quarenta, e ao contar essa história consigo sentir até o cheiro daquela pequena sala, dividida por um biombo para poder ser usada como um quarto de dormir do outro lado.Adelaide, a irmã mais velha da prole constituída de três meninas, sentiu vontade de fazer um presépio para enfeitar a sala e agradar suas irmãs menores. Sem experiência nenhuma, pois só tinha quinze anos, viu um presépio na igreja perto de sua casa e procurando imitá-lo, pegou a mesinha da cozinha e trouxe-a para a sala.Assim, foi cobrindo a mesa com pó de serra, fez um pequeno lago usando um caco de espelho, colocou uns patinhos sobre ele e pendurou uma estrela com um fio de linha usada para empinar pipas. Destacou, na frente de tudo, Jesus Menino, José e Maria e os animais do estábulo, todos feitos de barro, numa olaria próxima de sua casa chamada de "O Poteiro".Depois de pronto, as crianças entusiasmadas batiam palmas e pulavam de tão contentes. O presépio era uma novidade naquele lar.A saudosa avó materna das crianças era espanhola, e tinha morado junto com a família. E como toda avó, gostava de contar estórias trazidas de além-mar, dando-lhes vida e sonoridade.Uma das histórias era mais ou menos assim: Uns galos cantavam na madrugada da véspera do Natal, e um avisava o outro:- Jesús nació!- Adonde? -- preguntó otro gallo en la quietud de la noche.- En Belém. -- respondió el primero.- Quien te lo dice? -- volvio a preguntar.- Yo que lo cé?!Assim, os galos eram os arautos da Boa Nova: o nascimento do Menino Jesus. As três crianças, inspiradas pela estória contada pela avó Letícia, sentaram no peitoril da janela do quarto para ouvirem os galos, e entenderem o que um dizia para o outro. Desta maneira, poderiam guardar no coração, como a sua avó, o significado dessa linda madrugada. Observavam o céu à procura da estrela, que indicaria o caminho aos Reis Magos para encontrarem Jesus, antes que o Rei Herodes pudesse matá-lo.Assim, as meninas vestidas com suas camisolinhas sentiram o frio da madrugada e já com sono, fecharam a janela e foram dormir, lamentando não terem visto o Papai Noel, e sonharam mais ainda, com todo o encantamento dessa noite luminosa e cheia de expectativa.Logo de manhã, correram ao quarto dos pais para contarem que na noite anterior, tinham entendido direitinho o aviso dos galos, e que haviam se decepcionado, por não terem visto o Papai Noel. Adelaide, disse então: - Vamos até a sala ver o presépio?A emoção tomou conta daquele ambiente, pois lá estavam: a boneca de celulóide para Alice, uma cadeirinha de balanço para Julia e a bolsa verde de feltro que Adelaide queria, feita por sua mãe e toda bordada de flores.A alegria encheu aquela sala, e pais e filhas radiantes, comemoraram aquele Natal, mas faltava a presença da vovó Letícia, pois já morava no céu com Jesus. Sempre que o galo canta de madrugada, todos se recordam da querida abuela Letícia.

Mensagem Natalina


Mensagem Natalina
Leda Coletti

Mais do que nunca precisamos de NATAIS:
Natal da ESTRELA-GUIA a nos indicar os caminhos na escuridão.
Natal de aconchego para sobreviver à frieza do mundo egoísta.
Natal, sobretudo de AMOR, para de coração aberto aceitarmos os nossos irmãos - diferentes na raça, cultura e religião.
Natal que será FESTA de verdade, se nos deixarmos tornar crianças e nos sentirmos felizes não só em receber, mas, sobretudo em dar presentes, principalmente se estes forem do jardim de nossos dons e talentos pessoais.
Natal pleno de JESUS que rima com LUZ e que nos dá o exemplo e coragem para amar e perdoar.
É esse NATAL que almejo para você e seus familiares.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Prêmios Literários

Aracy, Ivana, Rosaly e Leda

A escritora Aracy Duarte Ferrari ganhou Menção Honrosa no I Prêmio Araucária de Literatura com a poesia "Nada de concreto, só abstrato"

Leda Coletti ficou em primeiro lugar no PROJETO "TROVAS PARA UMA VIDA MELHOR" -2ª ETAPA – 5º CONCURSO – TEMA: No lar - DEVOTAMENTO

Ivana Maria França de Negri classificou-se em 4o lugar no VII Concurso Literário SOPMAC de Poesia da cidade de Sorocaba, com o poema "Quebra-cabeças"

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Carta a Papai Noel


MISSIVA
Ludovico da Silva

Querido Papai Noel.
Você deve ter recebido muitas cartinhas, como esta, mas estou lhe mandando porque meus amiguinhos é que me incentivaram a fazê-lo. Sei que deveria ter feito isto antes. Acontece que não vou à escola e ainda não sei escrever, porque preciso trabalhar para ajudar minha mãe.
Minha casa não tem chaminé. Não tem, também, fogão. Não tem campainha, nem portão à entrada. A porta está permanentemente aberta. Chegando, pode entrar. Encostada na parede, de restos de madeira e papelão, tem uma caixa. Pode sentar-se e descansar um pouco. Afinal, você deve estar exausto, por andar tanto e entregar presentes aos meninos e meninas da cidade.
Se você estiver com a sacola vazia, se não sobrou nenhum brinquedo para mim, não faz mal, espere um pouco que chegarei da rua, pois quero lhe fazer alguns pedidos.
Sei que já é quase madrugada, mas não pude voltar antes. Se não tiver paciência de esperar, paciência, Papai Noel. Pode voltar para sua casa e festejar o Natal com seus familiares. Afinal, você é bom demais.
Ah, como este Natal está alegre. O sol brilhante, o céu azul. Tive um sonho bonito, Papai Noel. Meus amiguinhos me trouxeram um presente.
Até o ano que vem, Papai Noel!

Boas Festas

Cartão enviado pelo JORNAL DE PIRACICABA

Boas Festas

Cartão enviado pela Revista Magia da Cultura




Desejamos a todos um Feliz Natal e um 2010
repleto de paz, saúde, realizações e Muita
Cultura!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Boas Festas

Cartão enviado pela Biblioteca Municipal de Piracicaba
A Biblioteca Pública Municipal "Ricardo Ferraz de Arruda Pinto", agradece V.Sª
pela importante parceria neste ano de 2009...!


... e que em 2010, ainda possamos contar com essa amizade!

Boas Festas

Cartão enviado pelo Centro Cultural Martha Watts - UNIMEP

Aconteceu num Natal

Aconteceu num Natal
Cassio Camilo Almeida de Negri

Era inicio de dezembro. O menino de rua, que vagava pelas ruas do centro da cidade, estava feliz em seus 8 anos. Nesse mês, as noites não seriam tristes e solitárias e sim movimentadas e alegres. As lojas estavam abertas muito enfeitadas, iluminadas, alegrando sua vida vazia.
Perambulava descalço, os pés com as solas grossas e os calcanhares rachados, devido à proteção que a mãe natureza lhe dava, ao tentar formar uma sola natural resistente ao asfalto escaldante, espinhos e cacos de vidro que sempre teimavam em perfurá-la.
Um calção esfarrapado e uma camisa do Corinthians descorada, onde cabiam dois dele, aconchegavam seu corpo magro com cascão no peito e pescoço onde, ao esfregar os dedos, rolavam “bananinhas” de sujeira.
Todas as noites, uma felicidade preenchia seu ser, ao se misturar com a multidão que andava pra lá e pra cá num entra e sai das lojas e que ele adotara como seus pais, mães, tios, e até mesmo irmãos.
Sempre era encontrado na porta da loja, sentado na calçada, rindo sozinho assistindo televisão, qualquer que fosse o programa.
As lojas, todas enfeitadas com papais noéis, árvores de natal, sinos, renas e luzes, muitas luzes multicores piscavam intermitentes.
Ficava um pouco triste quando o relógio marcava 22 horas e as lojas cerravam suas portas, as luzes se apagavam e ele voltava à solidão quando o último transeunte deixava a rua.
Deitava no papelão debaixo da marquise, tirava os dois braços das mangas e enfiava-os para dentro da camisa do Corinthians, bem junto ao corpo, pois este dezembro à noite estava um pouco frio para quem ficava na rua. Nada porém insuportável.
Naquele dia, um tristeza imensa tomou conta do pequeno. As pessoas passavam apressadas e mais alegres do que nunca. Notou que as lojas começaram a fechar mais cedo e ainda com o sol brilhando. Às 18 horas já não havia nenhuma aberta e ninguém perambulando pela rua. Lágrimas correram dos seus olhos triste. Era o dia 24 de dezembro. Só lhe restava se recolher. Notou na sarjeta, onde ficava o carrinho de cachorro quente, um pão abraçando a salsicha com muita maionese. Como estava quase inteiro e só tinha uma mordida, apanhou e o devorou rapidamente, pois estava com muita fome. Foi para seu papelão, tirou os bracinhos das mangas da camisa do corinthians, aconchegou-os junto ao corpo e dormiu sentado abraçando as pernas.
Começou a sonhar que caía num abismo totalmente escuro, sem nenhuma luz. A queda, parecia não ter fim, e de repente, percebeu que tudo ia se iluminando. Luzes etéreas brilhavam intensamente sem ofuscar, cintilando por toda a parte conseguia ver cores vibrantes além do espectro luminoso, além do ultra-violeta e aquém do vermelho.
Via anjos brilhantes que acenavam à sua passagem em queda. Não viu nenhum papai Noel, nem árvores de natal, nem renas. Sua velocidade de queda foi diminuindo e pairou no ar. Foi suavemente depositado em uma manjedoura dourada, forrada de palhas macias. À sua frente, três reis inclinaram a cabeça quando tocou a palha. Olhou para trás e viu um homem e uma linda mulher, que deduziu, serem seu pai e sua mãe. À sua frente, um bolo multi-iluminado por mais de duas mil velinhas era oferecido a ele por um anjo tão refulgente de luz, que até teve que desviar os olhos.
Estendeu os braços, cortou a primeira fatia, que ofereceu à sua mãe. No dia 25, a cidade acordou tarde, e as margaridas, ao iniciarem a limpeza das ruas centrais, encontraram o menino encolhido, enfiado na camisa do Corinthians, morto, intoxicado pela maionese estragada, mas sorrindo...

domingo, 20 de dezembro de 2009

Conto de Natal

Os Animais de Jesus
Ivana Maria França de Negri

Para verificar se tinha valido a pena padecer na cruz e morrer pela humanidade, resolveu Jesus que desceria à Terra numa noite de Natal, mais de dois mil anos depois, a fim de constatar como andavam as coisas por lá.
Desceu em forma de menino de rua e perambulou pelas ruas centrais de uma grande e movimentada cidade.
Como o progresso tinha atingido proporções gigantescas! Quantas invenções e quanta fartura! Decerto todos habitantes da Terra deviam ser perfeitamente felizes, pensou Ele otimista.
Só, que não era bem assim. Caminhando pela metrópole, foi encontrando por toda parte, meninos como Ele, de pés descalços, famintos, com sede e muito frio, sem que nenhum transeunte, mesmo sendo a época festiva de Natal, parasse ao menos para dirigir-lhes uma palavra apenas que fosse, de conforto ou lhes desse alguma atenção. Passavam por eles sem vê-los, como se fossem feitos de matéria invisível, cada qual preocupado com seus afazeres banais, mas que consideravam muito importantes.
A noite caiu rapidamente e Ele sentia fome e frio. Pediu abrigo e Lhe foi negado. Pediu comida e as portas se fecharam. Resolveu dormir ali mesmo, sob um viaduto movimentado, onde pelo menos estaria abrigado da chuva.
Um cachorrinho branco aproximou-se de mansinho, abanou a cauda e aninhou-se ao seu lado. Talvez procurasse também um abrigo ou um pouco de calor e aconchego, ou mesmo um gesto de carinho. O Menino Jesus acariciou-lhe o pêlo macio e surgiu uma bela amizade. O animalzinho não se importava com sua condição de menino de rua e abanava o rabinho de contentamento e lambia-lhe as mãos demonstrando afeto.
Lembrou-se Jesus, que há dois mil anos, quando as portas de uma outra cidade também se fecharam a seus pais Maria e José, e, quando Ele, o Filho de Deus feito homem nascera humildemente numa gruta para salvar a Humanidade de seus pecados, foram outros animais que O acolheram e O aqueceram: um boi, um burrinho, muitos carneirinhos e também os passarinhos que vieram cantar para Ele. Sim, a humanidade não tinha mudado em nada... Outros Cristos eram crucificados todos os dias, de diferentes maneiras. Os Homens nada tinham aprendido. E pensou consigo: -Se Noé tivesse que voltar e encher a arca de novo, decerto levaria um casal de cada espécie animal, mas um casal de humanos desumanos, jamais!
Quanta coisa os Homens teriam ainda que aprender! Coisas tão corriqueiras como a solidariedade, a compaixão, o respeito, o amor, enfim, valores simples, que a selva de pedra em que se transformaram as grandes cidades, soterrou definitivamente...

Natal vai, ano novo vem - Lino Vitti

Natal vai, Novo ano vem
Lino Vitti


“Tudo muda, tudo passa – neste mundo de ilusão – vai para o céu a fumaça – fica na terra o carvão”. Não sou eu quem o diz. Diz-no-lo o “príncipe dos poetas paulistas prezadíssimo e saudosíssimo Guilherme de Almeida. Tudo muda, sim, e tudo passa, e jamais retorna. Na voragem dos tempos não há volta pois a vida é um caminhar para frente, sempre e para todos. O que fica como fumaça, segundo diz e escreveu o poeta, é a saudade, sentimento profundo que se aboleta na alma e na memória de cada um, para, de quando em quando, ressurgir e invadir o presente, por pouco tempo, talvez minutos, alagando, em geral, de lágrimas os olhos que se aprofundam em ver o que ontem aconteceu conosco de bom ou de mau, de feliz ou de tristeza, de encantado ou de terrível.
A saudade é bom? Ou é um mal necessário? Não sei, e quem o pode dizer são aqueles que compõem versos e estrofes, rimam amores e dores, legam –nos poemas sublimes, sonetos generosos, quadrinhas valiosas, tudo envolto nessa penumbra do passado a que chamamos Saudade. Voltar, fisicamente ninguém volta, mas dentro da arte da prosa e poesia podemos atingir pináculos saudosos, reviver dias e momentos que nos alegraram ou entristeceram e como num vídeo-tape desfilam na tela cinematográfica da nossa memória,
Duas expressões de vida universal que costumam vir povoar a nossa saudade são Natal e Ano Novo. Duas datas sublimadas, constantes, anuais, com que a humanidade se compraz em encerrar um ano e passar para o seguinte, numa sucessão a um tempo feliz e preocupante: feliz porque, em sua imensa maioria, os corações se alegram, celebram, cantam, riem, se abraçam, se cumprimentam, festejam, banqueteiam-se, osculam-se, rezam, enquanto outros, embora em número menor, choram, voltam na saudade, refletem, fazem contas, arquitetam viagens e sonham riquezas vindouras. Contraste do ser homem, esse perpétuo insatisfeito, esse bandeirante da vida em busca de uma felicidade que lhe foge e se lhe esconde, fugaz como o lume de um pirilampo ou o luzir de um relâmpago nas trevas.
Natal foi ontem. Tudo quanto dele poderia nos vir foi enterrado no tempo. Logo mais virá Ano Novo, trazendo malas de bagagens felizes ou não, definitivas ou passageiras, encantadoras ou tristonhas, sabe-se lá o que o amanhã nos esconde e no momento oportuno nos mostra, queiramos ou não queiramos, pois nosso destino é desconhecer o amanhã, entregue aos desígnios de Deus, nosso destino é cultivar esperanças. Nosso destino é caminhar sempre rumo a um futuro incerto e malandro muitas vezes.
Agora, algo de despropósito. No final da Serra de São Pedro, lá em direção a Charqueada, vê-se um monte agudo, chamado Gorita. Quando seminarista cheguei a escalar o fenômeno geológico e de lá, do pico, contemplar a paisagem indefinida em todas as direções. E pensava: isto é o momento que passa , mas vê em todos os pontos cardeais, esmaecido, tudo quando existe lá em baixo. Pode ser comparado ao futuro, espraiado, mas misterioso. Está aí o amanhã com todas as suas nuançes, indecifráveis. Está aí a imagem da vida que se vê, mas não se distingue, que virá mas não se sabe quando. No meio de tudo, se encontram os Natais e Anos Novos vindouros, imprevisíveis, embora para muito felizes e generosos e para outros tristonhos e indefinidos.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Uma História de Natal

UMA HISTÓRIA DE NATAL
Geraldo Barboza de Carvalho


Natal é o aniversário e a memória viva do nascimento do Menino Jesus. As alegrias do período natalino são motivadas pela presença de uma Criança especial entre nós - Deus Menino. Ele é o Presente mais lindo que o Pai do céu nos deu. Sem o Deus Menino não haveria Natal. Mas aí um dia as pessoas grandes abusaram do Menino, do presente vivo vindo do céu e substituíram o Menino Deus por um imaginário ancião vindo das neves da Lapônia, porque lhes disseram que "o bom velhinho" daria presentes a todos no Natal. Só que para receber os presentes de papai noel é preciso ter bastante dinheiro para pagar às pessoas grandes que in-ventaram papai noel para venderem suas mercadorias, pouco importando que o Menino Jesus ficasse esquecido. Ele nunca reclamou mesmo!! Acontece que os pobres, que são a maioria em todos os países, ficam de fora da fantasia do papai noel. Esconderam-lhes o Menino Jesus, dizendo que a figura mais importante do Natal é o papai noel, e não deram às crianças pobres os presentes que papai noel prometeu lhes dar. Resultado: As crianças pobres ficaram só na saudade do papai noel e com a tristeza de não terem o Deus Menino perto delas. A alegria que papai noel prometeu era mentira: os pais ficaram endividados pela compra dos presentes que deram em nome de papai noel, que desaparece depois do Natal para voltar a dar seu golpe no ano seguinte, e as crianças pobres ficaram tristes porque não ganharam presentes, não puderam comemorar o aniversário do Menino Jesus, ce-lebrar a memória do nascimento dele. Os pobres da terra sabem que o Menino Jesus não vai embora depois do Natal, mas continua com eles durante todo o ano, porque Ele é Deus-Conosco “todos os dias até o fim do mundo”. Mas só os pobres, as pessoas de fé podem ver Jesus presente no mundo; as pessoas grandes só enxergam papai noel. Realmente as pessoas grandes não sabem o que dizem, nem o que querem, nem o que fazem !
Natal é muito mais real quando a Pessoa de destaque é o Aniversariante do Dia, o Menino Jesus, não o intrometido papai noel, que não entende nada do espírito natalino. É uma ofensa ao Menino Jesus dar a Festa dele ao papai noel! Mas é assim que as pessoas grandes fizeram com o Natal de Jesus: tiraram-no dele e o de-ram ao intruso papai noel, o ladrão da Festa do Menino, o indesejável penetra do aniversário de Menino Deus. Mas Jesus não liga muito prá isto: as pessoas grandes não sabem mesmo o que fazem! Só os pobres sabem que o Menino Deus é o melhor Presente do Papai do céu para eles.
Parabéns para o Menino Jesus! Que a Paz que nos trouxe seja real em nossas vidas, e que Ele continue conosco, sorrindo para nós, nos abençoando.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Feliz Natal e Boas Festas


*
Quisera,
Senhor, neste
Natal, ornar uma
árvore dentro do meu
coração, e nela pendurar
em vez de presentes, os nomes
de amigos. Os de longe e os de perto.
Os antigos e os mais recentes. Os que vejo
cada dia e os que raramente encontro. Os das
horas difíceis e os das horas alegres. Meus amigos
humildes e meus amigos
importantes. Os que sem querer
magoei, ou sem querer me magoaram.
Os que pouco me devem e aqueles a quem
devo muito. Os nomes de todos os que já passaram
pela minha vida. Que seja uma árvore de raízes muito
profundas para que seus nomes nunca sejam arrancados do
meu coração. De ramos muitos extensos para que novos nomes,
vindos de todas as partes, venham juntar-se aos existentes. De
sombras muito agradáveis
para que a nossa Amizade
seja um momento de repouso
nas lutas da Vida.
Feliz Natal
Boas Festas

(autoria desconhecida)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A Estrelinha de Natal

A ESTRELINHA DE NATAL
Ivana Maria França de Negri

Nascera do amor platônico entre o Rei Sol e a Deusa Lua. Eles nunca teriam um encontro celestial porque essa era sua sina, mas o Sol enviou um raio de fogo tão ardente e apaixonado, que engravidou a Lua deixando-a plena de luz e gerando a pequena estrela.
Ela ainda não tinha muito brilho e ansiava vir a ser designada para uma missão importante e assim poder, como as outras, atingir estágios mais brilhantes. Havia milhões delas no céu, com diversas nuances e graduações de luminescência. Todas piscando e reluzindo, tornando grandioso o espetáculo celeste .
O brilho é definido de acordo com o trabalho realizado. Algumas estrelas inspiram poesias e, a cada poema em sua homenagem, ganham brilho extra. Outras, são tema de músicas, de telas de pintores, de escultores, e muitas ouvem as preces das mães invocando que velem por seus filhos quando saem sozinhos à noite. E assim, cada uma tem missões diferentes e vai ganhando mais e mais brilho e até cores diferenciadas em seus raios.
Naquela noite, fora designada pelo Criador para iluminar o caminho de três reis que procuravam um menino muito especial que nasceria de madrugada.
Ficou tão feliz e lisonjeada que se estufou ao máximo, conseguindo emitir raios de luz suaves, furta-cores, o que a fez sobressair-se das demais. Os reis ficaram encantados com sua luminosidade e se sentiram atraídos pela argêntea luz.
A Lua sorria naquela noite única, e o Sol, quando surgiu pela manhã, sabia que a sua estrelinha seria lembrada eternamente pelo importante serviço prestado, ficando orgulhoso dela que ganhou até um rastro luminoso em sua travessia pelo céu.
E todo ano, nesta época mágica de Natal, ela reaparece esplendorosa para lembrar os Homens daquele Menino que veio ao mundo para salvar a humanidade. Se vocês acreditam e têm fé, olhem para o céu e a encontrarão no auge do seu brilho. Seu fascínio é inconfundível e vocês a reconhecerão imediatamente...

domingo, 13 de dezembro de 2009

O Natal de todos nós

O NATAL DE TODOS NÓS
Ruth Assunção

O 1º Natal. Ano I da Era Cristã.
Numa região do Oriente, em rústica manjedoura, vinha à luz o Menino-Deus, aquele que traria sobre os ombros a sagrada missão de encaminhar os homens na senda da verdade e do bem.
Era o mensageiro da Paz, o Cordeiro Divino que inundaria a Terra de bênçãos e dádivas emanadas pelo Pai.
O mais humilde dos humildes, que se imolaria, dando seu sangue para a redenção dos pecadores.
Há dois mil anos a História Sagrada relata a vinda do Senhor, iniciando pela Estrela de Belém, que guiou os reis magos, grandes sábios da época, Gaspar, Melquior e Baltazar ao encontro de Jesus.
No berço improvisado, inundado de luz, a face do menino resplandecia.
Era o Natal de Jesus, um presépio onde os animais lhe rendiam graças e o confortavam com seu calor.
A seus pés presentes: ouro, incenso e mirra, nos lábios, orações levadas aos céus pelos seus anjos, e nos corações , desejos de felicidade plena e eterna.
Data comemorada na história de todos os povos. Suspense, expectativas à sua proximidade.Uma espera ansiosa de todos, indiscriminada, uma volúpia no envolvimento dessa festa da família, reunindo todos em confraternização. E o Natal se repete em luzes, cores, música, presentes, abraços, comes e bebes, hoje, numa manifestação pagã.
A árvore de Natal, ostentando suas bolas coloridas, seus códigos, muita, muita luz iluminando a sala, muitas vezes, dando o toque de riqueza e poder
O velho São Nicolau, fantasiado de Papai Noel, com o saco às costas, distribuindo presentes.
Aos ricos presentes ricos, aos pobres, presentes pobres. Mas as mentes infantis, ingênuas, não discriminam, e seus desejos se equivalem, querem presentes valiosos e nem todos os pais podem oferecer. Pobres pais que sonham agradar os seus filhos, que esperam compartilhar da mesma celebração.
Nessa tumultuada manifestação, onde as mentes só ensejam e esperam um Feliz Natal, o verdadeiro sentido da celebração natalina é descartado. Apela-se essencialmente ao produto sensorial em que o consumo desenfreado é direcionado pela mídia, na cruel ganância que mede a virtude em contas bancárias.
Num olhar fiel à Luz do Mundo o homem deferia voltar seus pensamentos para a paz, o amor, a união e a fraternidade. Só uma reflexão profunda e sincera poderá encaminhar a mentalidade dos seres humanos desesperançados e carentes.
Seria uma renovação, um comprometimento com as necessidades mais íntimas do ser.
Uma nova visão às novas gerações, encaminhadas para o crescimento espiritual, desabrocharia para a essência da vida, o amor e a plena felicidade.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Lançamento do livro de Daniel Valim


Noite de autógrafos - 10 de dezembro 2009 - Teatro Municipal dr. Losso NettoAna Marly apresentando o sarau de poesias
Momentos de emoção

Autógrafo para Moacir Nazareno Monteiro

Autógrafo para Nelson Bertolini supervisionado pela filha Maisa

Carmen, Maria Lúcia, Leda Coletti e professor Cornélio

Ana Clara e Maisa
Ruth, Carmen, Idamis, Lurdinha e Analuza

A prefaciadora do livro Leda Coletti e Dairo Bicudo Piai

Ana Marly, Maria Emília, Ruth e Ivana Negri prestigiando o lançamento

Maria Emília, Ana Marly, Ruth e Analuza

Natal Caipira

Natal Caipira
Ana Marly de Oliveira Jacobino

O cheiro dos ramos do cipreste explora as mãos e as narinas. Vovô Adão leva os netos para um dos parques da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz para colher os ramos dos ciprestes. E na nossa meninice a alegria contagia. O Natal corre pelos ares, tais quais as renas do Noel! A mesa está armada no canto da sala. Faltam os últimos retoques. Os caminhos de areia assombreados pelos galhos dos ciprestes levam a algum lugar ou a lugar nenhum. O lago feito de espelho camuflado pelos montes de areia e grama feita de serragem colorida. As pedras feitas de papel. O monjolo de peroba movido a água encanada fica no canto da mesa socando o milho. Pam!Pam! Rec! Pam! Pam!Rec!
Na caixa dos guardados vamos desembrulhando peça por peça! Boi, burro, carneiros, camelos, galo, galinhas, pato, patas, sapos, rãs. Pam!Pam! Rec! Pam! Pam!Rec! Vamos pegando com muito cuidado: anjo, pastores, reis Magos, José, Maria. Cada um, já tem o seu lugar determinado. O burro, a vaca no interior da gruta, logo atrás da manjedoura para que possam esquentar com a respiração a criança. José e Maria ajoelhados em frente ao menino. Pam!Pam! Rec! Pam! Pam!Rec!
Uma grande estrela rompe os céus segura por linha de nylon. Vovô nos deixa livres para espalhar as personagens de cerâmica pelos caminhos, morros, lago. Tudo vai ganhando forma, movimento e beleza. Enquanto isso, vovô alegra os nossos ouvidos com a sua voz de barítono. Os cantos natalinos podem ser ouvidos por todos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

NATAL DA MINHA INFÂNCIA

NATAL DA MINHA INFÂNCIA
Elda Nympha Cobra Silveira

Lembro-me de uma sala improvisada dividida por um biombo, onde um pequeno presépio feito com toda singeleza pela minha irmã mais velha, mas para mim e minhas amigas era uma beleza!
Patinhos nadando num pedaço de espelho rodeado de areia e serragem colorida de verde, para parecer grama, naturalmente.Uma manjedoura com Jesus Menino, ao lado seus pais, José e Maria e os animais da estrebaria e uma estrela de papel brilhante pendurada por uma linha de carretel usada para fazer pipas, encimada na frente da gruta.
Jesus pareceu-me tão sozinho, mesmo com seus pais ao lado, tão pequeno e disseram para mim que Ele veio para salvar o mundo.
Mas como poderia ser, se ele era tão pequenino? Então pensei : Se Ele pode, talvez eu e todos os outros poderiam também !
- Mas como? Disseram-me que Ele morreu por nós ! Ah! Eu não teria essa coragem não!
-Mas não haveria outra maneira de agradá-lo? Perguntei a minha mãe.
Ela disse-me que quando eu fosse fazer o catecismo iria aprender.
-Mas diga-me agora mamãe, não quero esperar tanto assim!
-Está bem! Siga os dez mandamentos que você vai aprender com a catequista, mas por enquanto lembre-se deste: “Amar aos outros como a ti mesmo!”
Naquele momento compreendi o que Jesus Menino queria de mim!
Ganhara vários brinquedos e um deles com certeza não iria me fazer falta
e que alegria teria ao dá-lo para uma amiguinha que não iria receber nada naquele Natal. Esse foi o Natal mais perfeito e construtivo da minha vida e até achei que o Menino Jesus sorriu para mim...
Ele não estava mais sozinho naquela pobre manjedoura, eu estava com Ele!

Sonho de Natal


SONHO DE NATAL
Cassio Camilo Almeida de Negri

O homem, desde criança, estivera intrigado com o fato de no Natal, quase todos ganharem presentes, menos o aniversariante.
Nunca encontrara uma explicação, mesmo porque, a maioria passava pelos natais e nem sequer lembrava do aniversariante, quanto mais da razão de se doar presentes.
Em todos os lugares, se viam papais noéis vermelhos, azuis, e até verdes, árvores de natal, estrelas, cordões luminosos e luzes, luzes de todas as cores, iluminando a escuridão das noites.
Mas, naquele homem, ao chegar próximo ao fim do ano, uma paradoxal alegria triste enchia seu coração.
Aquela felicidade infeliz tomava conta do seu eu e sentia-se como se tivesse esquecido algo, mas não lembrava o que.
Os anos se passavam, às vezes rápidos, às vezes lentos, e a ansiedade desse algo esquecido aumentava.
Aturando essa sensação de não sei porque, já por meio século, foi dormir na véspera de Natal.
Penetrando no mundo dos sonhos, sentiu-se caindo vertiginosamente, passando rapidamente por vitrinas coloridas, papais noéis, árvores de natal, luzes e sentiu um frio na barriga nessa queda interminável.
Fecha os olhos para não se ver esborrachar no chão, quando então é amparado em meio a palha de uma manjedoura que amortece a queda.
Se vê ali deitado, como o próprio Cristo ao nascer. Ao seu lado, milhares, milhões, bilhões de manjedouras, bilhões de cristos.Sentiu-se o próprio Cristo, descobrira seu mundo interno, seu eu real divino.
Descobriu que não tinha alma e era a própria alma.
Sentiu-se uno com Deus e uno com toda a humanidade
E o que unia a todos e ao Todo era o amor, traduzido no ato de doar.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Lançamento do livro de Rosaly de Almeida Leme

Rosaly autografando seu livro ao lado da irmã Helena Curiacos Nallin

Ao fundo o professor Cocenza e a historiadora Marly Germano Perecim
Delegado Zago, Moacir Nazareno Monteiro, prof. Luiz Carlos de Carvalho Feres, professor Cornélio e Ivana Negri

Alexandre Neder, Luis Carlos Longatto, Felisbino de Almeida Leme e Maria Helena Corazza
Myria Machado Botelho e Marly Perecim

Carla Ceres e Leroy Capeletti

Rosaly, Lurdinha, Carmen e Ivana

Carmen Pilotto, Leda Coletti, um amigo e João Baptista Athayde

Mundo dos Sonhos

MUNDO DOS SONHOS
Leda Coletti

Nesse mundo tumultuado, tudo pode acontecer. Pedras no caminho são desafios constantes; muitas vezes tornam-se intransponíveis e nos fazem sofrer e chegar até ao delírio. Pessoas se perdem nos rios dessa vida e no desconhecido se lançam aos rochedos dos mares bravios.
Esses desencontros contudo, ainda podem ter um final feliz, se soubermos sair de nós mesmos e utilizar nossos sonhos como instrumentos de reconstrução de bem viver.
Buscar lá na infância, forças para um reabastecer-se. Voltar a ser criança, subir em árvores, fazer comida de mentirinha na casa de nossa imaginação, soltar bolhas de sabão...Quem não teve uma árvore preferida para fazer seu balanço de corda? E um cabo de vassoura que virava um cavalo de pau? Quem não apreciou sua imagem refletida nas águas do lago, mesmo parecendo um espelho embaçado pelas ondulações?
Viagens pelo tempo, desfrutando as belezas da natureza e transformar a mesmice da rotina, podem proporcionar encontros prazerosos e inesquecíveis.
As pessoas podem ser roubadas materialmente nesse mundo louco e agressivo em que vivemos, mas conseguirão sobreviver se não deixarem que o cantinho dos mais puros sonhos seja atingido.

Fecundação nos céus

Fecundação nos Céus
Ana Marly de Oliveira Jacobino

As pipas soltas ao sabor do vento são semelhantes aos espermatozóides. Fecundam os céus! Aquele menino empinando a sua pipa estrela, nem sabe, mas está dando a luz a milhares de cometas e estrelas. Pégaso voou da Grécia para pousar no céu, através das mãos do menino. Um enxame de milhares de estrelas marcham na música celeste. O que seria delas se tivessem sido abortadas? O que seria do menino se tivesse sido abortado? Jogado na privada ou em um saco de lixo? Não cresceria! Suas mãos não aprenderiam a cortar o papel de seda e colar as varetas na sua estrela de seis pontas. A sua estrela não alçaria vôo. O que seria da beleza dos céus, se a assassina de anjinhos o tivesse arrancado do útero da sua mãe? As estrelas não nos presenteariam com sua sinfonia galáctica. O menino não empinaria a sua pipa nesse útero fecundo da abóboda celeste. O berçário de estrelas estaria jogado em uma lata de lixo ou no ralo do universo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O CASAMENTO

O CASAMENTO
Dorayrtes S.S. Vitti

José e Maria, vamos chamá-los assim, conheceram-se numa festa. Ela de vestido rosa, com flores suaves. O rosto, belíssimo, com sorrisos envolventes, uma deusa.
O rapaz, bem vestido não lhe tirava os olhos embevecidos com tanta beleza. Aquele encantamento Foi o começo do namoro que durou um ano. Época maravilhosa aquela! De mãos dadas seguiam com a cabeça cheia de projetos e sonhos.
Afinal chegou o dia mais importante para aquele casal que iria diante do altar, jurar a Deus e aos homens seu eterno amor.
O Amor é dom de Deus que demonstrou aos homens o seu imenso amor dando-se em sacrifício por eles. Maria e José, diante do altar, prometeram amor eterno, assim, foi durante a vida inteira.
A noiva foi a mais bela da temporada em seu vestido branco, esvoaçante, e diáfano fazia lembrar um anjo com a coroa brilhante sobre seus longos cabelos.
Ele, em seu terno branco, empertigado e sério, era um príncipe dos contos de fadas.
Os convidados cochichavam elogiando a beleza do par dizendo : aí está um casal destinado a viver junto para sempre.
Festas, doces, bolos, bebidas, flores, luzes, tudo a que tiveram direito na lua-de-mel na praia.
Vejamos o que acontece dois anos depois.
Nasceu o primeiro bebê para alegria dos pais, dos avôs e tios (as) encantados com aquele ser tão pequeno e frágil. Ele se tornaria o herdeiro da família.
Maria envolveu com o maior desvelo para com o bebê – o seu segundo amor – já que José era o primeiro.
Nasceu, logo depois, o segundo filho e desta vez uma menina, rechonchuda, com as faces coradas, cabelinhos louros como os da mãe.
O serviço da casa, com dois filhos, tornou-se pesado para Maria que corria o dia todo com fraldas, mamadeiras e papinhas. Mesmo assim, não se descuidava das roupas do José que trabalhava no escritório e precisava estar sempre impecável.
Aí começou ao drama do casal. Maria ficou desleixada, consigo mesma. Nem se lembrava qual foi a última vista ao cabeleireiro ou à costureira. Não achava um tempo para tomar banho e lavar os cabelos com xampus. Seu banho de demorado passou a um banho rápido com um pedaço de sabonete.
No escritório, José trabalhava com secretárias elegantes, em seus saltos altos e sempre alegres e perfumadas...
Preciso dizer o que aconteceu? Deduzam vocês mesmos.
Certo dia José chegou tarde em casa e pensou:
- Onde está aquela deusa maravilhosa, alegre e sorridente, com quem me casei?
No primeiro ano de casados ela o esperava com um grande sorriso e com um jantarzinho à luz das velas Agora, ao vê-lo chegar dizia simplesmente: o jantar está no forno.
Atentam bem, meninas casadoiras: os filhos são bênçãos de Deus, são anjinhos precisando dos pais. Devem ser bem cuidados. A casa precisa estar limpa e em ordem. Pensem bem: a mulher inteligente acha sempre um tempinho para ela.
Maria foi limpar o espelho da sala e o que viu a assustou: eu não sou essa aí. Este susto valeu-lhe uma lição. Desse dia em diante acabou o tempo para ela. Voltou a ser aquela deusa de outrora. Ganhou experiência e bom senso.
José chegou à tarde e espantou-se ao ver a mesa posta com 4 pratos , para eles e as crianças, um vasinho no centro com um botão de rosas, sorriu e lágrimas rolaram de seus olhos.
Lembrem-se porém; o casamento não será para sempre, se não houver amor, amizade, perdão, fidelidade e participação dos dois: marido e esposa.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A cidade da Imperatriz

A cidade da Imperatriz
Antonio Henrique Cocenza


Por que Cristina? Perguntam-me os meus escassos e fugazes leitores, quando lêem meus textos na imprensa. Agora vou explicar. Em 1774, o Pe. José Dutra da Luz, quando em viagem pelo chamado "Sertão da Pedra Branca", encantou-se com a paisagem que se apresentava ante seus olhos. Incontinenti, fez construir uma capelinha (não era padre?) e, no dia 13 de maio, celebrou ali a primeira missa.A igrejinha não fica propriamente no lugar onde atualmente fica a cidade de Cristina, mas num bairro distante, cerca de dez quilômetros, chamado Glória, que existe até hoje. Trata-se de uma região bastante montanhosa, fato que impedia o desenvolvimento de uma povoação. Um pouco mais para baixo, com um relevo mais favorável, surgiu um povoado que se chamou "Espírito Santos dos Cumquibus", palavra latina que significa ouro, riqueza. Torna-se, assim, evidente, que o Padre português ali viera à cata do cobiçadíssimo metal... O dia 13 de maio ficou, então, sendo considerado como o da fundação da cidade. Portanto, Cristina já é bi-centenária, com mais trinta e cinco aninhos de lambujem... O pequeno povoado desenvolveu-se rapidamente e ali nasceram figuras que se destacaram na política brasileira, ao tempo do Império, como o Dr. Joaquim Delfino Ribeiro da Luz, advogado formado em 1824, pela "Faculdade de Direito de São Paulo", um dos líderes do Partido Conservador. Ocupou as pastas da Fazenda, da Justiça e, curiosamente, a Pasta da Guerra e da Marinha... Mais tarde, foi Presidente do Estado de Minas Gerais, então Província. Como Conselheiro do Império e amigo pessoal do Imperador D. Pedro II, fez com que ele mudasse o nome de Espírito Santo dos Cumquibus para "Vila Cristina", em homenagem à Imperatriz Tereza Cristina. Em 20 de janeiro de 1852, foi assinado o ato, recebido com grandes festas pela população. Mas o melhor ainda estava por vir. A convite do Conselheiro, em 1º de dezembro de 1868, a Princesa Izabel, filha do Imperador, acompanhada por seu marido, o Conde D'Eu, foi visitar Cristina para agradecer ao povo pela homenagem prestada à sua genitora.Coincidentemente, naquela data nascia na cidade Delfim Moreira da Costa Ribeiro, que viria a ser Presidente da República, cargo que ocupou de 15 de novembro de 1918 até 28 de julho de 1919. A chegada da Princesa Isabel a Cristina foi registrada em ata e a memória dessa visita está perpetuada em madeira, esculpida pelo artista cristinense, João Honorato (residente no Rio de Janeiro), num painel de mais de dois metros quadrados, quadro este que se encontra no prédio da Prefeitura Municipal. Maravilhoso!!!Pois é, vem daí o nome da mui amada e fidelíssima cidade de Cristina, que, pequenina, pequenina, desperta tanto amor e carinho não só daqueles que tiverama ventura de ter nascido lá, mas também de tantos quantos tenham a felicidade de conhecê-la. Daquele pequenino rincão saíram homens (além dos já citados) como Dom Marcos Barbosa - OFM, que pertenceu à Academia Brasileira de Letras, é o tradutor do "Pequeno Príncipe", de Exupèry, o Dr. José Francisco Rezeck, o mais jovem Ministro da história do Supremo Tribunal Federal, que também foi Presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Viram? Tamanho nunca foi (nem será) documento... E aqui fica uma promessa: quando eu substituir algum Presidente da República, prometo mandar um tremendo avião (dos que voam, claro!) para levar todos vocês a conhecerem Cristina, a cidade que me adotou com poucos meses de vida... Só que, primeiro, preciso construir um aeroporto...

domingo, 6 de dezembro de 2009

Convite - Noite de autógrafos - Daniel Valim


Convite para o lançamento do livro "Declamando para as Estrelas" de Daniel Valim